Numa Assembléia de Líderes Cristãos, realizada na cidade de Pietermaritzburg, na África do Sul, uma palestrante de destaque foi a professora Carol Cassidy. Com seus filhos já adultos, a Sra. Cassidy ficou feliz em poder retornar à sala de aulas. Ela ensina um curso de "Educação para a vida" e atua como orientadora da escola. "Com certeza, os jovens me ensinam muito", ela nos disse. "Estou constantemente aprendendo a ser mais flexível e a crescer com eles, entendendo as tendências e os desafios do mundo deles."
Em sua palestra, a Sra. Cassidy focalizou a "união na na família" e começou com uma afirmação feita numa Conferência de Bispos Anglicanos, em Londres: "A beleza da vida em família é uma das dádivas mais preciosas de Deus, e sua preservação é uma responsabilidade importante para a igreja."
A família ameaçada
A Sra. Cassidy iniciou a palestra, mostrando que a imagem tradicional da família, geralmente promovida pela Igreja, com dois pais em primeiro casamento, o pai trabalhando em tempo integral e a mãe ficando em casa, é diferente da família apresentada na Bíblia e na história. A família ampliada, com tios, avós, primos, etc., era mais a norma no Antigo Testamento e mesmo nos tempos do Novo Testamento", ela disse, "e, no Novo Testamento, encontra-se o pedido de estender o senso de família e incluir irmãos e irmãs em Cristo, independentemente do parentesco de sangue.
"A família tradicional não é mais a norma em nossa civilização e cultura ocidental, e seus valores já não são universalmente adotados", continuou a Sra. Cassidy. "Mas, se a família ruir, nossa civilização também ruirá. Jesus tinha em alta consideração os ideais de lealdade e casamento (ver Marcos 10:2–12). Atualmente, a idéia de casamento que algumas pessoas têm, é que elas cumprem um contrato até este não ser mais conveniente. Elas prometem amar-se na doença e na saúde, mas de si para si elas pensam que 'até que a morte nos separe' significa: 'eu ficarei com você enquanto você atender às minhas necessidades.'
"As mudanças na família refletem a filosofia desta época", disse a Sra. Cassidy. "Temos a filosofia modernista e a pós-moderna que exercem uma influência enorme na sociedade e na cultura ocidental. A cultura posmoderna da atualidade rejeita os fundamentos éticos e os valores morais absolutos. O pecado capital dessa filosofia é a intolerância. Tudo é verdade e nada é verdade; e, com isso, os valores cristãos são desafiados. A verdade tornou-se uma questão de gosto, e a moralidade uma questão de preferência. Você pode fazer tudo que pareça agradável. O certo e o errado tornaram-se indistintos e raramente ensinam-se os valores cristãos.
"Nossos jovens precisam entender os benefícios das escolhas morais", continuou a Sra. Cassidy. "Temos de mostrar-lhes que os valores bíblicos estão aí para proteger a felicidade deles, não para estragá-la. Certas coisas são erradas, não apenas porque a Bíblia diz que o são, mas porque elas não dão bom resultado. Nosso Criador nos deu um livro de instruções e Ele sabe o que vai funcionar para o bem e para a nossa felicidade. É preciso ensinar aos jovens as razões para um comportamento moral, precisamos ajudá-los a desenvolver uma defesa para a posição cristã."
"O perdão dentro da família é importante. A honestidade e o altruísmo também."
Arraigados na fé bíblica
A Sra. Cassidy acredita firmemente que as famílias precisam estar fundamentadas e instruídas em Cristo e na fé bíblica. Ela disse: "Os pais ainda têm a autoridade final sobre o lar. Eles podem educar seus filhos, sistematicamente, nos caminhos do Senhor, desde o momento em que eles entendem as primeiras palavras. Mesmo antes disso, os pais podem orar por eles."
Ela enfatizou a importância da devoção diária e do respeito mútuo. "As famílias precisam de disciplina", ela disse, "e as pessoas precisam saber como disciplinar. Elas precisam de instrução em comportamento e ética. Os pais precisam entender as influências da época e alertar os filhos para seus efeitos perigosos. Deveriam dar aos filhos um senso de comunidade e intimidade, sem 'acorrentá-los', por assim dizer, preparando-os para serem independentes, úteis e terem responsabilidade social."
Relacionamentos e proximidade
A Sra. Cassidy falou de como as famílias dependem de relacionamentos fortes e próximos. "Esse tipo de relacionamento", ela disse, "é favorecido por um bom casamento, baseado em princípios judaico-cristãos, e por famílias em que as diferenças e singularidades de cada membro são totalmente aceitas.
"O perdão dentro da família é importante", disse ela. "A honestidade e o altruísmo também. Precisamos ensinar nossas crianças a lidar com a raiva. Elas precisam saber que a raiva é normal, mas o que fazemos com ela é algo que precisa ser tratado de maneira cristã. Precisamos sacrificar o ego e devemos ajudar a levar a carga um do outro (ver Gálatas 6:2)."
A Sra. Cassidy admitiu prontamente que o papel da mãe, na sociedade, mudou bastante, mas ela acredita que a mãe ainda é a figura chave, que traz conforto, paz e ordem para o lar. "Com muita freqüência", ela continuou, "a mãe de hoje segue o padrão estabelecido por muitos homens — o de colocar a carreira e a realização pessoal acima das necessidades da família. Os pais de hoje são facilmente levados a acreditar que as aquisições materiais, como TVs e CDs, podem preencher o vazio criado pela ausência deles. Nada é mais importante do que a presença deles no lar e o tempo que eles dedicam aos filhos.
"As famílias precisam ter atividades em conjunto", ela adicionou. "Elas precisam celebrar ocasiões especiais e divertir-se em conjunto. Essas coisas deixam recordações. Fazer com que a pessoa se sinta especial é trabalho da família — servir um ao outro e cultivar o sentimento de ser querido e estimado. E essa responsabilidade se estende aos vizinhos, aos idosos, aos sem-tetos, às viúvas e aos órfãos (ver Tiago 1:27), pois todos fazem parte da grande família cristã."
A Sra. Cassidy disse que quando suas filhas eram mais jovens, o marido dela costumava marcar "encontros" com elas, de maneira a poder passar algum tempo em particular com cada uma delas. Ela, por sua vez, saía com o filho, e fazia alguma coisa divertida com ele. "Isso facilita maravilhosamente a comunicação com as crianças!" ela explicou. "Tal e qual nossas 'indabas' (uma palavra Zulu para reuniões)". Nos domingos à noite, a cada dois meses, tínhamos uma discussão familiar franca, sem barreiras. As crianças eram convidadas a trazer suas reclamações e pedidos especiais, tais como 'a mesada precisa aumentar', e meu marido e eu também dizíamos coisas como 'queremos que vocês tirem a mesa sem que seja preciso pedir-lhes toda vez.' Isso resolveu muitos problemas antes de se tornarem graves! Também fortaleceu o respeito e a compreensão mútua."
A Sra. Cassidy concluiu: "Acima de tudo, acredito que precisamos demonstrar uma nova reverência pelo Senhor. Orar diariamente por nossos filhos e por seus futuros cônjuges. Precisamos manter a fé cristã e os padrões bíblicos. E a Igreja precisa resgatar o conceito de família e ensiná-lo. Isso fortalecerá a família para que ela se torne a pedra angular da sociedade."
 
    
