Desejo examinar um tema muito importante para mim, que é essencial para uma compreensão clara da Ciência Cristã. Trata-se de todo o tema da “profecia”. Não é algo esotérico ou misterioso, como algumas pessoas talvez pensem. Para mim, é algo vital, perfeitamente lógico e muito compreensível.
Mas, antes de tudo, o que é profecia? Naturalmente, tenho certeza de que vocês concordariam que, em termos teológicos, é uma visão inspirada, uma revelação de um determinado aspecto do plano de Deus, algo que vai acontecer no futuro. Mas, claro, nem toda revelação é profecia. A profecia é um aspecto específico da revelação, da Palavra de Deus revelada. Em termos simples, é aquilo que um profeta, ou alguém que vê espiritualmente, percebe conscientemente como um fato espiritual presente, muito embora ainda não tenha acontecido, mas que acontecerá na ordem natural do desdobramento divino. Em outras palavras, profecia é o registro da história antes que esta aconteça. Isso certamente a coloca em uma categoria própria! Mostra a unidade de todo o existir real, daquilo que chamamos de passado, presente e futuro. Mas tudo isso é uma e a mesma coisa para a Mente divina que tudo sabe, ou seja, Deus.
Os profetas se manifestam de diferentes formas. Mas o importante é que Deus os envia e lhes dá poder, e eles têm autoridade divina para transmitir a outras pessoas a mensagem que Deus lhes outorgou.
A mensagem da profecia não está sujeita à interpretação pessoal. Foi o que Pedro, o discípulo de Jesus, declarou: “...nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:20, 21). Falavam como eles eram movidos pela vontade de Deus, não pela vontade do homem. O Espírito Santo é definido como “a Ciência Divina” no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy (p. 588). A Ciência Divina é a lei de Deus, a vontade de Deus. Portanto, profecia é na verdade uma lei para a experiência humana, e tem de ser cumprida.
O cumprimento inevitável da profecia representa uma união sagrada de causa e efeito. Aliás, é importante entender que existe uma diferença entre uma profecia e como ela se cumpre. Sim, a profecia e seu cumprimento estão para sempre unidos pela lei divina, e nunca podem se separar. Mas a profecia representa e reflete a Mente divina, Deus, o Amor infinito, como causa, enquanto que o cumprimento da profecia representa e reflete a Deus como efeito. Essa é uma diferença sutil, porém fundamental. O cumprimento da profecia é ocasionado por meio da ação do Espírito Santo movendo-se sobre as águas da consciência humana, frequentemente ao longo de séculos, até que chegue o tempo designado. Quando não se compreende que a profecia inevitavelmente se cumpre, a profecia parece apenas uma vaga esperança, sem substância ou garantia. Fica sem sentido.
Não se pode confiar em uma pessoa que declare que algum acontecimento seja o resultado de profecia, se o mesmo não tiver sido predito. A profecia cumprida tem a autoridade da causa espiritual que a originou. Além disso, sem o apoio de uma lei que a sustente, a profecia fica sem proteção, direção e realização.
Portanto, o que é necessário para ser profeta, não apenas na história da antiguidade, mas o que é que se necessita hoje, visto que a profecia é desprendida do conceito de tempo e os profetas são mensageiros contemporâneos? Certamente, o profeta tem de ser receptivo, tem de escutar. Se você não escutar, você não pode ouvir. A integridade moral também é importante para que não haja estática que distorça a mensagem. É preciso coragem, porque a mensagem frequentemente é o contrário daquilo que as pessoas esperam. Do mesmo modo, a obediência é fundamental e provê um manto de proteção para o profeta. Por cima de tudo está a coesão do amor. O Amor une todas as qualidades necessárias e impele os motivos e os atos do profeta.
A Bíblia nos oferece muitos exemplos e modelos a serem seguidos. Um deles, Elias, que aparece no Velho Testamento, tem grande significado para mim. Assim nos conta o relato: “Então, lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Dispõe-te, e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ordenei a uma mulher viúva que te dê comida” (ver 1 Reis 17:8-23). Deus estava dizendo a Elias que viria uma terrível seca e que ele precisava ser sustentado, bem cuidado, suprido, para que pudesse continuar realizando seu bom trabalho.
Elias era um profeta de verdade; poderíamos até mesmo dizer que era um profeta experiente. Ele havia passado anos renovando sua maneira de viver, aproximando-se mais de Deus. Vivia diariamente as qualidades que o mensageiro precisa ter, conforme acabo de mencionar. Assim, reconhecendo claramente a voz de Deus e sem questionar nada, arrumou suas coisas e deu início à sua longa viagem, em lombo de burro, a caminho de Sarepta, que ficava a mais de 320 quilômetros de distância.
