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Original para a Internet

O que devemos pensar de nosso corpo?

Da edição de fevereiro de 2022 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 8 de novembro de 2021.


“Escute o que seu corpo está dizendo.” Esse é um refrão comum. Podemos ouvi-lo de um instrutor de ginástica durante as sessões de alongamentos, ou de um amigo nos encorajando a provar um prato apetitoso, ou de um colega de trabalho preocupado conosco e nos aconselhando a descansar o suficiente.

A certa altura, perguntei-me como poderia conciliar essa mensagem com o que eu havia compreendido como a necessidade de não dar atenção ao corpo. Em um esforço bem-intencionado, mas mal orientado, no sentido de afirmar controle sobre o corpo, para que este não ditasse condições para o meu bem-estar, eu havia desenvolvido o que era quase um desdém por meu corpo. Era como se eu apenas desejasse que ele desaparecesse, e para mim era uma chatice encontrá-lo ainda ali todos os dias.

Quanto mais eu refletia a respeito de como devia pensar sobre meu corpo, mais consciente me tornava de que grande parte do que se ouve na mídia e na sociedade tende a oscilar para um de dois extremos, seja deificar, seja demonizar o corpo. Mas cheguei à conclusão de que essas abordagens não servem para nada e não são saudáveis.

A Ciência Cristã oferece uma compreensão que mostra uma maneira diferente de como pensar a respeito do corpo. Sou profundamente grata por ter crescido em um lar onde aprendi essa perspectiva espiritual logo na infância. Desde que me entendo por gente, ensinaram-me a não me identificar como um corpo físico composto de partes materiais e a não me sentir impotente em face ao desconforto ou ao mau funcionamento do corpo.

Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, conta sobre um momento em que uma criança evidencia os benefícios de aplicar a metafísica cristã ao seu pensamento a respeito do corpo: “Uma menina, que ocasionalmente ouvira minhas explicações, machucou muito um dedo. Ela pareceu não dar importância a isso. Ao lhe perguntarem por que, respondeu com simplicidade: ‘Não há sensação na matéria’. Saiu saltitante, com olhos risonhos, e em seguida acrescentou: ‘Mamãe, o dedo não dói nada’ ” (p. 237).

Nessa mesma base metafísica, quando eu era criança e me queixava de me haver machucado ou de que algo estava doendo, minha mãe me lembrava, de maneira terna, mas com firmeza, que o corpo não podia conversar comigo. Esses estímulos nunca pareciam frios ou indelicados, mas soavam fortalecedores e compassivos, e sempre me levavam a ficar livre dos problemas.

As declarações de minha mãe se baseavam em anos de estudo da Bíblia e dos ensinamentos da Ciência Cristã. Uma coisa que ela havia aprendido era que cada um de nós, como reflexo do Espírito divino, é, em realidade, inteiramente espiritual. Como o profeta Isaías diz, ao dirigir-se ao Criador: “Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai, nós somos o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos” (Isaías 64:8). A implicação desse versículo está expressa em uma declaração em Ciência e Saúde: “O barro não pode responder ao oleiro. A cabeça, o coração, os pulmões e os membros não nos informam que estão com tontura, doentes, tuberculosos ou paralíticos. Se essa informação é transmitida, é a mente mortal que a transmite” (p. 243).

“Mente mortal” é um termo que se refere ao pensamento que se baseia na percepção limitadora de que somos seres materiais frágeis, e não a criação imortal e espiritual de Deus. Quando sinto alguma dor ou sintoma de doença, minha abordagem desde a infância é declarar mentalmente (ou, às vezes, em voz alta): “Cala-te! Não me podes dizer nada!”

Mas comecei a me perguntar com quem estava eu falando, quando fazia esses pronunciamentos ousados. Quando declaramos dessa forma nossa autoridade, dada por Deus, não estamos falando com um corpo físico, mas sim com a mente mortal, que está sugerindo que somos pedaços vulneráveis de matéria.

O que de fato fazemos, quando enfrentamos espiritualmente as mensagens da mente mortal a respeito do corpo, não equivale a ignorar as necessidades do corpo. Na verdade, estamos afirmando nosso direito à saúde e ao fato de que estamos enraizados no Espírito, Deus. Ciência e Saúde nos ensina: “Toma posse de teu corpo e governa-lhe a sensação e a ação. Eleva-te na força do Espírito para resistir a tudo o que é dessemelhante do bem. Deus fez o homem capaz disso, e nada pode invalidar a capacidade e o poder divinamente outorgados ao homem” (p. 393).

Como poderia eu deixar meu corpo fora do pensamento e também “delinear nele pensamentos de saúde”?

