Todos nós desejamos nos sentir seguros, onde quer que estejamos. As medidas humanas de segurança, por mais que sejam necessárias, não podem garantir total segurança. Mas muitas pessoas a encontram por meio de sua compreensão do cuidado e da orientação sempre presentes de Deus.
Quando minhas irmãs e eu éramos pequenos, nossa mãe orava diariamente por nós, conforme ela aprendera a fazer por meio do estudo da Ciência Cristã. Certa vez, quando eu já estava no ensino médio, ela teve a clara intuição de que deveria orar especificamente pelo meu bem-estar. Naquele mesmo dia, acabei indo almoçar em casa, ao invés de na lanchonete da escola. Ao voltar para a escola depois do almoço, descobri que, por pouco, aparentemente por apenas alguns minutos, não me envolvi em uma revolta estudantil, que começara na entrada que eu sempre usava e terminara na lanchonete. Minha mãe ficou muito grata por ter ouvido aquela intuição, e a experiência me impressionou muito.
Em um sentido muito verdadeiro, nossa segurança tem a ver com o lugar onde habitamos. Mas essa habitação segura não é um local específico. Não se trata de uma vizinhança, um país, um refúgio nas montanhas ou uma propriedade fortificada. Nossa habitação segura é o que a Bíblia chama de “esconderijo do Altíssimo”. O salmo diz: “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio” (Salmos 91:1, 2).
Essa habitação, esse “esconderijo”, é a consciência de que somos um com o Amor divino. Ele é secreto apenas porque não é conhecido pelos sentidos físicos. Mas é totalmente conhecido por todos os que se volvem a Deus em oração e confiam nEle com uma confiança como a das crianças e com compreensão espiritual, algo que todos nós temos a oportunidade de fazer.
A oração dá a capacidade de afastar-nos da firme convicção do sentido material de que somos mortais vulneráveis vivendo em um mundo violento, suscetível ao acaso, separado de Deus e da segurança do Seu governo. Por meio da oração, podemos começar a perceber nossa verdadeira identidade espiritual e nosso verdadeiro relacionamento com Deus, por sermos Seus descendentes.
No santuário da oração, percebemos que nossa segurança já está estabelecida, pois já vivemos em Deus, o Amor divino. Somos um com o Amor, porque somos a própria imagem do Amor, a infinita autoexpressão do Amor. No Amor não pode haver nenhum perigo, mal ou ódio. Não pode haver medo no Amor infinito, porque o Amor conhece apenas sua própria bondade. O homem, que é a expressão de Deus, e isso inclui a individualidade real de cada um de nós, conhece essa bondade e a expressa.
Viver no Amor significa que vivemos na Mente divina infinita. Somos ideias espirituais da Mente, concebidas e governadas pela Mente. Não há nenhuma vontade ou intenção depravada na totalidade da Mente. A única vontade é a vontade divina, a Mente cumprindo seu próprio propósito amoroso.
Deus é também o Princípio divino de todo o existir e mantém a lei, a ordem e a justiça em cada parte de sua infinita totalidade. Nada ilícito pode ocorrer no Princípio, nenhuma conspiração maliciosa pode se desenvolver ou se concretizar, porque tudo o que se desenvolve é a retidão do Princípio.
Essa realidade harmoniosa, divinamente ordenada do existir, na qual habitamos, é a Ciência divina da nossa existência, a qual atua sem esforço e de maneira suprema, mantendo todos nós em uma relação constante e segura com nosso amoroso Pai-Mãe, Deus. Mary Baker Eddy, que descobriu essa Ciência, declara em seu livro Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896: “O homem imortal, na semelhança de Deus, está em segurança na Ciência divina” (p. 89).
A oração faz com que nosso pensamento seja receptivo à segurança que temos na Ciência divina. Ficamos mais familiarizados com Deus, mais conscientes de que habitamos nEle e mais confiantes no cuidado infalível que Ele tem por todos nós.
Essa elevação espiritual é a vinda do Cristo ao nosso pensamento, ou seja, a terna mensagem de Deus que revela a nós o que é espiritualmente verdadeiro e traz essa realidade à luz de maneiras tangíveis. Ao transformar nosso pensamento, o Cristo também transforma nossa vida. Por meio do Cristo, vivenciamos a segurança, a alegria e a liberdade de habitar no Amor. Vivenciamos os braços protetores do Princípio divino e a sábia mão da Mente, que faz com que estejamos em nosso lugar certo, fazendo o que é correto, no momento certo.
O Salmo 91 ilustra os efeitos humanos, tangíveis, de habitar nessa consciência espiritual da totalidade de Deus: “Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escudo” (versículos 3 e 4).
Sob a presença constante e o olhar vigilante do Amor, não pode haver nenhum perigo oculto para nos enganar, nenhuma malícia para nos confrontar. Nunca podemos estar no lugar errado ou no lugar certo, na hora errada. O Princípio desdobra harmoniosamente nosso dia, e nenhum ato imprevisto de violência pode intervir nesse desdobramento. A verdade espiritual do existir nos governa, a cada dia. Ela passa a ser nosso escudo e nosso forte apoio, à medida que nos tornamos mais conscientes da verdade por meio da oração.
A Sra. Eddy escreve: “Que bênção é pensar que estais ‘sob a sombra de grande rocha em terra sedenta’, protegidos em Sua força, edificando sobre o Seu fundamento e a salvo do devorador, graças à divina proteção e afeto. Tenhais sempre em mente que Sua presença, poder e paz satisfazem a todas as necessidades humanas e refletem toda a suprema felicidade” (Miscellaneous Writings 1883-1896, p. 263).
Na Ciência do existir, a segurança é a lei eterna do Amor divino, a qual nos governa onde quer que possamos estar.
David C. Kennedy
