Há muitas pessoas que não fazem distinção entre as palavras "Cristo" e "Jesus", e por isso usam estas palavras como têrmos sinônimos. Mrs. Eddy escreve no livro-texto da Christian Science, Science and Health with Key to the Scriptures—Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras—(p. 333): "A palavra Cristo não é pròpriamente sinônimo de Jesus, embora comumente seja usada como tal. Jesus era um nome humano, que lhe pertencia em comum com outros meninos e homens hebreus, pois é idêntico com o nome de Josué, o famoso líder hebreu. Por outro lado, Cristo não é um nome, é mais o título divino de Jesus. Cristo expressa a natureza espiritual e eterna de Deus."
Maior esclarecimento encontrase nesta definição (ibid., p. 583): "Cristo. A manifestação divina de Deus, que vem à carne para destruir o êrro encarnado."
Há um só Deus e um só Cristo. Uma função ou encargo do Cristo é expressar a natureza divina de Deus. Deus está sempre presente; por isso o Cristo, a manifestação divina de Deus, também está sempre presente. A unidade de Deus e Seu Cristo é indestrutível. Lemos na Bíblia (João 1:1): "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." O Verbo—o Cristo, Verdade—é coexistente e coeterno com Deus.
No Velho Testamento lemos a respeito de profetas e patriarcas que haviam tido vislumbres ocasionais do Messias, ou Cristo, que os dotara de visão espiritual e poder curativo e os capacitara a expressar em graus variados a natureza de Deus. Jesus era de mentalidade tão espiritual, que manifestava ou expressava o Cristo em tôda a sua extensão e dêste modo era chamado Cristo Jesus. O Cristo é divino, espiritual, invisível e eterno; enquanto Jesus era humano, corpóreo, visível e temporal.
É o Cristo, a Verdade, que cura. A personalidade corpórea de Jesus não curava ninguém. O Cristo, que animava Jesus, dotou-o com a compreensão espiritual do que é Deus e do que é o homem; êle o habilitou a curar os doentes e a destruir o êrro.
Cristo Jesus sabia que, aquilo que parecia um mortal doente, cego, demente, pecaminoso, ou moribundo, era meramente a falsa evidência dos cinco sentidos materiais—falsa evidência que devia ser rejeitada e negada. Sua consciência-Cristo sempre considerava o homem eternamente espiritual e perfeito, a imagem, semelhança, ou reflexo de Deus. Em cada incidente de cura, o Mestre provou a verdadeira natureza de Deus e do homem.
Por ser Deus perfeito, o homem, Sua manifestação, também é perfeito. Por isso, o homem real não precisa ser curado, melhorado, reformado ou regenerado. A humanidade não é perfeita, mas tem de elevar-se, pouco a pouco, à perfeição. Adquirir perfeição não é obra de um momento, mas exige um esfôrço constante para se tornar mais semelhante ao Cristo em cada pensamento, em cada palavra e em cada ato.
Aprendemos na Christian Science que todo êrro,—desarmonia, pecado, molestia e morte—é a evidência dos cinco sentidos materiais, o oposto da Verdade, a dessemelhança da Verdade. Aprendemos, também, que o êrro parece verdadeiro, mas não é; que o êrro pretende ser alguma coisa, mas nada é; que o êrro é inverídico, irreal, porque a Verdade não tem oposto. Precisamos levar avante, firmemente, o trabalho de espiritualizar nossa consciência, de tornarmo-nos semelhantes ao Cristo, até que tenhamos provado a totalidade da Verdade e a nulidade do êrro.
Uma vez reconhecido o êrro que tem de ser desarraigado de nossa consciência, devemos com alegria levar avante a tarefa. À medida que refletirmos tais qualidades divinas como saúde, fôrça, pureza, destemor, sabedoria, amor e justiça, e que com firmeza barrarmos de nossa consciência as ímpias sugestões de mêdo, doença, pecado, engano, falta, inveja, tristeza ou morte, compreenderemos que nossa consciência está gradualmente se espiritualizando. Estamos expressando cada vez mais o espírito do Cristo em nosso pensamento. Acharemos que "nos revestimos do Cristo" (Gálatas 3:27) na mesma proporção em que nos tivermos despojado do êrro.
Veremos maiores evidências das qualidades do Cristo em nossa vida diària, à medida que manifestarmos bondade, humildade, compaixão, e à medida que falarmos palavras mais cristãs. À medida que expressarmos desprendimento, honestidade e sabedoria, praticaremos ações mais consentâneas ao espírito de Cristo e realizaremos curas mais rápidas através do poder-Cristo.
Certa manhã em que havia geado e em que eu ia descendo a ladeira rumo à estação ferroviária, tropecei num consêrto que havia sido feito na estrada e que o gêlo cobrira. Ao procurar recuperar o equilíbrio, escorreguei desabaladamente ladeira abaixo, acabando por levar violentíssima queda. A frente de uma de minhas pernas chocou-se com a borda do meio-fio de pedra. A princípio, pareceu-me impossível prosseguir meu caminho. Mas, compenetrando-me de que era meu dever ir ao escritório fiz uma tentativa e, com a maior dificuldade, consegui alcançar a estação ferroviária. Lá chegando, verifiquei que a carne estava muito contundida e descorada. Êste aspecto, porém, não me causou a mínima inquietação.
Depois de declarar a presença eterna do Cristo, excluí êsse estado de minha consciência. Então, como de costume, li o Christian Science Sentinel durante a viagem de vinte e cinco minutos até a cidade. Ao atingir o trem seu ponto de destino, pude andar com facilidade. Chegada que fui ao escritório, senti-me impelida a examinar a perna e vi, com gratidão, que as graves contusões estavam completamente saradas, e que todo o descoramento havia desaparecido.
Nossa meta deveria ser adquirir uma compreensão mais completa, mais clara e mais demonstrável do Cristo, "a manifestação divina de Deus, que vem à carne para destruir o êrro encarnado".