A maneira como pensamos a respeito de nosso corpo é um aspecto importante de nossa ação espiritual e de nossa vida em geral; idolatrar o corpo não é construtivo. Ao falar sobre ídolos feitos de madeira e adorados na antiguidade, o livro de Jeremias oferece uma boa orientação sobre a forma de pensar em nosso corpo: “Os ídolos são como um espantalho em pepinal e não podem falar; … Não tenhais receio deles, pois não podem fazer mal, e não está neles o fazer o bem” (10:5).

Essa pode parecer uma afirmação estranha para ser aplicada ao corpo, pois este dá a impressão de ser de fato capaz de fazer coisas sobre as quais não temos nenhum controle, ficando às vezes fraco, ou doente ou dolorido. Mas esses problemas não têm origem no corpo propriamente dito, o qual a Sra. Eddy diz ser “o estado objetivo da mente mortal” (Ciência e Saúde, p. 374). São manifestações da crença da mente mortal, de que exista um corpo físico governado por leis materiais de saúde. Quando nos esforçamos para elevar o pensamento acima do que a mente mortal diz sobre o corpo, a fim de discernir nossa verdadeira identidade como a expressão espiritual de Deus, encontramos paz e domínio, que trazem cura.

Jesus realçou essa ideia no Sermão do Monte, quando disse: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso” (Mateus 6:22). Na Bíblia, o olho, ou a visão, é frequentemente usado como uma metáfora para o pensamento. Assim, ao invés de falar literalmente sobre o olho físico, esse versículo dá ênfase ao poder da visão baseada no Espírito, a qual é capaz de transmitir saúde, e no fato de que essa visão sustenta todo o nosso bem-estar.

O Sermão do Monte também diz que prestar menos atenção ao corpo pode nos libertar de preocupações e nos permitir focar no que é mais essencial em nossa vida (ver Mateus 6:24–34). Ciência e Saúde repete esse ensinamento, aconselhando que “o Cientista Cristão cuida melhor do corpo quanto mais o deixa fora do pensamento e, como o Apóstolo Paulo, prefere ‘deixar o corpo e habitar com o Senhor’ ” (p. 383). E também diz: “Envolves teu corpo no pensamento e deverias delinear nele pensamentos de saúde, não de doença” (p. 208).

A certa altura, fiquei perplexa com essas duas afirmações, que no início pareciam contraditórias. Como poderia eu deixar meu corpo fora do pensamento e também “delinear nele pensamentos de saúde”? Ao ponderar essa questão, compreendi que deixar fora do pensamento o senso mortal, limitado, de corpo, não significa que o estamos negligenciando. Pelo contrário, ouvir a orientação de Deus, em vez de nos concentrar nas exigências da fisicalidade, nos liberta a fim de que possamos cuidar de nosso corpo de modo simples e eficaz.

Hoje o mundo oferece uma lista aparentemente interminável de sugestões para melhorar nosso corpo, fazê-lo apresentar melhor desempenho ou fazê-lo sentir-se melhor. As opções de dietas, exercícios e suplementos nutricionais, juntamente com formas idealizadas para melhorar sua beleza ou suas capacidades, existem em grande quantidade. No meio do bombardeamento de recomendações oriundas de tantas fontes, como podemos parar de dar excessiva atenção ao corpo, e ao mesmo tempo cuidar dele de maneira adequada? Encontraremos o melhor conselho quando procurarmos essa orientação diretamente de nosso Criador, que cuida de nós da forma mais profunda e amorosa.

Deus, o Espírito, nos guia quando temos de fazer escolhas, embora a inspiração possa vir não tanto de diretivas específicas, mas sim do desejo de expressar qualidades cristãs, tais como: paciência, amor, disciplina, moderação, força, e harmonia. E quando nos sentimos orientados a fazer ajustes, seja quanto ao que comemos, seja quanto a nossa rotina diária, essa orientação se baseia na escuta e na atenção à orientação amorosa do Amor divino, e não no medo de que um determinado alimento seja prejudicial ou de que possamos ficar vulneráveis a doenças relacionadas com a idade, se não nos exercitarmos da maneira predeterminada como correta.

Nosso corpo manifesta aquilo que mantemos na consciência. Quando nos identificamos como ideias da Mente divina e ouvimos a orientação dessa Mente, em vez de ouvirmos queixas ou ordens provenientes do corpo, nos cuidamos de maneira adequada e abandonamos qualquer tendência de idolatrar e depreciar nosso corpo, ou de abusar dele. Esse modo de cuidar do corpo reflete o cuidado que o Amor divino tem por nós e nos liberta para que possamos voltar nosso pensamento ao profundo trabalho de participar da cura da humanidade. Dessa forma, honramos a bela e poderosa identidade espiritual de cada um de nós e de toda a criação.

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