P: Eu detesto ver como as pessoas são maldosas e excessivamente críticas nas redes sociais, mas às vezes me pego fazendo o mesmo. Como parar com esse hábito?
R: Essa é uma ótima pergunta e, para ser sincera, eu também já me perguntei o mesmo.
Como bailarina, eu costumava passar horas na frente do espelho. Não que estivesse me admirando, mas sim em busca de falhas em meu desempenho. E, naturalmente, encontrava muitas. Levei esse hábito também para outros aspectos de minha vida, e, além de ser extremamente rigorosa comigo mesma, eu criticava muito os outros.
No entanto, era mais do que um hábito. Constatei que o verdadeiro motivo, pelo qual eu via a todos à minha volta com uma lente crítica, era porque não me sentia bem comigo mesma. E o pior era que eu fazia essas comparações como uma forma de tentar me sentir melhor.
Por exemplo, lembro-me de pensar: “Meus braços são mais bonitos que os da Susie, apesar de a cintura dela ser mais fina do que a minha”. E esse hábito continuou por um bom tempo.
Dali a criticar tudo e todos foi um passo. Eu facilmente encontrava algo de errado nos outros.
Eu não gostava nada disso. Mas, como parar?
A resposta era óbvia: se eu me sentisse bem comigo mesma, não criticaria tanto os outros. Mas, como conseguir isso, especialmente quando havia[AC2] coisas em mim que eu detestava?
Sem dúvida, eu precisava ver a mim mesma sob uma perspectiva melhor. Como Cientista Cristã, concluí que a oração seria a melhor maneira de abordar essa questão.
Lembrei que lera na Bíblia que Deus havia criado o homem à Sua imagem e semelhança (ver Gênesis 1:26, 27). “Ah”, pensei, “mas o que significa isso?”
Procurei no dicionário a palavra imagem. Entre várias definições, havia uma que definia imagem como um meio de tornar visível algo invisível. Que descoberta! Então, fomos criados para, na verdade, tornar visível a existência de Deus?
De início, fiquei perplexa, pois tive a impressão de que “visível” significava que somos materiais. Mas um pouco mais de oração resolveu a questão. Deus é o Espírito, e Deus é Tudo. Não há lugar, na totalidade do Espírito, para a existência da matéria.
Então, se não somos materiais, o que significa tornar Deus visível? Podemos entender “visível” como tangível, aparente, reconhecível. Em outras palavras, por meio das qualidades divinas que expressamos, fazemos com que Deus seja perceptível.
Estava ficando mais claro para mim que existimos como evidência da onipresença de Deus. Por isso, só podemos ser o que Deus nos criou para sermos: bons, inteligentes e até belos. Deus, o bem, nos define. Isso significa que cada um de nós é intrinsicamente bom.
Esse bem, que constitui o que somos, é maravilhoso! À medida que comecei a compreender isso, esqueci, de certa forma, como me achava inadequada, e não mais senti a necessidade de me sentir melhor do que os outros.
Eu estava começando a compreender o que Mary Baker Eddy escreveu em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “A receita para a beleza é ter menos ilusão e mais Alma…” (p. 247). Para mim isso significava que, quanto mais qualidades de Deus eu visse em mim mesma, melhor eu me sentiria.
Compreendi que não precisava me comparar com os outros para me sentir bem. Na verdade, descobri que comparações são irrelevantes e inúteis, porque só perpetuam uma percepção equivocada sobre nós mesmos.
Não posso dizer que eu tenha o corpo, o cabelo ou a pele perfeitos — longe disso. Mas não sou mais obcecada em criticar os outros para eu me sentir melhor. Ao contrário, procuro ver o bem à minha volta e nos outros. Isso, combinado com o fato de me sentir melhor comigo mesma, por saber que Deus me criou, faz com que eu esteja satisfeita.
Acaso consegui abandonar de imediato o hábito de criticar? Não. Mas compreendi que existe um caminho. É seguir em frente para, em Deus, descobrir mais sobre quem eu sou.
Até agora citei a aparência física como foco específico de crítica, mas compreender nossa identidade espiritual é essencial para todos os aspectos de nossa autoestima. Quer critiquemos os outros por suas crenças, pela maneira como escolhem viver a vida, ou por qualquer outro motivo, podemos usar esses momentos como incentivo para nos perguntarmos o que ganhamos, criticando. E então podemos orar sobre o que talvez pareça nos faltar. Quando reconhecemos que somos completos, com base em como Deus nos criou, a necessidade de comparar ou criticar desaparece naturalmente. E uma coisa eu digo: isso é muito bom!