Vocês sabem como a história continua. Quando chegou ao portão da cidade, encontrou uma mulher viúva apanhando lenha. Ele não teve de sair à procura de uma viúva, nem questionou se essa era a viúva certa. Não teve de escolher entre muitas viúvas. Ele sabia que encontrar a mulher que Deus havia designado simplesmente fazia parte do plano divino que havia sido arquitetado diretamente pela Mente única. Além disso, ele sabia por experiência que o plano de Deus sempre tem ramificações de amplo alcance, e estas não são limitadas.
Ora, se ele estava sendo enviado a alguém que devia cuidar dele, o mais lógico não seria que essa pessoa tivesse meios adequados, talvez pertencesse à classe alta e mais abastada, ou que fosse um fazendeiro, um comerciante, alguém com meios para sustentá-lo durante o período de escassez? Mas naquele momento ele estava sendo enviado à pessoa menos provável que se poderia imaginar, a uma viúva pobre que estava passando fome!
O relato bíblico continua, dizendo que ela contou a Elias que sua vida estava no fim, já não tinha comida nem para si nem para o seu amado filho, portanto, ela ia fazer um pãozinho com o último punhado de farinha e depois ela e o filho iam morrer. Quando Elias pediu que ela desse comida primeiro a ele, antes de ela mesma comer e dar comida ao filho, isso poderia ter parecido incrivelmente cruel e egoísta àqueles cujo pensamento não é espiritualizado. Mas Elias compreendia que o Amor divino era a substância e a fonte do suprimento. Ele sabia que a substância consiste de ideias que provêm da Mente divina, provêm de Deus, que é o Amor divino ilimitado. Ele sabia que a abundância transbordante do Amor sempre se manifestava em formas visíveis para satisfazer a todas as necessidades humanas. Assim, ele proporcionou à mulher a oportunidade de expressar esse Amor divino, de ser generosa, de ver para além de si mesma, demonstrando dessa forma, até certo ponto, seu elo com o Amor que provê todo o bem. Ele sabia, após vários anos de oração e prática, que a coincidência do humano com o divino se tornaria evidente da maneira necessária na experiência diária de todos eles.
Recentemente li esse relato de novo e fiquei impressionado com a confiança e o amor que a mulher demonstrou! Ela obviamente era a pessoa certa, a mensageira certa, escolhida por Deus, para ser o canal para fazer chegar a Elias o suprimento do Amor. E Elias foi o mensageiro para essa viúva, trazendo a ela a mensagem de que o suprimento diário de Deus está presente, é inesgotável e contínuo. Isso exigiu obediência, compreensão espiritual e até mesmo coragem da parte de Elias, porque ele podia ter sido tentado a fazer o que era humanamente lógico e bondoso, em vez de pedir a ela que lhe desse de comer antes que ela mesma comesse e alimentasse o próprio filho. Foi necessário que a viúva tivesse muita confiança, obediência e amor, para que a coincidência do humano com o divino pudesse se manifestar justamente nesse momento, a fim de abençoar os dois.
Depois de o período de fome ter passado e ambos terem sido sustentados pela evidência prática da provisão de Deus, o pequeno filho da viúva contraiu uma doença e, certa manhã, faleceu. Imaginem! Depois de toda a oração e devoção isenta de ego que se haviam manifestado na experiência deles; depois do progresso, da prova, da vitória; depois de tudo isso, a criança vem a falecer devido a uma doença. Mas, de novo, o mensageiro que Deus enviara para essa mulher fez com se manifestasse a abençoada prova da cura. E Elias ressuscitou a criança. Isso exigiu as mesmas qualidades por parte de Elias e por parte da mulher, qualidades que os ajudaram a vencer a carência; essas mesmas qualidades contribuíram para a cura da doença e a vitória sobre a morte. O pedido divinamente inspirado que Elias fez a ela quando a encontrou na entrada da cidade, e a obediência e o amor da mulher, os prepararam espiritualmente para testemunhar a cura da criança.
O que me chamou a atenção nesse relato foi como as mensagens e os mensageiros de Deus coexistem; como eles se unem em uma coincidência que faz com que a realidade espiritual e a experiência humana do momento coincidam em perfeita harmonia. “Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, o meu servo a quem escolhi; para que o saibais, e me creais, e entendais que sou eu mesmo...” (Isaías 43:10).
Poderíamos interpretar essa declaração assim: “Sempre haverá uma testemunha na experiência humana, dando provas de que Eu sou Tudo e que, em realidade, Eu sou o Único. Sempre abrirei caminho para você, seja no deserto, na tempestade ou onde quer que você esteja”. Várias vezes na Bíblia, a coincidência de Deus perfeito e homem perfeito — e a presente manifestação na experiência humana de Deus perfeito e homem perfeito — fica demonstrada. Compreender essa coincidência traz o amor do Amor divino à nossa vida diária.
