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Original para a Internet

O percurso inteiro

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 25 de outubro de 2021


Para Deus, que inclui tudo, nunca é possível conhecer a frustração ou a inatividade. Sendo a Deidade a própria Vida oniativa, Sua criação não pode ficar estagnada, mas tem de estar sempre corretamente ativa. A criação é constituída de ideias espirituais, que habitam na Mente divina e se desdobram infinitamente de forma harmoniosa, de acordo com a lei divina. Seria impossível para Deus criar ideias deficientes ou capazes de funcionar de modo imperfeito. A compreensão de que o Amor controla e sustenta suas ideias constante e eternamente pode ser aplicada todos os dias.

Há mais de trinta e cinco anos, os empregados da antiga ferrovia Boston Elevated Railway Company entraram em greve. Um casal de amigos do autor deste artigo,  o qual precisava ir a um tribunal no centro da cidade, para lá se dirigiu, partindo a pé, desde a periferia. Enquanto estavam a caminho, um motorista parou para lhes oferecer carona. Explicou que não pretendia ir até o centro da cidade, porém apenas até o meio do caminho, mas que teria muito prazer em levá-los até aquele ponto. O marido respondeu que aceitavam, com muito prazer.

A esposa não disse nada, mas pensou: “O Amor nunca nos leva só até a metade do caminho. O Amor nos leva o percurso inteiro”. Imediatamente reconheceu esse pensamento como uma mensagem angelical e disse: “Obrigada, Pai; isso é tudo de que preciso”. Estava ponderando com gratidão o fato espiritual de que o propósito do Amor é sempre realizado de forma plena, que o Pai glorifica o filho por completo. Em qualquer situação, tudo o que provém do Princípio é concluído pelo Princípio. Então o motorista exclamou: “Aqui é a metade do caminho, mas como ainda tenho tempo terei muito prazer em levá-los até o centro”.

É claro que a demonstração dessa senhora não tinha nada a ver com o fato de ela ter sido levada até o tribunal, mas sim com discernir e aceitar uma verdade espiritual. Desde aquela ocasião, ela tem frequentemente usado a verdade: “O Amor nos leva o percurso inteiro”. Quando um caso de doença apresenta uma melhora, ela compreende que o Amor não só melhora o caso, como também traz a cura completa. Também sabe, quando o erro argumenta que é necessária uma redução no suprimento, que o Amor não satisfaz parcialmente as necessidades, mas confere ao homem os infinitos recursos da Alma. Ao enfrentar tarefas que parecem estar além da sua capacidade, lembre-se de que a inteligência divina nunca proporciona a alguém a oportunidade de um trabalho, sem lhe dar a capacidade de realizá-lo. O Amor sustenta tudo o que é construtivo em nossa experiência. O Amor nunca põe a descoberto uma tendência material de apego ao ego, sem proporcionar também o necessário desprendimento do ego e a espiritualidade que aniquila essa tendência. “O Amor nos leva o percurso inteiro.”

Poderíamos imaginar que Jesus acreditasse em frustração? Então, se seguimos os passos de nosso Mestre, não vamos admitir que Deus faz as coisas pela metade. Deus não nos dá um desejo correto, e depois deixa de satisfazê-lo. Não existe transação parcialmente consumada ou sem resultado, no plano de Deus para Sua criação. Assim lemos no livro de Zacarias: “…haverá sementeira de paz; a vide dará o seu fruto, a terra, a sua novidade, e os céus, o seu orvalho; e farei que o resto deste povo herde tudo isto” (Zacarias 8:12).

Mesmo quando a mente mortal conclui que houve retrocesso em uma experiência, ou quando uma doença piora, a quimicalização mental ou a ação da Verdade na consciência humana está meramente trazendo o mal à superfície, para que seja destruído. Só a lei do Amor é que está atuando a fim de produzir harmonia. Tampouco o Amor cura apenas durante algum tempo. A cura realizada pelo Amor é para sempre. Deus eternamente mantém o homem à Sua semelhança. Por conseguinte, nunca podemos manifestar o que o erro falsamente alega, dizendo que em épocas anteriores já tinha havido esse problema. Repetindo, não haverá nenhuma frustração em nossa experiência, se nos tornarmos uma lei para nós mesmos e nos recusarmos a concordar com a argumentação do mal, de que Deus faz as coisas de forma parcial. Em vez disso, aceitemos a lei do Amor como a lei que nos governa de modo completo.

O homem, a ideia de Deus, nunca está separado da Mente, mas habita na Mente. Ele não é uma pessoalidade material que está em uma situação de desarmonia da qual precisa ser libertado; a individualidade do homem é completamente espiritual. Mary Baker Eddy escreve: “Impessoalizar cientificamente o senso material de existência — em vez de ter apego à pessoalidade — é a lição para os dias de hoje” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 310). Renunciar à falsa crença de que um problema seja pessoal, quer seja uma crença em doença ou em frustração, e reconhecer que esse problema é uma ilusão em um senso impessoal e falso, ajuda a demonstrar a impecável individualidade espiritual do homem.

A verdade necessária para resolver todos os problemas está presente ali onde o problema parece estar. Essa verdade já é conhecida pela Mente infinita que tudo sabe, e pelo homem, o reflexo da Mente. Essa verdade não pode ficar escondida. Além disso, o Amor a torna evidente em nosso pensamento e em nossa experiência. Isaías assim descreve a lei de Deus, lei de fruição inevitável: “Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore, e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos” (Isaias 65:21, 22). A fruição e a realização não estão fora do homem real, e ele não precisa lutar para obtê-las. São inerentes à sua existência. O homem as tem porque ele inclui todas as ideias corretas e todos os atributos de Deus.

