Certa vez, dois amigos meus estavam conversando sobre suas carteiras de habilitação. No formulário que se preenche para obtenção dessa carteira, a pessoa deve responder se quer ou não doar seus órgãos. Nos Estados Unidos assina-se uma autorização que, em caso de morte, permite que hospitais utilizem o tecido de órgãos vitais e a medula óssea dos doadores para uso em transplantes, tratamentos, pesquisas ou cursos de medicina. Meus amigos comentavam que queriam ser doadores, mas não podiam, pois não tinham dezoito anos. Perguntaram-me se eu era doador e respondi que não. ”É por causa de sua religião?”, perguntaram. ”Acho que sim”, respondi.
Comecei a pensar: ”Por que não doar meus órgãos? Será que eu deveria?” Levantei a questão numa aula da Escola Dominical e minha professora me disse que a Christian Science não emitia nenhuma opinião favorável ou desfavorável a esse respeito. É uma decisão individual.
Decidi orar, não para poder dar uma explicação aos meus amigos; queria ter uma idéia definida a respeito do assunto. Começaram a vir ao meu pensamento perguntas assim: ”Será que é dessa maneira que Deus quer que eu ajude as pessoas, ou há uma outra forma para isso?”
Fiquei pensando no assunto durante algumas semanas. Li diversos trechos em Ciência e Saúde que, eu achava, poderiam responder às minhas perguntas. Mas eu não chegava a nenhuma conclusão. Decidi continuar orando.
Certa noite, assisti a um filme na televisão chamado Arquivo X, uma série que combina ficção científica e suspense. No episódio que estava passando, um homem, que doara seus órgãos, havia morrido. Os funcionários do hospital diziam que seus órgãos seriam transplantados em cinco pessoas espalhadas por quatro hospitais. Aquilo me atingiu em cheio: eu não queria que, depois de morto, meus órgãos fossem distribuídos entre diversas pessoas. Toda a minha vida tenho estudado a Christian Science e confiado em Deus para manter a saúde.
Depois disso, comecei a ter uma idéia cada vez mais clara sobre o assunto. Em Ciência e Saúde está escrito: ”O homem não é matéria; não é constituído de cérebro, sangue, ossos e de outros elementos materiais” (p. 475). Quando decidimos doar órgãos estamos acreditando que os órgãos são a fonte da vida, mas eu sei que a Vida vem de Deus.
Assim, decidi não ser doador de órgãos, mas ajudar as pessoas de algum outro modo. Penso que a melhor maneira de ajudar é estudar e compreender a Christian Science, e partilhar essa compreensão com outros. Isso significa que, em vez de ter de esperar ser operado ou morrer para ajudar pessoas que têm deficiência em algum órgão, posso orar por elas desde já. E eu estou certo de que Deus pode curá-las.