Aquilo que se depreende do relato, que revela a compreensão que Elias tinha de Deus e do próprio Amor divino como a totalidade e a onipotência do bem infinito, foi o que lhe permitiu sentir essa forma de amor para com aquela viúva, ao ponto de elevar o senso humano de amor que ela sentia pelo filho, até ela se aperceber do cuidado todo-sustentador que o Amor proporciona à sua criação. Foi o amor do Amor divino que sustentou a todos e curou a criança.
Elias sabia que a abundância transbordante do Amor sempre se manifestava em formas visíveis para satisfazer a todas as necessidades humanas.
Mas o que significa esse amor do Amor? Os profetas precisavam ter esse amor puro do Amor divino. O amor que eles sentiam estava muito além do conceito comum de amor, que, com frequência, à primeira vista, não parecia ser amor. Porque os profetas muitas vezes tinham de revelar aos governantes e ao povo como as coisas realmente eram, e não apenas o que eles desejavam ouvir. O profeta sabia que, se o povo estivesse no caminho errado, entregando-se ao pecado, adorando falsos deuses, não haveria para eles nem segurança nem satisfação. O profeta tinha de amá-los ao ponto de poder adverti-los e para suportar seu desdém e ódio. Um falso profeta talvez parecesse bom e soasse como tal, mas o que havia em seu coração, quais eram seus motivos, o que realmente conhecia da Palavra de Deus? Portanto, era de vital importância para o verdadeiro profeta, como é para o verdadeiro profeta que está dentro de cada um de nós, discernir entre o senso humano de amor e o Amor divino.
O próprio Amor infinito é Deus, e Deus é o próprio Amor infinito. A presença do Amor divino na consciência humana é o amor que cura, o amor do Cristo. É o que realmente significa amar. O efeito externo desse amor do Cristo pode assumir formas surpreendentemente distintas, como fez com os profetas. Pode assumir formas muito diferentes do nosso senso humano daquilo que significa expressar amor. Por exemplo, o efeito do Amor divino na experiência humana algumas vezes aparece como uma forte repreensão ao pecado, uma repreensão que tem o objetivo de destruir o mal. Essa distinção é extremamente vital e fundamental.
Para curar com eficácia (como Elias o fez), o senso humano de amor deve ser continuamente elevado até à sua fonte. Elias expressou esse senso de amor transbordante do próprio Amor, que é o Princípio, quando exigiu que a viúva o alimentasse antes de dar de comer ao filho. Sua confiança no profeta, talvez até mesmo seu reconhecimento da fonte do amor que ele expressava, lhe deu a capacidade para obedecer.
Mas o amor que permanece no nível da natureza humana não progride além de si mesmo, não se eleva mais alto do que fazer o bem em nível humano. Fazer o bem em nível humano é “pseudo amor”. São ações que se apresentam como revestidas de algo que parece amor, e são geralmente aceitas como amor. Isso se deve ao fato de que resultam da crença de que o amor se origina na assim chamada mente humana. Assim se faz com que o amor desça a um nível pessoal e humano, e introduz a vontade humana no propósito e na expressão do amor. Ao invés de ajudar, enreda e emaranha os relacionamentos humanos. Turva as decisões individuais e limita o crescimento espiritual. Desvia e perverte até os mais generosos motivos e atos e os transforma em ecos superficiais daquilo que estavam destinados a ser.
Visto que a bondade humana começa obviamente a partir de um ponto de vista mortal, limitado, ela se prende às restrições da mortalidade. Pode ser muitas vezes gentil e atenciosa, à sua maneira, mas não se desenvolve além de si mesma. Não cura.
Fazer o bem sob o ponto de vista humano leva à dependência e à necessidade contínua de receber apoio que vem de fora, ao invés de à liberdade proporcionada pela individualidade revelada de cada ideia correta. Não dá margem para que as pessoas aprendam a se apoiar em Deus e a depender dEle. Fazer o bem humano não as deixa demonstrar sua coexistência com Deus. Realmente impõe restrições àqueles a quem pretende ajudar e acorrenta aqueles a quem pretende libertar, ao não permitir que se desenvolvam e se desdobrem sob o impulso e orientação do Amor.
Um senso correto de amor humano é maravilhoso, necessário e isento de egoísmo. Mas, de novo, o que é esse senso correto, de onde provém? Provém do Amor divino, não da chamada mente humana separada de Deus. Esse senso correto de amor nos leva a subir as escadas até seu ponto de origem, onde vemos que o Amor (com “A” maiúsculo), Deus, se reflete em amor (com “a” minúsculo), a expressão do Amor.
Elias agiu com amor (“a” minúsculo), ao fazer o bem para a viúva e seu filho, com a compreensão de que suas ações obedeciam à lei do Amor divino, e que os três eram sustentados e protegidos por aquela mesma lei. Esse foi um exemplo claro da verdadeira profecia — de seu propósito, desdobramento e cumprimento.
