Pode ser difícil amar alguém cujas opiniões ou crenças são opostas às nossas. É difícil amar alguém que acreditamos ter nos magoado ou prejudicado. É difícil amar quem não nos ajuda da maneira como gostaríamos.
Mas será que existe um modo de aprendermos a amar invariavelmente, apesar das falhas dos outros? Sim!
Certa vez, uma amiga veio conversar comigo porque estava com dificuldades em conviver com um parente. Enquanto ela enumerava as razões pelas quais não conseguia amá-lo, eu estava, em silêncio, orando para saber como ajudá-la. De repente, eu disse: “Você não o ama por ele ser quem ele é. Você ama porque isso é quem você é”.
Ao pensarmos juntas a respeito dessa ideia, ela começou a perceber que poderia passar a amá-lo, lembrando-se de que ela era a própria expressão do Amor divino, e deixando de pensar com tanta insistência em todas as supostas falhas desse parente. Isso não significava que ela era o reflexo do Amor, a filha de Deus, mas ele não. Na realidade, ao reconhecer sua própria natureza boa e ilimitada, ela pôde compreender a verdadeira natureza daquele parente também. E isso trouxe a cura.
João, o discípulo de Jesus, escreve que “…Deus é amor” (1 João 4:8). Ao pensarmos sobre essa afirmação, e também sobre o fato de que somos criados à semelhança de Deus, totalmente espirituais e completos, podemos perceber que estaremos atuando contra nós mesmos se pensarmos, escrevermos ou agirmos de modo dessemelhante do Amor.
Cristo Jesus é o exemplo supremo, no que diz respeito a amar nossos inimigos. Sua constância em amar, ante a perseguição implacável, o escárnio e a violência, foi fruto da certeza que ele tinha a respeito de quem era, como filho de Deus. Não aceitou outra origem, mente e vida separadas de seu Pai-Mãe, Deus.
Jesus disse: “Eu nada posso fazer de mim mesmo…” (João 5:30). Ele compreendia a verdade absoluta, contida nas Escrituras, de que Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança (ver Gênesis 1:26). Isso significava que ele era a semelhança do Amor e nada mais, e que seus inimigos eram, na realidade, filhos do mesmo Pai-Mãe divino, o Amor, e, portanto, seus irmãos e irmãs.
Quando Pedro, seu discípulo, impulsivamente cortou a orelha de um dos servos do sumo sacerdote, os quais foram prender Jesus, antes da crucificação e ressurreição, o Mestre repreendeu tal violência e imediatamente curou a orelha daquele homem (ver Lucas 22:50–51 e João 18:10–11). E na cruz, pediu a Deus que perdoasse aqueles transgressores (ver Lucas 23:34). Só lhe foi possível agir assim porque ele vivia o amor espiritual que reflete o Amor divino, Deus.
A convicção de Jesus, de que sua natureza era a expressão do Pai-Mãe Amor, fez com que resistisse à tentação de reagir ao mal, de ressentir-se ou vingar-se de seus inimigos. Com sinceridade inabalável, Jesus foi capaz de ensinar seus seguidores a amarem seus semelhantes como a si mesmos, porque ele próprio demonstrou fielmente esse preceito.
Um hino do Christian Science Hymnal: Hymns 430–603 [Hinário da Ciência Cristã: Hinos 430–603] começa assim: “Não te esqueças de quem tu és, Ó filho de Deus/Pois Deus exige de ti puro reflexo” (Mildred Spring Case, hino 475, trad. e alt. © CSBD). Lembre-se de que você foi criado para amar como expressão do Amor.
Realmente não importa quem ou o quê pareça nos tentar a ser menos do que amorosos. Nós amamos com o amor que cura porque isso é quem somos.