Enquanto não alcançarmos a compreensão do que constitui a verdadeira maturidade, estaremos todos sujeitos, até certo ponto, à crença de que possa o desenvolvimento independer de controle, de amor e determinação.
Diz Mrs. Eddy, à página 206 de Miscellaneous Writings — Escritos Diversos: "As etapas de progresso da Ciência Cristã são alcançadas através de desenvolvimento, não de acréscimo; a ociosidade é inimiga do progresso. E o desenvolvimento científico não manifesta fraqueza, emasculação, visão enganadora, devaneios ou insubordinação às leis existentes, nem perda ou carência do que constitui o verdadeiro 'status' de homem."
A experiência que vou relatar ajudou-me a compreender a verdade dessa declaração. Algum tempo atrás havia eu planejado passar um dia no campo. Sabendo disso, meus filhos mais velhos, que estavam em gôzo de férias escolares, convidaram alguns colegas para passarem a tarde conosco. Entretanto, pouco antes da hora do almoço recebi um telefonema da cidade. Tornara-se necessário que eu voltasse imediatamente para tratar de um negócio. Não me sentia, absolutamente, inclinada a deixar alguns adolescentes a sós durante as três horas em que me ausentaria de nossa residência semi-campestre.
Mas, afinal, por se tratar de assunto urgente, decidi ir, levando comigo nosso filho menor. Senti-me ainda mais insegura por ter encontrado os visitantes à porta da casa — pois que se haviam pôsto a caminho com uma hora de antecedência. Chegando à estação, e notando que deveríamos esperar pelo trem durante algum tempo, sentei-me e pus-me a raciocinar como aprendemos na Ciência Cristã.
Em ocasião anterior, os jovens visitantes tinham-se tornado um tanto excessivos em sua animação: algumas árvores valiosas haviam sido danificadas e um animal favorito da família fora atormentado a ponto de quase enfurecer-se, antes de minha intervenção. Hoje, porém, minha influência controladora estava ausente e, por isso, orei em busca de orientação.
Lembrei-me da conhecida história bíblica de Maria e José, que sentiram grande ansiedade ao notarem, ao cabo de um dia de viagem, quando regressavam de Jerusalém, que não encontravam Jesus, que tinha então doze anos. Recordei-me de que durante três dias o procuraram ao longo da estrada percorrida e na cidade de Jerusalém, até que finalmente o encontraram no templo. Quando Maria o censurou, dizendo: "Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura" (Lucas 2:48), Jesus respondeu (v. 49): "Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?"
Então compreendi de quantas horas de busca penosa podemos poupar-nos se, ao procurarmos estar próximos e unidos às pessoas jovens, formos diretamente ao templo, ou "santuário do Amor", uma das definições de "santuário", dada por Mrs. Eddy (Ciência e Saúde, p. 595). Preocupar-se, duvidar por um momento de que o homem possa fazer alguma coisa senão estar na casa de seu Pai, é expressar a mesma incerteza adolescente que condenamos.
O que os jovens respeitam acima de tudo talvez seja a confiança. Não a autoconfiança da pessoa egotista, mas a qualidade espiritual que Jesus manifestou quando disse, com a humildade de quem se conhecia a si mesmo: "Tôda a autoridade me foi dada no céu e na terra" (Mateus 28:18). Essa autoridade residia em sua habilidade de ver e reconhecer somente o bem, e todos nós podemos, até certo ponto, imitar seu exemplo maravilhoso.
Acaso nos reconhecemos culpados por haver dito alguma vez: "Espero que meu filho venha a amar a Ciência Cristã quando se tornar adulto, mas, naturalmente, a escolha depende dêle"? Geralmente esse modo de ver origina-se da crença que têm os pais de que haja em seu filho alguma resistência real à Verdade. Não seria então indispensável irmos sem demora ao encontro dêsse adversário e entrarmos em acôrdo com êle (vide Mateus 5:25), de preferência a nos permitirmos ficar alimentando uma dúvida oculta através dos anos?
Considerar tal resistência como um fato e então perguntar "Por que isso?", é condenar-se a si mesmo a descer, em busca vã, o caminho das conjeturas humanas, do qual se estendem as vielas sem saída da hereditariedade, do ambiente, da falsa educação, e assim por diante. Retornemos, pois, ao templo onde o homem da criação de Deus se encontra para ser condicionado pelo "sentido espiritual" que, segundo diz Mrs. Eddy, em Ciência e Saúde (p. 209), "é uma capacidade consciente e constante de compreender Deus."
Talvez imaginemos que enquanto nossos jovens estiverem sob nosso teto eles se comportarão com prudência, e que, ao saírem para o mundo, estarão sujeitos a tentações ou se tornarão negligentes e preguiçosos. Se assim pensamos, precisamos voltar ao templo imediatamente, para, nesse "santuário do Amor", encontrarmos um conceito mais verdadeiro acêrca de lar, ou harmonia, do qual o verdadeiro homem nunca está e nem pode estar afastado, por ser êsse lar a sua morada eterna.
Na ocasião a que me referi, êsse raciocínio repreendeu severamente a minha crença de que o pensamento dos adolescentes é imaturo, e logo senti uma sensação de grande paz e alegria. Notei pela primeira vez a beleza do dia e as faces felizes das crianças que nos rodeavam. De volta à casa de campo, encontramos tudo em ordem. Os visitantes, depois de uma alegre partida de criquete, haviam partido; e nossos filhos, tendo concluído, sem que lhes pedisse, algumas tarefas que eu deixara por fazer, estavam lendo tranquilamente.
Outras visitas de adolescentes ao nosso lar nos provaram que quando logo procuramos encontrar no templo a sua verdadeira natureza, podemos dizer dêsses jovens, como foi dito de Jesus, que êles crescem "em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens" (Lucas 2:52).