Sabemos como os profetas predisseram a vinda do Messias, o maior demonstrador do Amor divino que o mundo já conheceu. Eles predisseram sua vinda séculos antes de seu aparecimento. Isaías profetizou: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Isaías 7:14). A profecia não era apenas sobre uma criança, mas, especificamente, sobre uma criança do sexo masculino. Isaías não conheceu a pessoa, Jesus de Nazaré. Ele não conheceu Maria, mãe de Jesus, ou os pais de Maria, Ana e Joaquim. Mas 700 anos antes do nascimento de Jesus, Isaías sabia que o Salvador viria das raízes, ou seja, da linhagem de Jessé.
Hoje, frequentemente lemos esses relatos como algo comum. Entretanto, eram profecias maravilhosas, preditas séculos antes de acontecerem. Imaginem como seria para um de nós ouvir de Deus algo que está destinado a acontecer daqui a centenas de anos!
Isaías e Zacarias predisseram que Jesus entraria em Jerusalém montado em um jumentinho, que ele seria “desprezado e rejeitado pelos homens”, que seria vendido por trinta moedas de prata, exatamente a quantia que os fariseus pagaram a Judas para que traísse a Jesus! Eles predisseram que Jesus seria contado entre os malfeitores, que seus inimigos repartiriam suas vestimentas e lançariam sortes pelo seu manto, exatamente como fizeram durante a crucificação, e que lhe dariam vinagre e fel e que ele seria sepultado na tumba de um homem rico. Será que a exatidão e os detalhes das profecias messiânicas foram para confortar-nos, para assegurar à humanidade que esse era, realmente, o Messias prometido? Cada detalhe de sua experiência e missão humana remonta a uma profecia, desde sua concepção até sua crucificação e, até mesmo, sua ressurreição, porque o Salmista profetizou: “...nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (Salmos 16:10), querendo dizer que o corpo de Jesus não sofreria decomposição. O livro de Atos se refere a essa profecia quando fala da ressurreição de Jesus.
Todas essas profecias foram específicas e definitivas séculos antes que nosso Mestre viesse para cumpri-las no tempo oportuno.
A Mente divina manteve o verdadeiro Messias, a ideia-Cristo do ser individual sem começo nem fim, para sempre dentro de si mesma. No tempo certo, no lugar certo, ante uma série de circunstâncias apropriadas, o Messias apareceu como o bebê Jesus, que cresceria e se desenvolveria no personagem cuja vida e ensinamentos estão destinados a curar e salvar os habitantes do mundo inteiro.
Não se sabe muito a respeito daqueles dias. O que realmente sabemos é que havia um recém-nascido que dependia totalmente de sua mãe. Temos o menino Jesus, inconsciente de sua verdadeira identidade ou missão. A criança vai crescendo, e por certo começa a fazer valer seus próprios méritos sob a orientação da Mente divina. Em seguida, o menino vai amadurecendo e se torna um jovem. As coisas começam a ficar um pouco mais claras quando, aos 12 anos, ele aparece dialogando com os anciãos no templo. Esse fato, por si só, deve ter sido muito fora do comum, por passarem horas com Jesus! Os anciãos e os estudiosos normalmente não recorriam aos jovens para encontrar inspiração ou para raciocinarem juntos, mas Lucas registra que todos se “admiravam da sua inteligência e das suas respostas” (ver Lucas 2:47).
É possível que em algum momento Maria tivesse confiado a Jesus alguma coisa a respeito de sua verdadeira origem. Ela e José sabiam que ela havia sido escolhida por Deus para cumprir a profecia de Isaías, de modo que devem ter compreendido que Jesus era o Messias profetizado. Quando teriam eles começado a notar acontecimentos fora do comum? Quando teria ele começado a realizar coisas maravilhosas? Quando teria ele começado a curar pessoas e animais?
Sabemos que Deus lhe revelou a verdade de sua origem por ocasião de seu batismo, quando, conforme nos conta o Evangelho de Lucas, o Espírito Santo desceu “sobre ele em forma corpórea como pomba”, e a mensagem de Deus sobre a filiação divina veio como uma voz do céu, dizendo: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lucas 3:22).
Imaginem como seria para um de nós ouvir de Deus algo que está destinado a acontecer daqui a centenas de anos!
Entretanto, antes que Jesus estivesse pronto para tornar pública sua missão, ainda precisava dar mais um passo para se preparar. Uma coisa era estabelecer a distinção moral entre o certo e o errado, o bem e o mal, como Moisés e os profetas haviam feito. Mas, foi um passo gigantesco ir mais além e provar que somente o certo e o bem eram reais e que o errado e o mal eram totalmente irreais. Sua missão universal foi elevar-se até a plataforma mais elevada para demonstrar a totalidade de Deus e o fato de que Deus é um e uno, o bem eterno e, portanto, que o mal é uma nulidade, uma não-entidade. Esse aspecto vital de sua missão, o de fazer com que a pretensão do mal se calasse, negar sua realidade e poder, foi simbolizado durante sua estada no deserto, quando enfrentou e venceu as tentações do mal, ou, como a Bíblia descreve, as tentações do diabo. Em seguida, ele entrou em cena curando todo tipo de doença em toda parte. Estava pronto para reconhecer publicamente sua missão espiritual. Ele até mesmo disse abertamente no templo que estava cumprindo as profecias de Isaías.
