Um estudioso perspicaz da Bíblia compreende logo que a humildade é uma qualidade necessária para servir Deus e para restaurar para a humanidade a saúde e a harmonia. É uma qualidade inata em todos os grandes caracteres da Bíblia, tais como Abraão, Moisés, José, Daví e Cristo Jesus. A humildade foi exemplificada e realçada em suas vidas. Outras pessoas a que a Bíblia se refere, tiveram que encontrá-la através de amarga experiência. Naamã foi curado de lepra só depois de humildemente ter seguido as instruções de Eliseu, de lavar-se sete vêzes no rio Jordão. Quando Nabucodonosor se tornou humilde, o juízo e o reino, que havia perdido, lha foram restaurados.
Foi a humildade de Jesus que lhe deu a coragem e a compreensão para repelir as diabólicas tentações de usar a habilidade que lhe fôra conferida por Deus, para obter ganho e poder pessoais. As tentações cessaram com sua declaração (Mateus 4:10): “Vai-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a êle servirás.” Pelo humilde desejo de fazer a vontade de seu Pai, êle venceu a cruz e demonstrou o caminho da vida eterna para a humanidade.
Mary Baker Eddy, falando da humildade, diz em seu livro, Miscellaneous Writings (Escritos Miscelâneos), à página 356: “Esta virtude triunfa sôbre a carne; ela é o gênio da Christian ScienceNome dado por Mary Baker Eddy à sua descoberta (pronunciado: Crístien Çá'iens). A tradução literal destas palavras é: Ciência Cristã.. Nunca se pode subir, sem antes ter descido em sua própria estima. A humildade é a lente e o prisma que levam à compreensão da cura pela Mente; é preciso humildade para compreender nosso livro-texto; ela é indispensável para o crescimento pessoal, e aponta a carta de seu Princípio divino e a regra prática.” Nêste trecho, nossa Líder torna claro que a humildade é indispensável para a compreensão e a prática da Christian Science.
O segrêdo da humildade encontra-se nos dois mandamentos de Jesus: “Amarás ... ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de tôda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de tôdas as tuas forças,” e: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12:30, 31). A humildade e o amor são inseparáveis.
A humildade cristã começa com o amor a Deus e diz (Lucas 22:42): “Não se faça a minha vontade, senão a tua.” Ela exemplifica a verdadeira individualidade do homem como imagem e semelhança de Deus, o Amor divino, dentro do qual a imagem não pode fazer outra coisa a não ser o que o original faz. Portanto, o homem real, a idéia-Cristo, não tem vontade ou poder para fazer alguma coisa a não ser expressar a natureza e a atividade de seu Criador.
Deus é Amor; por isso Sua vontade tem de ser manifestada naquilo que é amoroso, digno de amor, amável e amado. Êste fato é corroborado pela essência dos dois mandamentos de Jesus, já mencionados. Não é a obediência a êsses mandamentos essencialmente amor em tôdas as suas variadas manifestações?
É necessária a humildade para amar da forma pela qual Jesus ensinou. De fato, o único meio pelo qual podemos amar é como Deus ama, porquanto o homem O reflete. Deus conhece o homem tal como Êle o criou: inteligente, desinteressado, são e inteiramente bom. É preciso, então, que o conheçamos assim. Não é necessário humildade para identificar dessa maneira o nosso semelhante? O egoísmo, a superioridade, o atribuir-se importância a si mesmo, talvez se levantem contra tal modo de proceder, mas é preciso que sejam silenciados para fecharmos a porta ao sentido material e suas falsas imagens e escancará-la aos verdadeiros quadros do sentido espiritual. À medida que a humildade traz consigo uma compreensão mais clara de amor, começa a dissolver-se o duro núcleo da materialidade — vontade-própria, justificação de si mesmo e amor-próprio. Achamos então mais fácil amar o nosso próximo. Começamos a ver que a verdadeira individualidade de nosso próximo tem a mesma origem que a nossa própria, porquanto êle, também, é a idéia do Princípio divino, Amor.
O reconhecermos a perfeição e a integridade de nosso próximo segundo a Ciência, é, verdadeiramente, uma indicação de nosso amor por Deus. Tudo o que o homem é e possui é derivado de Deus, por reflexo. A Deus, o único criador e legislador, pertencem a glória, a honra e o poder que são do homem.
A humildade faz que possamos confiar nossa família, nosso lar, nossa igreja, nosso negócio e nossos animais caseiros à orientação e ao cuidado de Deus. O falso sentido de responsabilidade desaparece, quando nos capacitamos de que a Mente onipotente e onipresente governa, guia e protege inteligentemente suas idéias. Deus mantém tôda a Sua criação quanto à integridade e à perfeição. A aceitação destes fatos faz que êles apareçam em nossa vida, e apaga a vontade-própria e seus eventuais frutos de infelicidade, decepção e fracasso.
Deus ama todos os Seus filhos por igual; por isso, a humildade não aquinhoa ninguém com uma filiação de segunda classe com Deus por causa de raça ou de credo, de educação ou de cabedal de família. A compreensão de que, de fato, não há homem algum a não ser a imagem de Deus, remove a crença adâmica que poderia prender-nos às pretensões da mortalidade, e ao mesmo tempo esta admissão nos ajuda a pôr nosso irmão em liberdade.
Pode ser que não percebamos alguma falta de humildade, mas nosso desejo sincero de servir Deus melhor, aliado ao nosso estudo e prática diários da Christian Science, nos abrirá os olhos para as formas súteis do orgulho e da vontade-própria, logo que estejamos preparados para compreendê-las a vencê-las.
“Humilhai-vos pois debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte” (I Pedro 5:6). Tereis então restabelecido para vós a consciência de vossa verdadeira individualidade e herança, como está descrito no primeiro capítiulo do Génesis, em que Deus fêz o homem à Sua imagem e semelhança, e o abençoou, e lhe ordenou: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a.”
