Qual, poderíamos perguntar, seria uma porção razoável de tempo para dedicar diàriamente ao estudo da Ciência Cristã? Respondemos: “Tanto tempo quanto seja necessário para manter nossa demonstração de consciência espiritual.” Mrs. Eddy declara ( Miscellaneous Writings — Escritos Diversos, p. 230): “O êxito na vida depende do esfôrço persistente, do aproveitamento melhor de momentos, mais do que de qualquer outra coisa.” E acrescenta: “Se desejamos ter êxito no futuro, devemos aproveitar ao máximo o presente.”
O despertar espiritual é uma experiência individual e é o objetivo supremamente importante de nossas vidas. Através da dedicação ao estudo e à prática da Ciência Cristã, emergimos gradativamente do sonho sensório de vida na matéria, para a liberdade radiante da compreensão espiritual. Isso requer tempo e esfôrço devotado de cada estudante dessa Ciência.
Os ensinamentos de Cristo Jesus eram todos dirigidos ao indivíduo. Ensinou que cada um deve pedir, se deseja receber. Procurar, se quer encontrar, e bater, se a porta deve ser aberta. Jesus mostrou que o reino de Deus, ou a consciência espiritual, está dentro em nós e será encontrado sòmente através do esfôrço individual persistente. Podemos receber ajuda de outrem, tal como na escola um aluno de matemática é ajudado por seu professor; mas conseguir compreensão, quer seja de matemática, quer seja de verdades espirituais, é nossa própria responsabilidade. O Mestre nos mostrou o caminho para o reino, e a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, Mrs. Eddy, é nossa Líder divinamente inspirada. Mas todos têm de palmilhar cada passo do caminho.
O pedido de que cada estudante da Ciência Cristã execute sua própria parte, é proferido por nossa Líder (ibid., p. 127): “Uma coisa desejei supremamente, e de nôvo peço sèriamente, a saber, que os Cientistas Cristãos, aqui e em tôda parte, orem diàriamente para si mesmos; não verbalmente, nem de joelhos, mas mentalmente, com mansidão e insistência.”
Reservando-nos o tempo para vigiar e orar, podemos superar a tentação de ficarmos doentes ou de sermos pecaminosos, empobrecidos ou decrépitos. Não importa desde quando estudemos a Ciência, nossa vigilância e oração continuam a ser uma necessidade diária, uma atividade alegre e constante. Presentemente, não superamos nossa necessidade humana de comida e bebida diárias. Nem tampouco superamos nossa necessidade de sustento espiritual diário.
O articulista percebeu, através de longa experiência, que quando põe o estudo sistemático diário da Ciência Cristã em primeiro lugar, como uma obrigação, tôdas as outras responsabilidades se encaixam no devido lugar. As nossas horas matutinas dedicadas a Deus devem estabelecer um padrão para o dia inteiro. Os Cientistas Cristãos, sabendo que Deus é Princípio, têm de ser naturalmente disciplinados e cumpridores da lei. Uma atitude sistemática ajuda a coordenar as atividades do dia. Reservar-se tempo para si mesmo é ser fiel a si mesmo. Nossa Líder cita estas linhas de um escritor de hinos sacros, Horatius Bonar ( Miscellaneous Writings — Escritos Diversos, p. 338):
Sê fiel a ti mesmo
se a verdade queres ensinar ;
tem de vibrar a tua alma
se a outrem queres alcançar;
só um coração transbordante
dará aos lábios o dom de se expressar.
Reservando tempo para nós mesmos, para estudo e oração, podemos amealhar tesouros no céu, como o Mestre ordenou, enriquecendo espiritualmente não só a nós mesmos, mas a todos os que se voltam a nós em busca de ajuda. Precisamos, entretanto, primeiro ajuntar a semente para nós mesmos, se queremos semear para outros. Negligenciar o nosso bem-estar espiritual é, num certo sentido, negligenciar a todos. A ignorância do eu deixa-nos expostos ao inimigo, à usurpação do sentido pecaminoso. Sòmente pelo sentido espiritual podemos dar-nos conta da verdade protetora desta declaração do Salmista (Salmos 18:2): “O Senhor é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a fôrça da minha salvação, o meu baluarte.”
São necessários tempo e esfôrço devotado para equipar a fortaleza da consciência humana. Os atacantes formam uma legião. A apatia, o desânimo, o ressentimento, o mêdo e a dúvida gostariam de passar em massa por nossos portais desguarnecidos. Para impedir isso, demos atenção diária às nossas defesas espirituais, Cristo Jesus declarou (Mateus 24:43): “Se o pai de família soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fôsse arrombada a sua casa.”
A Ciência Cristã ensina que a afirmação devotada da verdade e a negação do êrro são partes importantes de nosso armamento espiritual contra a má prática mental, ou sugestões agressivas de qualquer espécie. Devemos afirmar, mental e audìvelmente, a totalidade de Deus e a perfeição do homem. Devemos negar inteligentemente tudo o que é dessemelhante de Deus, o bem, inclusive tôda consciência mortal, a matéria, a doença, o pecado e a morte. Essa é a verdadeira oração. Oramos por nós quando nos ajustamos “mentalmente, com mansidão e insistência” aos sérios apelos de nossa Líder, feitos através de seus escritos, a todos os seus alunos.
Estamos defendendo nossa herança espiritual, quando permanecemos na luz da consciência espiritual. Aí a escuridão da animalidade não nos pode alcançar. Êsse fato é retratado de maneira primorosa no poema de Mrs. Eddy, Christ and Christmas (Cristo e o Natal). Sob o título “Procurando e Encontrando” (p. 17), uma gravura mostra uma mulher sentada a uma mesa, lendo a Bíblia Sagrada. Perto dela, há uma vela acesa. Perto e atrás de si, uma serpente enrodilhada está pronta para dar o bote. Entretanto, a mulher e a Bíblia estão envoltas pela luz que passa através de uma clarabóia. A serpente, na escuridão, não a toca. O articulista vê nisto a luz, ou revelação da Ciência divina, na qual o mal não pode penetrar. A Ciência Cristã revela que a serpente, ou o mal, é o sentido corpóreo ou a crença falsa.
Como estudantes de Ciência Cristã, é nosso privilégio permanecer na luz da compreensão espiritual. Nosso eu real ou individualidade não é governado pelo sentido corpóreo, mas pela Alma, e diàriamente necessitamos reconhecer isso.
É necessária a consagração espiritual para que nos reservemos tempo, periòdicamente, para afastarmo-nos de nossos assoberbantes deveres humanos. Temos de entrar em nosso aposento mental e fechar a porta. Então podemos saber que a oração em secreto é recompensada abertamente. Vemos os sinais que se seguem — inspiração, animação, atividade sem esfôrço, cura espiritual — à medida que nossa habilidades latentes são postas em liberdade. No tranqüilo santuário do Espírito, mantenhamos audiência com nosso Pai-Mãe Amor. Então nossa graça e zêlo recém encontrados alcançarão a todos.