Há vários meses, encontrei um artigo maravilhoso intitulado “Ser refugiado não é meio de vida” nO Arauto da Ciência Cristã (Anni Ulich, outubro de 2018). Ao ler o artigo, meus olhos se encheram de lágrimas de gratidão.
A lembrança da fé e da perseverança da autora me encorajaram muito, durante uma caminhada que fiz recentemente nas montanhas. O artigo relata a época em que ela era uma garota durante a Segunda Guerra Mundial, e sua mãe tivera a intuição de abandonar a aldeia para onde haviam sido mandadas após o bombardeio de sua cidade, pois percebera que os combates se tornavam cada vez mais próximos.
Durante a jornada que durou a noite toda, até um porto próximo, a irmã mais nova da autora, de apenas cinco anos, queixou-se diversas vezes de que não conseguia mais andar. Seu irmão mais velho continuava repetindo a Oração do Senhor. Sua mãe também, sem dúvida, estava orando a cada passo do caminho, e se sentiu inspirada a dizer à filha de cinco anos que ela precisava dizer aos seus pezinhos para continuarem andando.
Esse exemplo me ajudou durante uma excursão na qual acompanhei um de meus filhos, a convite dele. Seu grupo de excursão havia planejado escalar uma montanha chamada Telapón, localizada em nosso país natal, o México, a qual fica 4.063 metros acima do nível do mar. Eu concordara em acompanhá-lo.
Depois de caminhar durante algum tempo, comecei a me sentir cansada, devido à elevada altitude. Ocorreu-me então este pensamento: “Diga aos seus pés para continuarem andando”. Senti o forte efeito daquela ordem impelindo-me a seguir. Meu filho, que é muito observador, destacava a beleza natural ao nosso redor, inclusive as inúmeras flores que, ao refletirem a luz do sol, pareciam ter brilhantes pétalas douradas. Aliás, ele me fez lembrar que eu sou o reflexo de Deus, e que expresso as qualidades de Deus, tais como resistência, força e liberdade. Era exatamente esse o impulso espiritual de que eu precisava para continuar caminhando.
Enquanto caminhava, orei silenciosamente, repetindo “a declaração científica sobre o existir”, que começa assim: “Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria. Tudo é a Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo” (Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 468). Continuei a orar lembrando-me de que o homem é espiritual e de que a matéria não tem autoridade nem substância e, por essa razão, eu não posso ficar cansada. “Você é a manifestação da Mente — a manifestação de Deus”, dizia eu para mim mesma. “Você manifesta apenas perfeição e saúde.”
Continuei caminhando por um bom tempo, admirando e sendo grata pela bela paisagem. A certa altura, fiquei preocupada, pensando que talvez não conseguisse fazer o trajeto de volta. Mas continuei caminhando, apoiando-me em Deus, em busca de força e orientação. Com gratidão posso dizer que consegui descer a montanha, e que o trajeto de volta, que fizemos por outro caminho, foi muito harmonioso. A cada passo o cansaço diminuía e todo o desconforto e a fadiga acabaram desaparecendo.
Margarita Cazares
Cidade do México, México
