Eu havia sido “expulsa de casa”. Bem, não que tivesse sido expulsa da casa onde morava.
Há quase cinco anos, passei pela difícil ruptura de um relacionamento. Pouco tempo depois, sofri um acidente de carro com perda total do veículo e, após alguns meses, meu pai faleceu. A seguir, veio a pandemia de Covid e eu fui demitida do emprego na profissão que eu esperava fosse para sempre. Fiquei arrasada com todas essas perdas.
Por isso, sentia-me como se tivesse sido “expulsa de casa” — uma expressão usada certa vez por Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã. Um de seus alunos fora curado, por meio da oração, de uma lesão considerada fatal. Quando ele relatou a cura para a Sra. Eddy, ela comentou: “… tu foste expulso de casa violentamente e, do lado de fora, conseguiste te levantar; não voltes para dentro da mesma casa” (We Knew Mary Baker Eddy, Amplified Edition, Volume I [Reminiscências de pessoas que conheceram Mary Baker Eddy, Edição ampliada], Volume 1, p. 349).
Certa vez, me explicaram que a casa à qual a Sra. Eddy se referiu representava a crença de vivermos em uma estrutura material. À medida que surgem os problemas, nós temos a oportunidade de compreender e procurar o verdadeiro senso espiritual de vida, isto é, nossa união com a única e verdadeira Vida, Deus. Chegamos a essa percepção por compreender que Deus é o Espírito e que Sua criação é puramente espiritual. Ao enfrentarmos e superarmos os desafios, talvez sejamos “expulsos de casa”. No entanto, não devemos voltar para a mesma casa, ou seja, não devemos continuar a ver a vida através de lentes materiais.
Essa explicação lembrou-me da história bíblica de Agar, a escrava de Abraão, com seu filho Ismael, que foram expulsos do lugar onde viviam e foram enviados para o deserto. Eles vagaram pelo deserto até que, em determinado momento, Hagar pensou que a morte seria iminente. Mas um “anjo de Deus” falou com ela, dizendo: “…Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino, daí onde está” (Gênesis 21:17). Deus abriu os olhos de Hagar e ela viu um poço de água. Para mim, isso comprova que, ao entender que Deus havia provido o que era necessário, ela descobriu que o suprimento já estava presente e sempre estaria disponível para ela e o filho.
Com essas ideias em mente, procurei encarar minhas perdas como oportunidades para adquirir uma compreensão mais ampla de Deus. Foi um período difícil, mas eu sabia que Deus dá a cada um de nós tudo o de que precisamos, assim como fez com Hagar e com tantos outros personagens da Bíblia. Procurei um novo emprego e orei para superar a dor pela perda de meu pai. Também encontrei inspiração e apoio maravilhosos em um grupo de Cientistas Cristãos com quem me reunia on-line, todos os dias.
Depois de pouco tempo, fui indicada para um emprego em outro campo de atividade que oferecia mais do que eu poderia ter imaginado. Aceitei o emprego e três anos depois eu continuo empregada e feliz. Conheci meu marido, que é um parceiro amoroso tanto na vida quanto no estudo da Ciência Cristã. Também pude ver a cura maravilhosa de minha mãe, que fez uma harmoniosa mudança de carreira e mudou-se para o outro lado do país, para ficar mais perto de mim e de minha irmã. E o mais importante foi que hoje consigo celebrar a vida de meu pai e me sentir próxima dele, mesmo ele não estando mais fisicamente presente.
Assim como Hagar, fui levada a ver o suprimento de Deus que já estava presente. Eu não fiquei esperando por alguma intervenção divina, mas simplesmente precisava estar receptiva ao bem de Deus sempre presente, que flui constantemente, e que passei a reconhecer ainda mais quando saí “da casa”, do pensamento limitado.
Ao longo dos anos, essa cura tem sido uma grande inspiração para mim. Na ocasião, eu via os desafios como fardos. Na verdade, eu gostava muito da minha “casa” — de meu trabalho, de meus relacionamentos etc., e fiquei frustrada com a interrupção. Mas aprendi a confiar na orientação de Deus, e a aguardar o desdobramento do bem e do suprimento que vêm dEle. Nossa alegria e expectativa, bem como a capacidade de seguir em frente “fora da casa” é o mais importante. Assim é o Cristo — a manifestação divina de Deus — atuando em nossa vida!
Savanna Suber
Aliso Viejo, Califórnia, EUA