Se você parasse dez pessoas na rua e pedisse a elas a definição de cura, tenho a certeza de que receberia dez respostas bem diferentes. E se, então, você mudasse um pouco a pergunta e pedisse que essas mesmas pessoas definissem a cura espiritual, as respostas mais uma vez seriam diferentes até das respostas originais.
A cura espiritual que Jesus ofereceu ao povo de Judá, há dois mil anos, continua a ser oferecida hoje, ao mundo inteiro, na Ciência do Cristo.
Seria um pouco como pedir a dez pessoas que definissem o que vêem no pôr-do-sol, na vastidão do oceano em uma manhã de verão ou na campina florida ao pé de uma cordilheira de montanhas agrestes. Colocar essas coisas em palavras requer esforço. E nossas percepções são muitas vezes tão variadas quanto nossa experência única e individual. Mas também há premissas que todos nós temos em comum, uma compreensão mútua que está além das palavras.
Confirmei esse fato há alguns anos, quando tive a oportunidade de conversar com muitas pessoas a respeito de suas perspectivas sobre a cura espiritual. Falei com centenas de mulheres, homens e crianças quando minha mulher e eu viajamos pelos Estados Unidos, pelo Canadá e para a Escócia, Austrália e Nova Zelândia.
Pessoas me disseram que foram liberadas do alcoolismo e da dependência às drogas. Alguns contaram de casamentos desfeitos que foram restaurados. Outros relataram como haviam encontrado propósito e direcionamento para a vida, depois de terem chegado ao fundo do poço. E muitos contaram que, pela oração, foram curados de ferimentos debilitantes, de doenças em que corriam perigo de morte e de males diagnosticados pelos médicos como incuráveis. A cura existia e eles a encontraram em Deus. Houve casos de cura de paralisia, cegueira, câncer, diabetes, problemas cardíacos, asma e pneumonia, só para citar alguns.
Foi inspirador observar o vasto alcance da cura espiritual, ver como ela penetra todos os cantos da experiência humana, independentemente da cultura, raça, situação econômica ou formação educacional. Essas pessoas tinham as ocupações mais variadas: estudantes de faculdade, donas de casa, homens e mulheres de negócios, fazendeiros, garçonetes, professores, cientistas, enfermeiros, médicos.
Mas, apesar de toda essa diversidade senti que havia um elemento em comum, que ocorria em cada uma dessas experiências de cura que me contaram. Poderíamos chamá-lo de transformação, até mesmo de redenção. Ou, para dizer mais simplesmente, algo na vida dessas pessoas, em seu pensamento, em seu coração, tornou-se “novo”. Isso me faz lembrar das palavras atribuídas a S. Paulo na Bíblia, sobre o revestir-se do novo homem ou mulher, “criado segundo Deus, em justiça e em verdadeira santidade” (Efésios 4:24, segundo versão King James).
Gosto muito da idéia de que todos somos criados em verdadeira santidade. E, para mim, a descoberta dessa verdade poderosa faz parte importante do significado da cura espiritual e da cura pela Christian Science. Minha própria oração e o estudo da Bíblia e de outro livro que iluminou o sentido espiritual da Bíblia para mim, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de Mary Baker Eddy, me convenceram de que o caráter e a natureza de cada um de nós são muito mais do que se vê só superficialmente.
Essa substância mais profunda é a identidade genuína de todos, que se encontra no que Deus nos criou para ser, Sua semelhança, Seu reflexo espiritual. Deus, como Amor divino e Vida infinita, certamente deve ter criado Seus filhos para expressar o Amor e Vida, altruística, alegre e completamente. Tenho visto provas de que, à medida que começamos a vislumbrar essa verdade fundamental a respeito de Deus e de Sua criação, o medo e a incerteza desaparecem e muda a maneira como vemos a nós mesmos e o mundo ao nosso redor, a ponto de transformar nossa visão da realidade. Essa nova compreensão espiritual tem o poder de nos curar. E a cura em si, que procede da oração, vem nos mostrar que somos de fato o reflexo do Amor, a expressão vital da Vida. Que maravilha!