À medida que amadurecia, foi ficando evidente que Jesus compreendia sua identidade eterna e verdadeira, o Cristo. Ele escandalizou as autoridades quando contradisse seus argumentos, ao dizer, referindo-se ao Cristo eterno: “Antes que Abraão existisse, Eu Sou” (João 8:58). Abraão, tradicionalmente considerado como o pai do povo judeu, vivera uns 2.000 anos antes de Jesus. Imaginem o impacto dessas palavras!
Junto à fonte de Jacó, uma mulher que veio tirar água questionou Jesus e lhe disse que, de acordo com os ensinamentos de seu povo, ela estava esperando que o Messias viesse, algum dia. Ele respondeu com estas palavras surpreendentemente francas: “Eu o sou, eu que falo contigo” (João 4:26).
Pedro captou um vislumbre inspirado sobre a natureza mais elevada de Jesus como o Cristo. Quando Jesus perguntou aos seus discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem”? Pedro respondeu abruptamente: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (ver Mateus 16:13-20). Pedro deve ter sentido o Cristo invisível no homem Jesus. Jesus era o homem humano; Cristo era o ideal divino que Jesus incorporava e demonstrava plenamente. Em certo sentido, poderíamos dizer que Pedro vislumbrou a unidade entre Jesus e o Cristo. Nunca podemos separar Jesus e o Cristo, ou separar Jesus daquilo que é o Cristo, porque foi Jesus que demonstrou plenamente o ideal divino, a ideia espiritual da Vida, da Verdade e do Amor divinos. Existe uma coincidência, um ponto de encontro do humano com o divino. Toda ideia espiritual correta tem uma expressão humana. A tão amada oração de Jesus, a Oração do Senhor, diz, em parte: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10). Toda ideia correta conhecida da Mente divina está disponível para curar, guiar, confortar e abençoar por meio do Espírito Santo, por meio da ação dinâmica da lei divina.
Entretanto, era necessário o Consolador, o Confortador profetizado, que Jesus disse que viria posteriormente, para explicar a relação entre o Jesus visível, corpóreo, e o Cristo invisível e incorpóreo, a fim de transmitir a Ciência desse relacionamento e explicar a coincidência da natureza humana com a natureza divina que Jesus exemplificava plenamente. Afinal, ele foi o supremo demonstrador da unidade do céu e da terra, destruindo a crença de que a humanidade esteja separada de Deus. O próprio Jesus exemplificou o potencial que a humanidade tem para espiritualizar completamente a consciência humana, passo a passo.
No final de sua missão, Jesus disse: “...o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (João 14:26).
Assim, embora Jesus, como o Messias, fosse o cumprimento da profecia, ele também estava profetizando o que estava por vir depois dele: “...eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” (João 16:7).
O Consolador, o Confortador, que aparece na profecia é a Ciência do Cristo, ou seja, a Ciência Cristã, cujo propósito é transmitir a Ciência, isto é, a lei, que fundamenta todas as palavras e obras de Jesus. Mary Baker Eddy nos dá instruções importantes sobre esse assunto. Ela é a Descobridora da Ciência Cristã. Ela descobriu essa lei espiritual que não se prende ao conceito de tempo, fundou essa religião e (conforme já mencionei) escreveu seu livro-texto, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. É essa Ciência do Cristo que mostra como os ensinamentos e demonstrações de Jesus se estendem ao longo dos séculos para abençoar toda a humanidade. E na medida em que acreditamos em Jesus, ou melhor, na medida em que o compreendemos — em que compreendemos sua origem, sua vida, seu propósito e obras, sua autoridade, ressurreição e ascensão — na medida em que compreendemos quem ele verdadeiramente é, na medida em que compreendemos que ele está eternamente protegido no Amor divino, seu Pai-Mãe Amor — que é mantido, amado, apreciado, sustentado no Amor, como a autorrevelação do Amor — na medida em que vemos isso, nos libertamos do conceito de Jesus na carne e enxergamos o Cristo individual e individualizado, aqui e em toda parte, agora e para sempre.
E agora chegamos à nossa época e ao cumprimento da profecia. A história de hoje poderia ser registrada com estas palavras de Ciência e Saúde: “A ideia imortal da Verdade vem varrendo os séculos, recolhendo sob suas asas os doentes e os pecadores. ... O que foi prometido será cumprido. ... Nas palavras de S. João: ‘Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco’. Minha compreensão é de que esse Consolador, esse Confortador, é a Ciência Divina” (p. 55).
