Grande parte do pensamento humano nos Estados Unidos, hoje em dia, ocupa-se da batalha contra a probeza. Essa batalha constitui a manifestação de uma terna preocupação com o próximo. Visa aliviar, mediante medidas sociais e econômicas adequadas, as graves provações que as rápidas mudanças tecnológicas trouxeram para muitas pessoas, embora não por culpa destas.
Fornecer alimentos, abrigo, oportunidade de trabalho e instrução para as crianças é uma obrigação humana importante e premente. Se, porém, deve haver uma cura permanente para a carência, a privação, a desesperança, a luta contra estas coisas deve ser conduzida à causa radical de tôdas elas: à noção mortal, errônea acêrca do ser, com suas limitações intrínsecas. A fim de ter êxito, êsse esfôrço deve basear-se no discernimento da verdadeira natureza do próprio problema.
A batalha contra a pobreza, baseada da definição correta de pobreza, não é nada de nôvo na Ciência Cristã. Essa Ciência ensina que a pobreza é primàriamente uma qualidade do pensamento humano, e não uma falta ou escassez de matéria sob forma alguma, nem em qualquer sentido, e que portanto, a presença da matéria em qualquer quantidade não constitui a verdadeira riqueza. A pobreza é um dos produtos da falsa noção material acêrca da Vida e de seus recursos sempre presentes. Essa pobreza de compreensão pode obter expressão, no plano humano, sob a forma de alguma necessidade básica insatisfeita, ou sob a forma de um conceito limitado de saúde, ou como capacidades inadequadas, falta de oportunidades ou necessidade de iniciativa e energia para melhorar nosso destino.
A pobreza crônica é irmã gêmea da submissão crônica a uma crença material falsa. Isso ocorre especialmente em regiões do mundo onde a resignação à pobreza e à doença constitui parte dos ensinamentos religiosos predominantes entre as multidões.
A Ciência Cristã aceita a declaração de Paulo, que reconhecia que, se bem que a vida humana pareça material, as provações que apresenta não podem ser realmente enfrentadas por caminhos e métodos da matéria. O Apóstolo escreve (II Coríntios 10:3–5): "Embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas: anulando sofismas e tôda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo." Eliminar a ignorância humana quanto ao Princípio divino é curar o empobrecimento causado por essa ignorância.
Uma vez que a pobreza é parte do conceito falso acêrca do ser, o despertar para o conhecimento da verdade do ser extermina essa pobreza. Não há pobreza onde há uma compreensão científica sobre a amplitude do Amor divino e da riqueza refletida do homem, o filho de Deus. Nenhuma sensação de carência ou de insegurança escraviza a consciência que alcançou um vislumbre do Cristo e que, elevando-se à altitude dêste, está sendo enriquecida com a compreensão da realidade absoluta da única Vida infinita, a sustentar incessantemente suas próprias expressões.
É digno de nota o fato de que, apesar de a Bíblia fazer inúmeras referências aos pobres, não há relato algum de alguém que tenha pedido a Jesus que lhe sanasse a pobreza. Considerando o baixo nível de subsistência de boa parte da população de Judá e de Israel naquele tempo, não poderíamos concluir que a clara compreensão do Mestre acêrca do Cristo, a Verdade, soerguia aquêles que procuravam cura física, e os tirava de sua resignação ao mal, e assim destruía também sua sensação de pobreza?
A convicção científica da ação eficaz do Cristo, a Verdade, que nos traz a compreensão da riqueza da Vida, é um constante fornecedor do bem para aquêles que chegaram a compreender, e portanto aceitaram para si mesmos, a verdade espiritual acêrca de sua herança inexaurível, como filhos de Deus. Novamente, nas palavras de Paulo (Romanos 8:16, 17): "O próprio Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo."
Enquanto se acreditar que o suprimento é material em sua natureza e origem, será medido pela matéria, que é a essência da limitação; seja muito, seja pouco, é sempre uma certa quantidade. Êsse conceito limitado, confuso, poderia levar quem vive de acôrdo com êle a amedrontadamente economizar e entesourar, apesar da presteza do Amor divino em dar. Um homem dêsse tipo é realmente pobre. A compreensão correta acêrca da substância, por outro lado, lhe permitiria dar fartamente, sem medo de diminuir seu próprio suprimento de toda forma necessária de bens. O autor de Provérbios sabia disso, pois disse (11:24, 25): "A quem dá liberalmente ainda se lhe acrescenta mais e mais, ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda. A alma generosa prosperará, e quem dá a beber será des-sedentado."
Não é o mêdo à pobreza, e sim a compreensão acêrca da presença espiritual infinita do bem, e a aplicação vital e inteligente dessa compreensão, o que faz desaparecerem do pensamento humano as crenças em carência ou escassez. Assim suas objetificações desaparecem da existência humana.
Mas a busca de suprimento material meramente com o fim de acumular, não constitui realmente a busca da riqueza, mas da pobreza — pobreza de alegria e de utilidade. "Aquêle que tem os olhos invejosos corre artás das riquezas, mas não sabe que há de vir sôbre êle a penúria" (Provérbios 28:22).
A Ciência Cristã oferece a todos a oportunidade de compreenderem cientificamente o ser imutàvelmente completo, a natureza da Vida que satisfaz totalmente, e nossa própria ligação direta com sua substância infinita, por sermos reflexos ilimitados de Deus. Essa compreensão dissipa o sonho crônico de carência, à medida que o estudioso toma consciência do cuidado que o Amor lhe dispensa, através da disponibilidade prática da abundância da Vida. É essa a maneira de vencer a guerra contra a pobreza de qualquer espécie e de começar a participar de uma rica experiência fartamente mantida com tudo o que é bom e belo, com tudo que precisamos para exemplificar nossa verdadeira condição de herdeiros de Deus. As riquezas infinitas da Mente divina são nossas, para as usarmos e compartilharmos, em benefício tangível de nós mesmos e de todos os homens.
Mary Baker Eddy salienta o caminho da vitória individual na guerra contra as pretensões da pobreza, ao dizer, em Miscellaneous Writings — Escritos Diversos, p. 306: "Diz o salmista 'aos seus anjos dará ordens a seu respeito.' Deus vos dá Suas ideias espirituais, e em troca, estas vos dão suprimentos diários. Não vos inquieteis pelo amanhã: basta-nos o fato de que o Amor divino é uma ajuda sempre presente; e se esperardes, sem jamais duvidar, tereis tudo que necessitais, a cada momeno. Que gloriosa herança nos é dada através da compreensão do Amor onipresente! Mais, não podemos pedir: mais, não necessitamos; mais, não podemos ter. Essa doce certeza é o 'Aquieta-te, emudece', a todos os medos humanos, ao sofrimento de qualquer espécie."
