Lemos em Eclesiastes (3:14, 15): “Eu sei que tudo quanto Deus faz, durará para sempre: nada se lhe pode acrescentar, nem nada se lhe pode tirar; Deus assim a faz, para que os homens tenham temor diante d'êle. O que foi, é agora; e o que há de ser já foi; e Deus pede conta do que passou” (Bíblia inglêsa). Posto que Deus, a Mente, é Tudo, não pode haver nem mais nem menos Mente ou idéia da Mente, o homem. Nada pode ser acrescentado à realidade divina; nada lhe pode ser tirado.
A humanidade parece necessitar de mais bem, todavia, o que de fato necessita, é reconhecer que o bem é Tudo. A Christian Science mostra que condições melhoradas em verdade significam que um modo de ver limitado está cedendo o lugar a um ilimitado. Do ponto de vista da cura pela Christian Science, representam a aquisição de uma compreensão melhor do Espírito — ver as coisas mais como realmente são. A névoa da materialidade está se dissipando. Um ponto de vista limitado, um ponto de vista que se baseia na falsa noção de que pode haver mais ou menos Deus, parece criar algo que não existe. Suas criações não são reais; são falsas concepções da realidade.
A Christian Science nos habilita a ter o ponto de vista correto da realidade e a rejeitar as falsas concepções. Não importa o que diga o sentido erróneo, à luz desta Ciência podemos ver o fato espiritual. Podemos ver que nada foi acrescentado à criação de Deus nem nada lhe foi tirado.
Em “Não e Sim” escreve Mary Baker Eddy (pág. 24): “As pretensões do mal tornam-se ao mesmo tempo menores e maiores em Christian Science do que nas filosofias humanas ou credos”. Estas pretensões apresentam-se sob a forma de aquisição ou de perda, de segurança ou de perigo. Comumente impoem-se como aquisição ou perda de saúde, de riqueza, de fôrça de caráter, e assim por diante, como se Deus, o bem, que é infinito, pudesse tornar-se mais ou menos que Deus para o homem. Em “Miscellaneous Writings” (Escritos Miscelâneos), páginas 239–241, encontra-se um artigo de Mrs. Eddy, intitulado “Apanhei um resfriado”. Êsse artigo nos fala de uma pequena menina que fazia tal afirmação aparentemente orgulhosa de participar de uma epidemia popular de gripe. Esta expressão “apanhei” é frequentemente usada com referência à doença.
Certa vez, fui atacado repentinamente, de um mal estar súbito. Tinha necessidade de atender a um compromisso marcado para o dia seguinte. Incapaz de valer-me a mim mesmo, chamei um praticante da Christian Science. Recebi pelo telefone a seguinte mensagem: “Como poderia alguma coisa ser-lhe acrescentado?” Compreendi imediatamente a verdade em que se baseia aquela pergunta e lembrei-me do versículo do Eclesiastes: “Nada se lhe pode acrescentar, nem nada se lhe pode tirar”. Fiquei curado instantâneamente. Percebi que nada podia ser acrescentado a Deus. Deus jamais adquire alguma coisa; o homem, também não, visto que o homem é a idéia de Deus. Deus nada acrescenta a Si mesmo, logo o homem também não pode. O homem não pode ficar doente.
A aquisição, ou acréscimo, é, muitas vezes, uma forma de vontade humana. A vontade humana ou está determinada a adquirir ou se esforça por que outra pessoa nada adquira, ou está tentando adquirir ou temendo perder. Isto, naturalmente, sempre termina em frustração, porque os esforços baseados na crença de que há vida separada de Deus estão erroneamente baseados e têm de ser fúteis. Aquele que vence uma falsa noção do eu e deixa que se faça a vontade divina, sabendo que é da natureza de Deus expressar Sua vontade no homem, tem calma, dignidade, humildade e segurança. Sabe muito bem que o homem é sustentado pela Mente. Experimenta desenvolvimento e progresso, e não a frustração.
Disse Jesus (João 10:10): “Eu vim para que tenham vida, e para que a tenham em maior abundância” (Bíblia inglêsa). Êste viver em maior abundância não é o resultado de aquisição, mas sim o reconhecimento e o desenvolvimento progressivo e contínuo do bem como já presente. Não disse Jesus também (Lucas 17:20, 21): “O reino de Deus não vem com a aparência exterior; nem dirão: Ei-lo aqui! ou, Ei-lo ali! porque, eis que o reino de Deus está dentro de vós”? (Bíblia inglêsa.) O reino dos céus é a consciência do homem. Portanto, está presente aqui e agora mesmo. É somente a obscuridade da percepção que o não vê.