O capítulo intitulado “Apocalipse” em Ciência e Saúde aborda o livro bíblico do Apocalipse e tem uma importante mensagem que é essencial para a Ciência Cristã. A primeira profecia no capítulo fala sobre um anjo, ou mensagem de Deus, que prefigura, ou prediz, a Ciência divina, o Espírito Santo, o Consolador, o Confortador divino. E o anjo está segurando na mão um livrinho.
A Sra. Eddy vincula diretamente o livro-texto a essa profecia. Ela cita o anjo, conforme está registrado no Apocalipse: “ ‘Vai e toma o livro ... Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel’ ”. Em seguida, vem a conexão com o livro-texto: “Mortais, obedecei à mensagem celestial. Tomai a Ciência divina. Lede este livro do começo ao fim. Estudai-o, ponderai-o. Será de fato doce quando o saboreardes pela primeira vez e ele vos curar; mas não vos queixeis da Verdade, se achardes amarga sua digestão” (p. 559).
Naturalmente, esse livro-texto não é o livro que estava na mão do anjo a que João se refere. Naquela época a imprensa ainda não existia. Só havia textos laboriosamente escritos à mão. O Apóstolo João não estava falando literalmente de Ciência e Saúde, mas aí estava uma profecia, uma visão espiritual, um reconhecimento de uma ideia espiritual que não se prende ao conceito de tempo — a ideia da Ciência divina que sempre existiu na Mente divina — esperando para ser revelada à consciência humana no momento certo, e aparecer sob a forma de um livro.
O Consolador, o Confortador, que aparece na profecia é a Ciência do Cristo, ou seja, a Ciência Cristã, cujo propósito é transmitir a Ciência, isto é, a lei, que fundamenta todas as palavras e obras de Jesus.
Aqui está a expressão exata da coincidência do humano com o divino: o encontro da profecia e seu cumprimento. O Velho Testamento havia revelado a verdade de que Deus é o Deus uno e único. O Novo Testamento, por meio de Cristo Jesus, havia revelado a verdade de que o homem é o Filho de Deus. E agora o Espírito Santo, a Ciência divina — a lei governante e suprema de Deus — seria revelada.
Essa é uma profecia, assim como foram profecias as dos antigos profetas que predisseram a vinda do Messias, sua linhagem, seu local de nascimento, sua vida e o resultado de sua vinda. Eles não conheciam sua biologia, qual seria sua aparência, quanto teria de altura. Mas sabiam que a ideia ia aparecer, que haveria uma coincidência da natureza divina com a natureza humana e que ela teria identidade, individualidade, seria visível e tangível. Os pormenores de como o desdobramento dessa ideia viria a se manifestar eram incumbência da manifestação do infinito.
E então, no momento certo, o Confortador apareceu. A Ciência divina explanada no livro-texto teve de vir à tona a fim de ser compreendida e praticada. A Sra. Eddy escreveu a dois de seus alunos: “Hoje fico maravilhada por ver que Deus me escolheu para essa missão e que a obra de minha vida foi o tema da antiga profecia e eu, a escriba do Seu infinito caminho de Salvação”! (Christian Healer, Amplified Edition [Uma Vida Dedicada à Cura, Edição Ampliada], p. 207). Ela via o Consolador, o Confortador, como a continuidade do tema da antiga profecia. E entendeu que a ela coube a missão de deixá-lo registrado e explicado como o cumprimento daquela profecia.
Ela nunca pode ser separada do livro. E me dou conta de que se alguém tentasse
atualizar o livro ou fragmentá-lo, chegaria a realmente alterar o livro, alterar a revelação e, dessa maneira, o separaria de sua autora e de sua fonte divina.
Os Cientistas Cristãos compreendem que esse não é apenas “um livro” entre outros livros. A Sra. Eddy nos diz de forma muito simples e franca: “Não fui eu, mas sim o poder divino da Verdade e do Amor, infinitamente acima de mim, que me ditou Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 114).
Quando você “devorar” o livro, ou pela primeira vez saborear sua maravilhosa substância, ele será doce como mel quando você se sentir curado. Você ficará empolgado pelo toque sanador do Cristo. Mas, não se surpreenda nem se queixe se achar, ou quando achar difícil assimilá-lo. A Sra. Eddy escreve: “Será de fato doce quando o saboreardes pela primeira vez e ele vos curar; mas não vos queixeis da Verdade, se achardes amarga sua digestão” (Ciência e Saúde, p. 559).
Como estudante, eu leio atenta e continuamente esse livro. Mas, constatei, assim como muitos outros, que penetrar profundamente em seus conceitos espirituais exige muita paciência, persistência, disciplina, obediência e amor. É preciso também renunciar ao ego e purificar nossos pensamentos e ações. Também constatei que o livro exige, de nossa parte, imolação do ego e crescimento espiritual, e é isso o que frequentemente torna amarga a digestão. A purificação e a regeneração espiritual não são fáceis, mas elas agem profundamente no pensamento, e trazem saúde física e mental ao corpo.
