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Original para a Internet

O que aprendi como professor da Escola Dominical

Da edição de novembro de 2024 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 26 de agosto de 2024.


Tarde da noite de um sábado, sozinho em minha mesa de trabalho, eu estava preocupado com o que havia me comprometido a fazer na manhã seguinte — ser professor substituto de uma classe de adolescentes na Escola Dominical da Ciência Cristã. Fiz muitas coisas difíceis na vida: cobri guerras civis na África, como correspondente do The Christian Science Monitor, e fiz palestras para grandes audiências. No entanto, ensinar adolescentes na Escola Dominical parecia me assustar. 

Perguntei-me do que exatamente eu tinha medo. A resposta que me veio foi: temia não ter as palavras certas para responder às perguntas difíceis dos alunos. Mas logo me ocorreu um pensamento intrigante, uma mensagem angelical: “Você está disposto a colocar no altar tudo o que já escreveu?” Essa pergunta me desafiou.

Ao longo de mais de uma década, eu escrevera dezenas de milhares de palavras em minhas reportagens para o Monitor. Então me lembrei de uma frase do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy: “Os mortais são egotistas. Eles acreditam ser trabalhadores independentes, creem que eles mesmos sejam autores e até criadores privilegiados de algo que a Deidade não quis ou não pôde criar” (p. 263).

Perguntei-me se eu me considerava o “criador privilegiado” de todas aquelas reportagens que escrevera para o Monitor. Ou estaria eu disposto a renunciar à posse pessoal e egotista desses trabalhos e, em vez disso, ser grato à sua verdadeira fonte — a Mente divina, Deus, o bem que é tudo, que tudo sabe, e é a própria inteligência?

Outro trecho de Ciência e Saúde trouxe ainda mais clareza: “…todo aquele que deposita tudo o que tem de terrenal no altar da Ciência divina, bebe nesse momento do cálice de Cristo, e fica dotado do espírito e do poder da cura cristã” (p. 55). Compreendi que, se eu estivesse disposto a colocar no altar tudo o que já havia escrito, poderia confiar em que Deus providenciaria as palavras certas de que precisasse na manhã seguinte. Se eu reconhecesse a Deus, o Espírito, a Mente, como a fonte única e constante de minhas ideias, inspiração e palavras, eu estaria de fato “dotado do espírito da cura cristã”.

Ao orar em silêncio, naquela noite, o temor se transformou em humildade, o medo em gratidão por todas as palavras que me haviam sido concedidas pela Mente na época em que escrevera para o Monitor, e por todas as palavras que poderia esperar receber da Mente, na manhã seguinte. Dessa forma, coloquei todas as minhas palavras no altar.

A aula transcorreu muito bem. Os alunos fizeram perguntas boas e difíceis. E eu disse coisas que nunca tinha ouvido antes — ideias que pareceram aceitáveis aos alunos. 

Sempre que enfrentamos alguma situação preocupante, podemos “colocar no altar” todo senso de ego que sugira que estamos por conta própria. Dessa forma podemos aceitar o fato espiritual de que nossas palavras, nossas ações e nossa vida são dirigidas por Deus e por Ele instruídas — não apenas em momentos difíceis, mas sempre. 

Depois dessa experiência, no entanto, eu tive de aprender ainda mais, como professor da Escola Dominical. Alguns anos depois, certa manhã, ao sair da igreja depois de minha segunda semana como professor da turma da segunda série, implorei a Deus: “Manda-me de volta para uma zona de guerra na África, mas por favor, não para a Escola Dominical”. 

Sim, foi uma oração um pouco dramática e não muito inspirada, mas eu tinha a certeza de que a aula daquele dia tinha sido um desastre completo. Os alunos, que a princípio pareciam calmos, foram barulhentos e indisciplinados. No meio da aula, o professor da classe ao lado da nossa espiou por cima da divisória e pediu para “falarmos mais baixo”. A professora do outro lado havia mudado sua classe para outra parte da Escola Dominical, devido ao nosso barulho. No final da aula, eu estava arrasado.

Então duas coisas aconteceram. Primeiro, um dos professores se ofereceu para conversarmos a sós sobre maneiras práticas de como desenvolver um plano de aulas e envolver as crianças. Segundo, orei com a ideia de que a aula, prevista no Manual dA Igreja Mãe, era uma atividade divinamente estabelecida, e isso incluía meu papel como professor e o papel das crianças como alunos. Comecei a compreender que Deus, o Princípio divino, o Amor, era o poder por trás dessa atividade, era a inteligência a apoiar meu ensino, era o Criador e protetor dessas crianças, era a inocência ordenada da identidades delas.

Veio-me ao pensamento uma bela imagem baseada em dois versículos bíblicos: “…a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; …” (Efésios 6:17) e “…a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, …é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hebreus 4:12).

Tive um vislumbre da “espada do Espírito” metaforicamente montando guarda à entrada de nossa Escola Dominical, discernindo se cada professor e cada criança estavam prontos para entrar. De repente, senti a certeza de que cada criança que passava por aquelas portas havia sido preparada pelo Espírito — e estava pronta para aprender e crescer. 

Nas semanas seguintes, tive ideias inspiradas a respeito de como amar cada um dos alunos. Com relação ao mais indisciplinado, decidi fazer-lhe algumas perguntas sobre seu assunto favorito, dinossauros, minutos antes da aula. Ele falava bastante sobre eles e depois se acalmava.

Em pouco tempo, a cada semana, eu aguardava com alegre expectativa as aulas da Escola Dominical. Foi um ano de agradáveis descobertas e de doce conexão com as crianças, que foram extraordinariamente bem-comportadas. 

Uma das atividades mais interessantes que empreguei nas aulas foi o que chamei de “Jogo de montar guarda”, fazendo referência à seguinte orientação da Sra. Eddy: “Monta guarda à porta do pensamento…” (Ciência e Saúde, p. 392). No jogo, cada criança desempenhava alternadamente o papel de porteiro; os outros, um a um, se aproximavam do porteiro e liam uma frase que eu havia escrito em uma ficha. Se a frase fosse boa e verdadeira, o porteiro deixava a criança passar. Caso contrário, o porteiro dizia: “Vá embora!” A cada semana as crianças demonstravam o discernimento da “espada do Espírito”. Essa era a atividade favorita da classe.

Ao longo dos anos, seja como aluno, seja como professor da Escola Dominical, aprendi uma lição fundamental: que seguir o espírito e a letra do Manual da Igreja na Escola Dominical é uma base sólida para o bom êxito.

Quando dei aula para aqueles alunos da segunda série, o currículo do ano baseou-se em cada uma das “primeiras lições” mencionadas no Manual da Igreja (p. 62) — os Dez Mandamentos, a Oração do Senhor e o Sermão do Monte, especificamente as Bem-Aventuranças. Além disso, em exemplares do The Christian Science Journal ou do Christian Science Sentinel, líamos um testemunho de cura relacionado aos Mandamentos, às Bem-Aventuranças ou a uma frase da Oração do Senhor. Uma década depois, a maioria daqueles alunos, agora adolescentes, ainda frequentam a Escola Dominical e continuam a empenhar-se em demonstrar essas “primeiras lições”.

Sou muito grato pela confiança que a estrutura simples e a orientação clara do Manual nos dão sobre o ensino na Escola Dominical — e por todas as lições aprendidas e pelo crescimento que o trabalho na Igreja nos proporciona.

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