Com frequência a alegria não é valorizada o suficiente na cura. Entretanto, a alegria que traz paz funciona como um agente libertador. Muitas pessoas pensam que a alegria é simplesmente um sentimento de felicidade, mas alegria é algo muito mais importante e mais profundo. Ao conversar sobre o tema com alguns amigos, um deles definiu alegria como satisfação e outro como paz e harmonia.
Na Bíblia, Sofonias nos assegura: “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo” (Sofonias 3:17). Se reduzirmos esse versículo poético ao sujeito e aos verbos, leremos: Deus salvará, deleitar-se-á, renovará e regozijar-se-á. “Deleitar-se” e “regozijar-se” representam aqui uma grande porcentagem da atividade de Deus. Visto que ter alegria é uma atividade de Deus, temos de refletir alegria ativamente, pois somos feitos à imagem de Deus. De acordo com Sofonias, Deus se regozija em nós com cânticos [Na Bíblia em inglês, versão King James, a palavra júbilo, no final do versículo, está traduzida como cânticos]. Portanto, a alegria é uma melodia que sustenta nosso bem-estar. Simplesmente não existe nenhum fardo a ser carregado. A aflição não é uma canção de Deus. À medida que nos atemos à totalidade de Deus, os fardos vão diminuindo.
Empenhe-se em compreender melhor que Deus “está no meio de ti” e persevere com alegria.
Muitas vezes, quando estamos enfrentando um desafio, achamos que devemos “persistir na luta” e isso não é errado. Mas orar para alcançar uma cura sem mudar nossa consciência não traz a cura. Empenhe-se em compreender melhor que Deus “está no meio de ti” e persevere com alegria. Lutar sem estar consciente de que Deus está em ação lembra um pouco a atitude do filho mais velho na parábola bíblica. Depois que o filho pródigo retorna ao lar, o pai faz uma festa para ele. O filho mais velho fica ressentido e diz: “Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado”. O pai responde: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu” (Lucas 15:29-31).
Poderíamos argumentar: Quem pode culpar o filho mais velho por sentir-se deixado de lado? Da mesma maneira, não nos assemelhamos um pouco a esse “bom filho”, que não estava expressando alegria, quando estamos exigindo uma cura? Pensamos que somos corretos e bons e que a merecemos, e isso é verdade. Mas a transformação ocorre quando compreendemos que tudo o que pertence a Deus pertence a nós, e esse é, desde sempre, um fato verdadeiro.
O ato de implorar e exigir tem de ceder, quando nos desprendemos do erro e aceitamos no íntimo o bem espiritual. Quando nos livramos de um fardo, sobrevém-nos a alegria que revela um panorama mais completo e que traz alegria espiritual.
Comece reconhecendo que Deus está no meio de nós e é poderoso. Somos a ideia formidável do Deus onipotente. Mary Baker Eddy escreve: “A alegria isenta de pecado — a perfeita harmonia e imortalidade da Vida, possuindo a beleza e o bem ilimitados e divinos, sem nenhum prazer ou dor corpóreos — constitui o único homem verdadeiro, indestrutível, cujo existir é espiritual” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 76). Reduza essa frase complexa a sujeito, verbo e objeto, e então ela se torna: “A alegria constitui o homem”. Não é isso profundamente simples? Vemos aqui que tudo o que constitui o homem constitui a mais profunda alegria, que é nossa para viver e demonstrar.
Se estamos com sentimento de pesar ao tratarmos uma doença, ainda que, com boas intenções, mantenhamos a verdade no pensamento, e trabalhemos e oremos com dedicação, o trabalho fica limitado pelo desânimo do pensamento mortal, de forma que o progresso espiritual pode parecer lento e restrito. No entanto, na verdade absoluta: “Seu trabalho está feito e só precisamos utilizar a regra de Deus a fim de receber a Sua bênção, o que nos permite trabalhar pela nossa própria salvação” (Ciência e Saúde, p. 3).
O que ajuda a anular o pensamento mortal e gera maior desprendimento do ego? A Sra. Eddy escreve: “A renúncia ao ego, pela qual deixamos tudo em favor da Verdade, o Cristo, em nossa luta contra o erro, é uma regra na Ciência Cristã” (Ciência e Saúde, p. 568). À medida que subordinamos o ego, nossa compreensão espiritual se torna mais sólida. A Verdade é realmente poderosa e atua em nós. Para perceber isso, precisamos deixar de lado a preocupação, o medo, o derrotismo e o hábito de pensar seguidamente no problema... a tolice que é “conversar com o próprio ego”. Conversar com o próprio ego, ou pensar seguidamente nos problemas, não tem poder para definir quem somos e não está “no meio de nós”. Tampouco estão os próprios problemas, sejam eles problemas no coração, no sistema digestivo ou em qualquer outra parte do corpo. Visto que somos a ideia de Deus, nossa substância é o Espírito, nunca a matéria, e à medida que nos atemos a essa verdade com alegria e aprofundamos nossa compreensão da alegria, começamos a nos libertar.
O progresso espiritual duradouro começa com o estudo da Bíblia e de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. Esse estudo é um fundamento sólido e um ponto de partida para pensarmos corretamente e estarmos em comunhão com Deus. É aí que a compreensão da criação de Deus floresce e revela o reino de Deus dentro de nós. Devemos iniciar nossos dias com o compromisso de expressar alegria. Se desejamos pintar, pode ser que leiamos sobre essa arte e a estudemos. Mas se não fazemos uso do pincel, não enxergamos plenamente os benefícios da pintura. Expresse alegria como alguém se expressaria ao pintar um belo quadro, ou seja, contemple a alegria na tela mental. Reconheça que a alegria constitui sua individualidade real.
No momento em que paramos com a conversação mental e nos tornamos receptivos ao bálsamo da “alegria isenta de pecado”, vemos a realidade espiritual.
A frustração e o medo podem alimentar um drama sem fim, de forma que ficamos consumidos pela emoção. Mas no momento em que paramos com a conversação mental e nos tornamos receptivos ao bálsamo da “alegria isenta de pecado”, vemos a realidade espiritual, a perfeição de Deus e do homem. Essa alegria é uma libertação, e a cura não é somente possível, ela é inevitável.
O livro de Atos relata que durante uma tempestade que ocorreu na viagem de Paulo até Roma, “dissipou-se, afinal, toda a esperança de salvamento” e antes que o navio encalhasse e todos chegassem em segurança à terra firme, pela confiança espiritual Paulo foi capaz de assegurar aos seus companheiros de viagem: “Tende bom ânimo” (ver Atos 27: 20, 25). Em situações como essas, é muito difícil sentir-se seguro, quanto mais sentir alegria! Como se consegue sentir isso? Não é uma coisa que se precisa conseguir. A Deus pertence a alegria em abundância e quando nos tornamos conscientes de Deus e daquilo que Ele prometeu para nós, por sermos Seus filhos e filhas obedientes, vemos que “tudo o que é meu é teu” (ver Lucas 15:31), e isso inclui a alegria.
A plena expressão da alegria inclui a dedicada disposição, obediência e paciência, para ouvir a canção de Deus, a qual revela o bem, e para demonstrar esse bem. A promessa de Deus é completa: “...assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei. Saireis com alegria e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas” (Isaías 55:11, 12).