É muito esclarecedor verificar que na linguagem original do Novo Testamento, o grego antigo usa apenas uma palavra para o que é freqüentemente traduzido como “curar” e “salvar”. Uma palavra no idioma original pode ser usada para “a cura” e “a salvação”. Então, pense bem: ser curado, em um sentido muito real, é ser salvo. Para compreender a saúde em suas mais profundas implicações, como sendo nossa inteireza e “verdadeira santidade” enquanto reflexos de Deus, é conhecer a salvação. Não creio que alguém entre no céu, a harmonia consciente de nosso verdadeiro relacionamento com Deus, como um pobre inválido ou tampouco como um miserável pecador. Tanto a doença quanto o pecado só podem sumir na presença do Cristo sanador, a Verdade salvadora.
Para mim, o exemplo mais perfeito de cura se encontra nos relatos do ministério de Jesus no Novo Testamento. Ele curou toda espécie de doença e pecado que vinham a seu encontro. Era muito comum Jesus entrar numa cidade ou vilarejo de Judá e constatar que todos os doentes vinham procurá-lo. Lemos, por exemplo, de um dia que Jesus passou em Cafarnaum: “Ao pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diferentes moléstias lhos traziam; e ele os curava...” (Lucas 4:40).
Quer o caso fosse o de uma febre contraída há pouco, quer o de uma cegueira de nascença, ou uma impossibilidade de andar que durava já quatro décadas, o amor de Jesus e o seu domínio espiritual sobre a situação ficavam evidentes na restauração imediata do indivíduo à inteireza e ao bem-estar. Jesus compreendia tão claramente o relacionamento dele, e de todos, com Deus, que qualquer doença, insanidade ou falha moral que ele encontrasse pela frente não podiam amedrontá-lo sintomas nunca poderiam persuadí-lo de que alguém fosse menos do que o filho íntegro e puro de Deus. Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy resumiu o ponto de partida espiritual de Jesus quanto à cura: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes” (pp. 476–477). Outro de seus escritos observa que: “Era a completa naturalidade da Verdade, na mente de Jesus, que fazia com que ele curasse fácil e instantaneamente” (Miscellaneous Writings 1883–1896, [Escritos Diversos], p. 200).
E, claro, além das verdades transformadoras sobre Deus e Sua criação que Jesus compreendia com tanta clareza, havia sempre seu profundo amor, que nunca vacilava. O Novo Testamento repete diversas vezes que o Salvador se compadecia do povo. Tenho certeza de que Jesus nunca fitou os alguém em um sofredor, nem abraçou alguém que se debatia com o pecado, sem que aquela pessoa realmente sentisse o amor de Deus inundando-a. Jesus expressava o amor de Deus tão poderosa, tão terna, tão universalmente, que as pessoas certamente passavam a sentir que não eram indignas, não eram sem valor, nem sozinhas ou esquecidas. Talvez tenham começado a sentir que eram realmente preciosas aos olhos de Deus. E quando a cura chegava, tudo isso era comprovado como sendo verdade!
A cura espiritual que Jesus ofereceu ao povo de Judá, há dois mil anos, continua a ser oferecida hoje, ao mundo inteiro, na Ciência do Cristo. Essa cura é a bênção de Deus para todos aqueles que humildemente O procuram e O amam. As palavras de Jesus são para todos nós: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino” (Lucas 12:32).
Um vasto registro atual de como essa bênção divina é vivenciada na vida das pessoas é publicado todos os meses nas páginas desta revista. É um registro em pleno desenvolvimento, que aparece em cada número, sem interrupção, há mais de um século. As últimas cem páginas de Ciência e Saúde também fornecem um relato encorajador de toda uma gama de curas que ocorreram quando as pessoas descobriram o poder salvador de Deus ao lerem esse livro.
Há dois mil anos... há cem anos... hoje... em Chicago, em São Paulo, Londres, Sydney, Nova Delhi, Beirute, Cidade do México, Buenos Aires, Johanesburgo, Hong Kong... em cidades menores, em comunidades e bairros no mundo inteiro... onde quer que as pessoas tenham aberto o coração à Verdade e ao Amor divinos, a cura espiritual lhes tem trazido uma nova fé na doce misericórdia de Deus. Mostrou a elas a graça e uma nova vida. Revelou que todos realmente são os filhos amados de Deus, criados “segundo Deus, em justiça e em verdadeira santidade”. O vasto alcance da cura espiritual realmente inclui a todos. Ele inclui você.
