A Paciência é muitas vêzes considerada uma qualidade passiva, como a resignação à aflição, o sofrimento silencioso sob repetido infortúnio, a indulgência para com as falhas de nossos entes queridos. É causa para regozijo, porém, que qualquer demonstração de paciência que indique resignação ao mal, em vez de vencê-lo, não é reconhecida na Christian Science como uma virtude. No livro Science and Health with Key to the Scriptures (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras), Mary Baker Eddy declara (pág. 515): “A paciência é simbolizada pela lagarta incansável, que se arrasta sôbre elevados cumes, perseverando em seu intento.”
Muitos grandes caracteres têm vencido excepcionais dificuldades em suas carreiras. Por exemplo, Bach, considerado por uns o maior gênio musical de todos os tempos, teve que transpor muitos obstáculos aos seus triunfos. Êle, porém, persistiu no seu intento de vencer, e aprendeu que “gênio nada mais é que uma grande aptidão para a paciência”.
A qualidade vivificante da paciência é uma característica necessária de todo progresso espiritual. Ela se mostra no amor materno, que labora firmemente por expressar bondade num filho. A verdadeira paciência sempre traz a fé na possibilidade de atingir-se algum objetivo digno; e em submissão a um propósito elevado ela calmamente transpõe mesquinhos obstáculos.
A história da paciência de Jó é muitas vêzes usada como lição para salientar a necessidade da paciência no elaborarmos a nossa própria redenção. É interessante que o nome “Jó”, segundo alguns eruditos, signifique “um que sempre volta para Deus”. Jó foi forçado a aprender que rejeitar ou evitar o mal longe estava de vencê-lo e reduzí-lo a nada. E viu-se também forçado a aprender que o êxito material e a assim-chamada saúde material nunca são capazes de resistir às arremetidas do diabo.
À medida que Jó vislumbrou cada vez mais claramente a verdadeira natureza espiritual de Deus, Sua grandeza e bondade, êle compreendeu mais e mais claramente o quanto era inútil a materialidade, até que por fim exclamou (40:4): “Eis que sou vil.” Com que rapidez se seguiu sua cura, quando, em humildade e arrependimento, purificado êle se submeteu a Deus! Com que facilidade lhe veio a libertação quando, esquecendo-se do eu, seu amor se expandiu e se espiritualizou bastante para orar pelos outros! Porquanto, dizem-nos (Jó 42:10): “O Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos.”
Todo ser humano tem que abandonar, um dia, o estreito sentido da individualidade material e voltar à compreensão de que o homem é o reflexo da Alma infinita. E, nêsse retôrno, aquêle com quem talvez precisemos ter a maior paciência é o nosso próprio eu. Porquanto só o esfôrço persistente pode quebrar o mesmerismo das fraquezas e da cegueira materiais que terão de ser vencidas. Como Jó, podemos exclamar (23:3): “Ah, se eu soubesse onde o poderia achar!” (Bíblia inglêsa.) Mas se uma pessoa persevera, alcançará, como Jó, compreensão esclarecedora (vers. 13): “Êle está em uma mente só, e quem o pode desviar?” (Bíblia inglêsa.)
A paciência de Jesus era o fruto de sua clarividência. Expressando a Verdade, ou consciência de Cristo, sem falhas, êle jamais reconheceu como verdadeiro o fluxo e o refluxo do mesmerismo dos sentidos materiais; por conseguinte, êle sempre foi senhor do seu destino. Êle não mostrou nenhuma paciência nem indulgência para o êrro de qualquer espécie. Mas mostrou paciência infinita na autêntica demonstração de revelar à humanidade a verdadeira natureza do infinito Pai-Mãe Deus, Amor divino.
A crueldade da injustiça, os insultos da malícia, a traição de seus discípulos, até mesmo a crucificação, não foram capazes de toldar-lhe a presença eterna, a realidade viva do Amor onipotente. Êle suportou a cruz “pelo gôzo que lhe estava proposto” (Hebreus 12:2). Seu objetivo foi a demonstração da Vida eterna. Nada o podia dissuadir disto. E êle logrou a maior vitória jamais alcançada — a vitória sôbre o mundo! Comparando-o com Paulo, Mrs. Eddy escreve em Christian Healing, à página 2: “Mas Jesus, o modêlo de paciência infinita, disse: ‘Vinde a mim, todos os que estais cançados e oprimidos, e eu vos aliviarei.’ E isto êle declarou quando curvado sob o fardo da maldade do mundo.”
Um estudo paciente do livro Science and Health está levando uma multidão de estudiosos cada vez maior a escalar os cumes elevados da Mente, onde a totalidade do Amor divino é revelada. Desta maneira, estão em condições de descobrir que a materialidade é uma ilusão e têm uma base para recusar-se a serem enganados por sua natureza mesmérica. Em outras palavras, a Christian Science está ensinando aos que a estudam a obter a clarividência de Jesus, de modo que possam vencer diàriamente cada problema aparente para o gôzo que lhes é proposto.
Graças à Ciência, estamos habilitados a crescer em paciência e compreender como devemos ceder ao poder de Deus. A Christian Science nos ensina não só como ganhar saúde, ou santidade, mas também como conservá-la e nos tornarmos senhores de nosso destino. Que ambição mais alta se pode ter que aprender, por uma vitória paciente, não só a ganhar, mas também a permanecer no “reino dos céus”, que é “o reino da Mente infalível, eterna e onipotente”, para usar apenas parte da definição dada por Mrs. Eddy (Science and Health, pág. 590)! Que demonstração maior poderá a humanidade fazer do que aprender do “seu modêlo de paciência material e como provar a Vida eterna, aqui e agora!