Esse processo de limpeza me lembra de um hino cristão, que diz:
Tal como o ouro puro
Em fogo se provou,
Foi a Verdade que mostrou
Ao homem seu valor.
(Bernhard Ingemann, Hinário da Ciência Cristã, 15)
A Ciência divina revelada e explicada nesse livro é o fogo da Verdade que queima a palha do erro; e é o bálsamo refrescante do Amor divino que conforta, protege e cura, à medida que purifica o caráter humano.
Ciência e Saúde é o precioso livro que cumpre a profecia de Jesus sobre a vinda do Consolador, o Confortador, bem como a revelação de Jesus ao Apóstolo João, delineando a maneira como o Confortador seria apresentado ao mundo. Mas o próprio livro contém também inúmeras profecias que despertam pensamentos profundos.
Por exemplo, o livro profetizou no Seculo XIX: “O astrônomo já não olhará para as estrelas — delas olhará para o universo...” (p. 125). Como é de conhecimento comum, mais tarde fomos até a lua e voltamos, satélites pousaram em Marte e enviamos sondas ao espaço sideral.
Em outro exemplo, o livro fala de forças em conflito no mundo, e então profetiza: “De um lado haverá desarmonia e consternação; do outro lado haverá Ciência e paz”. Mas o livro também prevê que: “...aqueles que discernem a Ciência Cristã porão freio ao crime. Eles ajudarão a expulsar o erro. Manterão a lei e a ordem, e aguardarão com alegria a certeza da perfeição suprema” (pp. 96, 97).
Como todos sabemos, existe uma tremenda agitação entre as nações do mundo neste momento e Jesus realmente profetizou esse estado de coisas, quando se aproximava o fim de seu ministério, dizendo, em parte: “Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino...” (Mateus 24:7). O mundo vê a agitação como o resultado de perturbação política, tumulto religioso, rivalidade étnica e reajustes sociais e econômicos. Mas o que eu vejo é a verdade fermentadora do Amor divino e a chama purificadora do Espírito infinito — a quimicalização que o Espírito Santo produz, atuando por baixo da superfície.
Reitero novamente que, assim como Jesus cumpriu a profecia e profetizou o que estava por vir depois dele, Ciência e Saúde também cumpre a profecia e perscruta o futuro, revelando fatos que estão chegando, registrando a história antes que ela aconteça, como foi dito no começo desta conferência.
O livro olha para trás e diz: “Guiados por uma estrela solitária em meio à escuridão, os Magos de outrora predisseram o messiado da Verdade”. Em seguida, olhando para o futuro, diz: “Acredita-se no sábio de hoje, quando ele avista a luz que anuncia o eterno alvorecer do Cristo e lhe descreve o fulgor”? (p. 95). Mais adiante, ela escreve: “O profeta de hoje avista no horizonte mental os sinais destes tempos, o reaparecimento do Cristianismo que cura os doentes e destrói o erro, e nenhum outro sinal será dado” (p. 98). Há literalmente milhares de curas comprovadas e registradas, que foram realizadas por meio da aplicação desta Ciência divina.
Jesus disse que a cura seria o sinal que identificaria seus verdadeiros seguidores. Segundo o Evangelho de Marcos, ele disse: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: ... se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados” (Marcos 16:17, 18).
Existe uma tremenda agitação entre as nações do mundo neste momento e Jesus realmente profetizou esse estado de coisas, quando se aproximava o fim de seu ministério.
Esses sinais de cura de todo tipo de dificuldades que afligem a humanidade — dificuldades físicas, mentais, morais, financeiras, sociais e outras — comprovam a autenticidade da Ciência e a autoridade do livro-texto.
Isso também expõe um ponto de equilíbrio muito importante, no qual o livro e a autora estão indissoluvelmente ligados à sua origem.
Constatei que quando o lugar inigualável que a Sra. Eddy ocupa, bem como a mensagem e a missão que Deus lhe deu, são subestimados; quando são reduzidos a eventos humanos, desconectados da profecia e de seu cumprimento, e considerados como apenas um entre muitos outros incidentes históricos — quando aceitamos esse conceito, deixamos de reconhecer a autoridade e a realidade do cumprimento profético da Descobridora da Ciência Cristã e de sua descoberta.
Por outro lado, constatei também que muitas vezes o lugar dela, sua mensagem, sua missão são objetos de adoração, vistos como algo pessoal, como se tomassem o lugar da revelação espiritual individual. Quando aceitamos esse conceito, também não conseguimos reconhecer a autoridade e a realidade do cumprimento profético da Descobridora e de sua descoberta.
