A sensação de admiração que tive ao observar minha priminha de 8 anos brincando na praia, ainda permanece comigo. Enquanto apanhava conchinhas, ela entrava e saia da água fria, pulando as ondinhas que morriam nas areias da orla da praia.
Toda aquela atividade não a impedia de ser atenciosa para com os que estavam ao seu redor. Ela conversava animadamente, tanto com adultos, na troca de idéias sobre o possível molusco dentro de uma concha fechada, como com um garotinho de sua idade, enquanto observavam um inseto marinho que caminhava pela areia. As crianças mais novas eram abençoadas por seu terno cuidado, enquanto lhes chamava a atenção para um pelicano que planava ao longe. Logo em seguida, ela se juntava a elas e corriam gritando alegremente atrás das gaivotas.
Que bela a inocência infantil!... Ver a disposição física e a espontaneidade de minha prima era um alívio para mim, porque seus pais haviam se divorciado recentemente. Nossas conversas, naquele fim de semana, haviam evidenciado a lealdade e o amor que ela sentia pelos dois. Ela expressava uma aceitação sem revolta que jamais esquecerei.
Embora a inocência seja considerada como a qualidade que se perde ou se descarta com mais facilidade, na verdade, ela é uma qualidade que prevalece, mesmo nas experiências mais cruéis da vida. Mary Baker Eddy reforça este ponto: “A besta e os falsos profetas são a luxúria e a hipocrisia. Esses lobos vestidos como ovelhas são descobertos e mortos pela inocência, o Cordeiro do Amor ... A inocência e a Verdade vencem o crime e o erro” (Ciência e Saúde, pp. 567 e 568).
É encorajador saber que a inocência está relacionada com a autoridade. Em um mundo onde personagens populares andam em busca do prazer auto-indulgente como um estilo de vida, podemos defender nas crianças a alegria do altruísmo. Quando crianças sofrem abusos para o prazer pessoal ou benefício econômico de outras pessoas, podemos exercer a vigilância que proporciona segurança e refúgio.
Podemos apoiar a inocência, reconhecendo os fatos espirituais sobre ela, compreendendo que é a verdadeira condição da vida, estabelecida desde o início da criação como uma expressão do único Deus todo-bondoso. Todos fomos criados pelo nosso Pai-Mãe, o Amor. Nossa vida não tem início com o nascimento humano, por isso, nossa perfeição espiritual preexistente não pode ser contaminada pelo mal. De fato, nenhuma experiência humana jamais removerá ou distorcerá a identidade do filho de Deus.
Ao defender a inocência nas crianças (e nos adultos também!), defendemos a liberdade que elas têm para cumprir seu propósito de vida, para expressar a pureza, a alegria e a bondade de sua fonte divina. Esse é o fundamento da auto-estima e inclui o reconhecimento de que a cada um de nós são concedidos talentos com o propósito de servir e abençoar o próximo.
Podemos apoiar a inocência, reconhecendo os fatos espirituais sobre ela, compreendendo que é a verdadeira condição da vida, estabelecida desde o início da criação como uma expressão do único Deus todo-bondoso.
Portanto, ao invés de ficarmos na defensiva, como se estivéssemos lutando contra uma reação em cadeia do mal, podemos reconhecer esses talentos em todas as pessoas e compreender que cada bem realizado representa a manifestação da glória de Deus. Por exemplo, as qualidades que pude ver em minha priminha naquele dia na praia, foram o engajamento com a vida, a habilidade em acolher as pessoas e a disposição de cuidar das crianças menores. Essas são qualidades semelhantes às que Jesus vivenciou e pregou, e elas apontam para os componentes sólidos de um propósito de vida que traz satisfação.
Enquanto meus filhos cresciam, lembro-me das inúmeras vezes em que me sentia insegura com relação às influências atuantes na vida deles. Entretanto, por meio de um empenho renovado em meu pensamento para reconhecer o direito dos meus filhos de cumprir a missão estabelecida por Deus, freqüentemente recuperava minha paz de espírito e a situação voltava a se harmonizar. Saber que a vida deles não havia se originado na matéria e que não estava sujeita às inconstâncias da vida material, ajudava-me a reconhecer a santidade que Deus havia estabelecido neles e da qual Ele cuidava.
Essa lei de Deus, que protege, mantém e sustenta cada uma das amadas criações do Amor, está em ação, preservando a consciência de nossa inocência preexistente. Todas as crianças, em toda parte, estão abrangidas nessa lei, agora e para sempre.
