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Refugiada aos treze anos

Da edição de novembro de 2001 dO Arauto da Ciência Cristã


Conte-nos alguma coisa sobre sua vida na Eritréia.

Lá a vida era mais fácil. Isso não quer dizer que eu não goste daqui, mas é difícil ficar longe dos pais. Quando eu tinha um problema, costumava conversar com eles, mas não sabia muito sobre Deus. Na minha família ninguém era religioso, mas acreditávamos em um único Deus e obedecíamos aos Dez Mandamentos. Eu comecei a pensar mesmo em Deus quando fui à Escola Dominical em Boston.

O que a fez vir para os Estados Unidos?

Eu vim por causa da guerra entre a Eritréia e a Etiópia. Eu vivia na Etiópia com meu pai e minha madrasta. Quando começou a guerra, meu pai e minha mãe foram presos, porque estavam lutando a favor da Eritréia. Eu fiquei morando com minha madrasta. Então, o governo etíope nos deportou, a mim, minha madrasta e meus dois irmãos por parte de pai para a Eritréia. Na época, meu irmão estava com quatro anos e minha irmã com dois. Na Eritréia ficamos morando na casa dos pais da minha madrasta. Ela não tinha marido para sustentá-la e também não tinha emprego. Depois de um ano, não conseguia mais cuidar de três crianças e disse-me que seria melhor eu ir para os Estados Unidos. Quando parti, ela me disse que eu não voltaria mais. Eu estava com treze anos e fiquei morando com minha tia. Nem sei se meus pais estão vivos.

Você conhecia sua tia?

Eu a tinha visto duas vezes, quando ela nos visitou na Eritréia. Eu só sabia que ela era minha tia e que vivia nos Estados Unidos com o marido e com os filhos.

Como você se sentiu quando foi para a escola?

Eu não conseguia adaptar-me nem à escola nem aos outros jovens da Eritréia que viviam aqui. Achava que eles eram melhores do que eu, porque tinham vivido aqui a vida toda. Quando não me cumprimentavam, pensava que estavam me ignorando porque eu não era americana.

Quando você começou a se sentir melhor?

O que me ajudou muito foi o que aprendi na Escola Dominical. A professora me disse que todo o mundo é filho perfeito de Deus. Então eu compreendi que os outros não pensavam que eram melhores do que eu. Eles só estavam sendo eles mesmos. Eu é que tinha de dar o primeiro passo e não sentir timidez. Eu não precisava fazer um grande esforço para adaptar-me. E essa mudança de pensamento funcionou. Até meus primos começaram a conversar comigo. Eu não falava inglês e eles não falavam o idioma da Eritréia, o tigrínia. Eu achava que se tentasse falar inglês, eles iriam rir de mim. E eles pensavam que se falassem tigrínia, eu iria rir deles. Por isso, a gente não se falava, só dizia: “Oi!” e “Tchau!”

Por que você continuou a freqüentar a Escola Dominical?

Porque me fazia sentir mais confiança. Primeiro, eu achava que não conseguia aprender nada na escola. Inglês e história eram as matérias mais difíceis para mim. Eu tinha de ler livros, fazer resumo do que havia lido e todas essas coisas. Mas eu não conseguia me concentrar.

Um dia, minha professora da Escola Dominical, Lanny, pediu que eu lesse a história de uma garota que era muito boa em inglês. Quando precisava escrever alguma coisa e não sabia por onde começar, ela orava e acabava tendo boas idéias.

Eu ficava nervosa toda vez que tinha de fazer uma prova, e acabava me esquecendo do que havia estudado. Comecei, então, a pensar que, com a ajuda de Deus, eu poderia fazer qualquer coisa. Pensei assim quando fiz as provas durante o ano e também no exame final, e funcionou. Foi aí que eu compreendi que há um Deus verdadeiro que está em toda parte, e que está sempre pronto para ajudar-me.

Eu também aprendi a ser legal com os outros, não só ficar esperando que os outros fossem legais comigo. Precisamos tratar as pessoas da maneira como queremos que elas nos tratem. Se você é legal com os outros, eles serão legais com você.

E suas notas na escola?

No começo, elas estavam muito baixas. Minha professora e os outros professores da Escola Dominical me ajudavam nas tarefas e a compreender que Deus está em todo lugar e que eu posso pedir ajuda a Ele. Minhas notas começaram a melhorar super-rápido.

Eu continuo tirando boas notas. Comecei a fazer coisas boas e parei de perder tempo com coisas superficiais. Os professores passaram a acreditar em mim e dar-me muito apoio. Se eu lhes pedia ajuda, eles ficavam depois da aula para me auxiliar. O resultado foi que minhas notas ficaram entre as melhores da classe e também ganhei uma distinção pela minha boa frequência às aulas.

Qual foi a coisa mais importante que você aprendeu na Escola Dominical?

Que Deus é meu pai e minha mãe. Mesmo que eu não possa vê-Lo, Deus está sempre perto de mim quando preciso dEle. Se eu fico na biblioteca até tarde e escurece, sinto um pouco de medo. Mas quando eu me lembro que Deus está comigo e que não há nada para eu me preocupar, o medo vai embora.

Você ora para seus pais?

Sim. Eu oro para que eles estejam em segurança e também para que eu possa encontrar-me com eles um dia. Às vezes é difícil acreditar que eles estejam vivos. Mas eu sei que Deus está aqui comigo e também com todas as pessoas do mundo. Deus está ajudando meus pais.

O que você diria a um jovem que esteja passando pelos mesmos problemas que você enfrentou?

Eu diria que todos devem ter confiança em si mesmos e empenhar-se para alcançar seu objetivo. Não importa qual seja o problema, há uma luz bem forte que brilha sem parar. Quando você percebe essa luz, o problema que o perturba se transforma em algo pequeno, que a luz pode fazer desaparecer.

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