A fim de entender a verdadeira identidade, precisamos ter um ponto de vista indiviso e espiritual. As palavras de Jesus (Mateus 6:22): “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso”, focalizam êsse assunto. Em cada cura realizada graças à Ciência Cristã, alguém deve ter entendido que há um só Pai divino, o Pai-Mãe Amor, e sòmente uma criação divina. Essa compreensão mostra a luz do Cristo descendo sôbre a consciência humana diante da qual a sugestão de dualismo se desvanece.
O dualismo é a doutrina de que haja dois elementos antagônicos no universo, o bem e o mal, e que, em razão disso, o homem tem duas naturezas, uma física e outra espiritual. Essa doutrina sugere duas realidades, duas identidades. Uma delas supõe-se ser uma criação material, sempre necessitando de que algo lhe seja feito, a fim de tornar-se harmoniosa. A outra — a criação espiritual — é normalmente encarada como sendo algo que existe em algum lugar distante, e que aparecerá em data futura.
Graças à Ciência Cristã, podemos compreender que não há um momento abrupto quando uma criação repentinamente pára, e a outra, desconhecida e estranha, aparece. O mêdo de perder a identidade mortal com os seus prazeres superficiais dissolve-se à medida que a identidade espiritual torna-se evidente na consciência, e as dores e os sofrimentos, então, desaparecem.
O conceito material de existência continuará enquanto nos apegarmos a pensamentos mortais. Mrs. Eddy faz esta declaração em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (p. 114): “A Ciência mostra que o que se chama matéria é apenas o estado subjetivo daquilo que a autora chama mente mortal.” O estado subjetivo, ou matéria, é tão material como o é o conceito mortal do pensamento. Não haverá mudança repentina. Sòmente à medida que a mente mortal ceder à identidade espiritual é que ocorrerá uma modificação. Não necessitamos preocupar-nos sôbre como nos manteremos apegados à matéria, mas sim, precisamos entender a identidade espiritual e dêsse modo deixar que o materialismo saia com naturalidade do pensamento.
O abandonar a crença mortal nada tem a ver com a morte. A conquista de um falso conceito de identidade, uma rendição à Verdade e ao Amor, traz um conceito mais completo de Vida, e resultará em ascensão. O ceder ante a Mente única é uma experiência gradativa. Contudo, o diminuir a confiança na matéria traz domínio sôbre ela exatamente naquele ponto em que nos encontramos, e aí começamos a ver algo da identidade espiritual.
A identidade espiritual é eterna. A eternidade é agora. Aparece através do eterno desdobrar do Cristo em nossa consciência. Pelo fato de que a eternidade é espiritual, a eternidade não se encontra no materialismo.
A identificação com a natureza do Espírito é inteiramente separada da doença, do pecado, do mêdo à doença, ou do mêdo à morte. Nem ódio, vontade própria, autocompaixão, egoísmo, ou orgulho se encontram na natureza de Deus, nem em seu reflexo. Êsses pensamentos não iluminados são meras sugestões da mente carnal, a qual nos quer impedir de ver o verdadeiro caráter do homem. Não podem ser as características reais, porque não refletem o caráter divino, em nenhum momento. Tôdas as formas de discórdia ou imperfeição, inclusive aquelas tidas na conta de hereditárias, não têm lei que as sustente porque são apenas sugestões da ausência da única Mente divina e da idéia perfeita da Mente.
Uma idéia espiritual não descende de mortais. Seu parentesco é com seu Pai-Mãe Amor. Herda todo o bem que procede de seu Pai-Mãe Amor. Nenhuma sugestão da mente carnal pode, jamais, mudar o fato divino.
As pessoas ficam, amiúde, imaginando como podem reconhecer sua verdadeira identidade. É possível que surja a pergunta: “Se a matéria não é real, então o que é real, agora, em minha existência atual?” É o caráter que é real — aquilo que expressa as qualidades de Deus — a verdadeira identidade espelhando a natureza de Deus, agora mesmo. É a única evidência substancial e tangível de identidade, a qual todos nós temos, sempre tivemos e sempre teremos. Devemos preocupar-nos com o verdadeiro caráter. Aquilo que denominamos edificação do caráter é, na realidade, a revelação de nossa verdadeira identidade espiritual, a qual é a idéia de Deus, amável, digna de amor e amada.