O grande Mestre nos diz que não devemos procurar ou estar anciosos por coisas pessoais. Ensina-nos que não devemos procurar trabalhar do ponto de vista da aquisição ou tentar demonstrar coisas materiais, mas sim procurar o reino de Deus, aquele estado puro da consciência que é o reino dos céus que está dentro de nós. Ao sentido humano, poderá então parecer como se alguma coisa tivesse sido acrescentada; em realidade, porém, nada foi adquirido ou acrescentado: estamos apenas percebendo algo mais da presença da infinidade.
Do ponto de vista do Espirito, Deus, a realidade consiste de ideias, e tôdas as ideias têm identidade. Assim, em nosso livro-texto, “Science and Health with Key to the Scriptures” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras), diz Mrs. Eddy à página 264: “A medida que os mortais adquirem vistas mais corretas de Deus e do homem, inumeráveis objetos da criação, até antão invisíveis, tornar-se-ão visíveis. Quando nos compenetrarmos de que a Vida é Espirito, que ela nunca está na matéria nem é da matéria, esta compreensão se desenvolverá até que se torne completa em si mesma, achando tudo em Deus, o bem, e não precisando de nenhuma outra consciência”.
O pecado é uma pretensão de que além de Deus existe outra mente que Lhe é inferior ou superior. De onde tiramos essa outra mente? Do mesmo lugar donde o mau matemático tira a outra tábua de multiplicar, isto é, do suposto reino da crença errónea. Visto que Deus, o bem, é Tudo e infinito, não pode existir o mal. O pecado, seja qual for a sua espécie, é tão impossível ao homem como o é a Deus.
Um presunçoso acredita possuir certa qualidade da Mente em maior grau que outra pessoa. São tão absurdos a presunção e o ciúme como o pensar que alguém possa fruir mais do alfabeto que o seu visinho. A inveja é a crença de que alguma outra pessoa tenha uma qualidade ou possessão que o invejante não possui. Êste parece ignorar que o homem sempre possui tudo porque sua consciência é o reflexo da Mente completa, Deus.
Mrs. Eddy escreve (Ciência e Saúde, págs. 109, 110): “As três grandes verdades do Espírito, onipotência, onipresença, onisciência,— Espírito que possui todo o poder, que enche todo o espaço, que constitui tôda a Ciência,— contradizem para sempre a crença de que a matéria possa ser real.” Si a matéria não é real, então não possui existência. A materia é uma mentira. Acreditar numa mentira traz à discórdia. Porém, a irrealidade da matéria pode ser demonstrada pela compreensão da verdade contida nas palavras de Mrs. Eddy que se encontram no começo dêste parágrafo. Essas palávras são as do título marginal “A totalidade de Deus compreendida”. A compreensão das “três grandes verdades do Espírito” traz consigo a harmonia do Espírito. Esta harmonia abrange saúde, abundância e bondade.
Onipotência, uma das três grandes verdades, significa possuir todo o poder. O homem possui o que Deus tem porque expressa, ou reflete, Deus. O homem só possui por reflexo; portanto, o homem não tem um atributo que Deus não possua. O homem nunca é fraco ou medroso, pois que reflete onipotência.
Porque Deus é onipresente, o homem, como Sua completa expressão, manifesta onipresença. O homem, por conseguinte, nunca está atrazado nem ausente. Está sempre na presença de Deus. Está sempre fazendo a vontade de Deus, sempre cumprindo o Seu desígnio. O homem está sempre a par de faculdades, qualidades e atributos perfeitos, porque reflete a grande verdade da onisciência, ou tôda Ciência. Então o homem, a idéia divina do Espirito, a Mente, está sempre cônscio da realidade; nunca é ignorante. Manifesta a Mente que tudo sabe.
A Christian Science mostra-nos como por em prática estas verdades absolutas. É possível aprender hoje que mais ou menos nada tem a ver com a infinidade, o Deus perfeito e eterno em quem vive o homem.
Quando alguém nos fala de uma condição errónea, quer nos diga que é êle mesmo ou outra pessoa que a possui, concordou com tal condição. Nós, igualmente, somos tentados a concordar. É tempo, então, de nos inquirirmos a nós mesmos e verificar se é à mente mortal mentirosa ou à Mente divina e infinita que estamos prestando atenção. Não devemos concordar com a mente mortal. É mister, apenas, que saibamos o que a Mente, que é Amor, pode dizer, ver e ouvir. Temos de “aquietar-nos, e saber” (Salmo 46:10). Temos de saber que não podemos ser enganados a ponto de crermos que alguma coisa nos tenha sido acrescentada ou tirada. O reflexo da Mente, isto é, o homem, não tem necessidade de adquirir, nem pode perder, na infinidade. A infinidade é absoluta. Não há nem mais nem menos infinidade, ou Deus.