Ao não compreender a verdadeira natureza espiritual e a perfeição sempre presente do homem, a humanidade acredita que o homem seja material e, portanto, sujeito à limitação e à frustração. Quando um propósito correto parece frustrado, ouve-se com frequência a exclamação: “Outra vez, uma dessas coisas!” Essa expressão pressupõe que alguma influência maléfica incontrolável exista e possa agir contra o bem-estar do homem. A falsa alegação do erro deve ser negada, não admitida. Na medida em que uma experiência é limitadora ou prejudicial, não é verdadeira, portanto, não está acontecendo no universo harmonioso de Deus.

Na Ciência não existe nenhuma “dessas coisas”, não existe nada que tenha funcionado ou atuado contra a perfeição do homem. A lei de Deus, a lei do bem, é a única lei que está atuando, está em ação, e está abençoando o homem para sempre. A vontade de Deus está sendo feita, é feita, e sempre será feita. Em realidade, a resposta para cada oração e o cumprimento de cada desejo correto estão na Mente. Vamos dizer isso sem nenhuma reserva mental e obter sempre o beneplácito, ou seja, a aprovação, que sempre redundará em favor daqueles que reconhecem a Deus completamente.

Devido ao fato de que a experiência humana é inteiramente subjetiva — a exteriorização do pensamento humano — ela pode ser melhorada à medida que o pensamento é espiritualizado. A Sra. Eddy declara em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Dominas a situação se compreendes que a existência mortal é um estado de autoengano, e não é a verdade a respeito do existir” (p. 403). O que aparece como fracasso ou frustração é um estado de autoengano. Só à medida que estamos dispostos a admitir isso é que estamos em posição mental de “dominar a situação” e anular a pretensão da mente mortal, de dificultar qualquer esforço justo.

Constataremos também que uma demonstração na Ciência Cristã tem duplo significado. Aumenta nossa gratidão pelo fato de que Deus é Tudo e é perfeito, e nos estimula a maiores realizações rumo ao Espírito. Como Thomas Huxley escreveu: “O degrau de uma escada não está feito para que alguém nele permaneça, mas sim para sustentar o pé de uma pessoa pelo tempo suficiente para que coloque o outro pé em um ponto um pouco mais alto”. Os problemas enfrentados e dominados nos permitem subir mais alto em nossa demonstração da realidade. Então comprovamos como é praticável aquilo que Deus promete: “…e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício… para toda sorte de lavores” (Êxodo 31:3, 5). A humanidade deve apropriar-se de maneira infalível dessa promessa, de que estamos repletos “do Espírito de Deus... para toda sorte de lavores”.

As obrigações não parecerão penosas se declararmos com compreensão que temos a espontaneidade e a alegria inerentes ao homem como filho abençoado de Deus. A estagnação será excluída de nosso trabalho à medida que aceitarmos, apesar do testemunho dos sentidos, o fato espiritual de que o progresso, a lei de Deus que desdobra o bem, para a qual não há oposição, está sempre em ação na experiência do homem. Na verdade, sempre podemos rechaçar a delusão de acreditar que nós, como a expressão do Princípio, possamos jamais deixar de estar sempre seguros, felizes, na atividade correta, e de ser recompensados de maneira justa.

Não apenas nos nossos deveres, mas também quando o erro sugere doença ou coação, o Amor está sempre presente para nos livrar. Se uma pessoa caísse barranco abaixo, ou em um poço profundo, abandonado, seu companheiro não se limitaria a somente atirar-lhe uma corda. O amigo lhe daria coragem para permanecer calmo e para agarrar-se à corda, assegurando-lhe assim que seria puxada para um lugar seguro. Então, a pessoa que estava nesse apuro sentiria que, por trás daquela corda, estavam a força e a inteligência de seu resgatador.

Às vezes, diante de um grande pesar ou doença, o erro talvez argumente que não há nada que se possa fazer. No entanto, podemos nos agarrar à corda, isto é, manter ativa em nossa consciência a ideia correta que o Amor nos proporciona. Ele será sempre o nosso salvador. Por quê? Porque, como nossa Líder nos diz: “Deus não está separado da sabedoria que Ele outorga” (Ciência e Saúde, p. 6).

Os pensamentos que Deus dá não são parcialmente eficazes, como também jamais estão separados da Deidade. Pelo contrário, estão imbuídos da inteligência, ação e poder de Deus, imbuídos de tudo o que é necessário para que se desdobrem e sejam desfrutados.

A inspiração da Mente divina torna a tal ponto irreal uma experiência desfavorável ou uma doença, que passamos a vê-la como algo que nunca fez parte do homem. O Amor não somente cura; o Amor erradica todos os vestígios da doença e a recordação do pecado.

Se achamos que uma cura está demorando a se manifestar, ou que estamos enfrentando um aparente muro de frustração, podemos regozijar-nos por constatar que, devido à revelação da Ciência Cristã, a lei de Deus não pode ser revogada. O mal é para sempre irreal. Em cada situação, o Amor está presente para agir rápida e conclusivamente, para nos levar “o percurso inteiro”.

Realmente, temos a mesma inspiração e convicção que permitiu ao Salmista registrar para a humanidade a operação completa e inatacável da lei do Amor, quando escreveu: “Clamarei ao Deus Altíssimo, ao Deus que por mim tudo executa” (Salmos 57:2).

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