A Sra. Eddy estava totalmente ciente da importância desse equilíbrio e reconhecimento apropriados. Esse equilíbrio era necessário para assegurar a prosperidade e a segurança de sua Igreja, uma vez que a falta de reconhecimento adequado, bem como um falso conceito de reconhecimento, poderiam finalmente produzir o declínio da Igreja e, até mesmo, seu desaparecimento. Ela aconselhou as pessoas muitas vezes com este tipo de instrução: “Aquele que, em razão do amor ou ódio humanos, ou por qualquer outra causa, apega-se à minha pessoalidade material, incorre em grande erro, paralisa seu próprio progresso e perde o rumo no caminho para a saúde, a felicidade e o céu” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 308).
Aqui está uma explicação muito importante desse ponto de equilíbrio que descobri ser essencial à minha compreensão da Ciência Cristã. No décimo segundo capítulo do Apocalipse, João registra esta visão: “Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça...” (Apocalipse 12:1).
Nas páginas 560 a 562 do livro-texto, a Sra. Eddy lança a tocha da inspiração espiritual sobre essa notável visão. Ela a explica muito claramente, indicando que a visão sobre essa mulher é simbólica. Esse símbolo tem me inspirado ao longo de muitos anos, e tenho certeza de que ele tem inspirado muitas outras pessoas. E continuo a compreendê-lo cada vez melhor, continuamente.
Nessas páginas, ela interpreta o símbolo da mulher de três maneiras.
Vejo a primeira maneira como um exemplo do homem perfeito criado por Deus, uma revelação maravilhosa da totalidade de Deus que inclui toda a Sua criação, Seu próprio conhecimento de todas as Suas ideias, todos os filhos e as filhas de Deus em sua perfeição. Sobre esse primeiro símbolo, ela diz, também: “...exemplifica a coincidência de Deus com o homem como Princípio divino e ideia divina”. Isso indica que o homem real da criação de Deus é tão puro como seu Criador, tão bom como o Amor divino e tem a mesma relação inseparável com Deus, conforme indica o ensinamento de Jesus: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30).
A explicação mais ampla que a Sra. Eddy dá, de que o símbolo representa a ideia espiritual da maternidade de Deus, sempre me inspirou. Isso me ajuda a perceber que a criação do Amor está se desdobrando, se desenvolvendo, que é sustentada sob todas as condições, nunca passa fome, jamais é abandonada, nunca é passível de abuso. Ela me faz lembrar da percepção que Moisés teve desse cuidado maternal pelo povo bem-amado de Deus, conforme suas palavras registradas na Bíblia: “Como a águia desperta a sua ninhada e voeja sobre os seus filhotes, estende as asas e, tomando-os, os leva sobre elas, assim, só o Senhor o guiou, e não havia com ele deus estranho” (Deuteronômio 32:11, 12).
Também encontro muito conforto e esperança na terceira revelação do símbolo como uma mulher em trabalho de parto, dando à luz um filho que seria arrebatado para Deus e regeria todas as nações.
Quem é esse filho? O filho representa a Ciência divina, o puro “revelar-se da Vida, da Verdade e do Amor, que são eternos” (ver Ciência e Saúde, p. 588). Seu propósito é confortar, corrigir, curar e governar plenamente tudo, tanto na terra como no céu.
E quem é o pai desse filho da mulher do Apocalipse? Naturalmente, não houve nenhum processo seminal nessa visão. É o grande “EU SOU O QUE SOU”; o grande e único “Eu”; o Ser infinito que é, sempre foi e sempre será. É o TUDO e o Único que enche todo o espaço. É o mesmo EU SOU paterno, Deus, a Vida divina, que originou o céu e a terra. É o mesmo EU SOU paterno, a Verdade divina, que se manifestou no nascimento de Jesus e mostrou a verdadeira natureza de todos os filhos e filhas de Deus. É o mesmo EU SOU paterno que João deve ter visto nessa visão da mulher no Apocalipse, essa exemplificação do Amor divino trazendo à luz o Consolador, o Confortador prometido, que teria autoridade espiritual sobre todas as nações eternamente, por meio da lei divina.
Jesus disse: “Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (João 14:25, 26).
O livro-texto diz: “A personificação da ideia espiritual foi de breve duração na vida terrena de nosso Mestre; mas “o seu reinado não terá fim”, pois o Cristo, a ideia de Deus, regerá finalmente todas as nações e todos os povos — de modo imperativo, absoluto e definitivo — com a Ciência divina” (p. 565).
A Ciência divina, o Espírito Santo, o Confortador, foi trazido à consciência humana pela Descobridora, Fundadora e Líder da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy.
Perceber que a Descobridora e a descoberta são inseparáveis, que têm autoridade divina e cumprem a visão profética, protegerá a Descobridora e preservará sua descoberta, a revelação da Ciência divina.
É assim que eu vejo a sequência do “propósito, desdobramento e cumprimento da profecia”, totalmente separada do conceito de tempo.