Há muitos anos já vem sendo reconhecido que o abuso de drogas é um mal. E recentemente vem crescendo a oposição ao uso do cigarro. Mas por que se diz tão pouco contra as bebidas alcoólicas, e se faz tão pouco nesse sentido? As bedidas alcoólicas constituem um flagelo que faz vítimas em tôdas as camadas sociais. O álcool, por si só, já é um narcótico. Êle debilita a saúde, perturba a vida em família, arruína carreiras promissoras, custa milhões à indústria com pessoal que falta ao serviço, ou com trabalho mal feito. E como bem o esclareceu uma série de artigos em The Christian Science Monitor, o álcool causa milhares de acidentes fatais nas rodovias.
O coquetel é geralmente aceito como um prazer social agradável, que estimula e repousa, e é um lubrificante para o convívio social. Mas já está na hora de a sociedade começar a aquilatar os efeitos do álcool com as mesmas medidas que usa para avaliar os efeitos das drogas e do fumo. É bem conhecido o fato de que a pessoa viciada em bebidas alcoólicas tem um desejo tão grande pela bebida, como um viciado em drogas o tem por heroína ou como um fumante inveterado o tem pelo cigarro. Em cada um dos casos, a menos que seja destruído tal apetite, o vício envolve completamente a sua vítima e lhe causa sérios danos.
Qualquer pessoa de sã consciência deplora êsses resultados. Mas que dizer da pessoa que bebe com moderação? Será que ela se dá conta de que alguns goles de bebida antes de pegar na direção de um carro podem afetar tanto a sua capacidade de tomar decisões, que ela e seu veículo tornam-se uma espécie de míssel letal incertamente guiado?
Ora, não é para causar espanto, então, que a Ciência Cristã tome uma atitude tão forte contra todos os intoxicantes. Mary Baker Eddy afirma inequivocamente em Miscellaneous Writings (Escritos Diversos, pp. 288, 289): “Tudo aquilo que intoxica um homem, o estultifica e o faz degenerar-se física e moralmente. A bebida alcoólica é sem dúvida um mal, e o mal não pode ser usado com sobriedade; seu uso, por menor que seja, é um abuso; portanto, a única maneira de estar sóbrio é a abstinência total.”
Esta Ciência não sòmente opõe-se aos intoxicantes e os denuncia, mas o que é mais importante, ela mostra à humanidade como livrar-se de suas garras mesméricas, quer se apresentem como um hábito social, quer como um vício. Muitos estudantes de Ciência Cristã têm-se libertado dessa servidão, à medida que alcançaram uma compreensão mais clara de sua verdadeira individualidade espiritual e de sua inerente união com Deus, o único Espírito ou Alma, que satisfaz completamente. Êles comprovaram a verdade das palavras do Apóstolo Paulo: “Andai no Espírito, e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gálatas 5:16).
Andar com Deus é reconhecer que Êle é o Princípio divino de todo pensamento e de tôda ação do homem. É compreender que Êle é a Mente divina, a substância, a Vida, e a inteligência do homem. Êsse conceito de coexistência com Deus, ou unicidade com Deus, purifica e satisfaz o pensamento humano, expungindo os falsos apetites. Num parágrafo sob o título marginal “Vida só no Espírito”, no qual ela se refere às palavras de Paulo acima citadas, Mrs. Eddy escreve: “Mais cedo ou mais tarde, aprenderemos que os grilhões da capacidade finita do homem são forjados pela ilusão de que êle vive no corpo em vez de na Alma, na matéria em vez de no Espírito” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 223).
A bebida alcoólica aperta ainda mais os grilhões. Uma pessoa pode ingerir álcool moderadamente, jamais se embriagando — talvez tomando um cálice de bebida antes do jantar, ou bebendo vinho ou cerveja durante a refeição — e pensar que êsse hábito é normal e inofensivo. Até mesmo pode ter o bom senso de nunca dirigir veículos após ter tomado alguma bebida alcoólica. Mas, inconscientemente, tôda vez que bebe, está reforçando a crença de que a matéria tem vida e sensação, de que é um mortal limitado sujeito ao pecado, à doença e à morte. Estará assim permitindo que uma forma sutil de sensualidade obscureça a visão saudável da realidade, expulsando, em crença, o verdadeiro conceito da inteireza do homem existente na única Alma infinita e dela fazendo parte.
E, ademais, a Ciência Cristã ensina os mortais que a coragem não se encontra dentro de uma garrafa. Ninguém poderá afogar seus temores na embriaguês, ou com alguns tragos vencer sua timidez. O problema ainda permanece à sua volta e fica pior porque a bebida alcoólica enfraquece o moral. Qualquer alívio temporário que parece oferecer, logo se torna algo ridículo, e a pessoa fica mais fraca do que antes. O verdadeiro rumo a seguir é encontrar a tranqüilidade interna do sentido espiritual que nos habilita a enfrentar com calma qualquer eventualidade. O reconhecimento humilde de que o homem real é espiritual e reflete a Mente divina, transmite verdadeiro equilíbrio e felicidade. É a salvadora idéia-Cristo, a sanadora água da Vida, que dava poder a Cristo Jesus. Êle disse (João 7:37): “Se alguém tem sêde, venha a mim e beba.”
Devemos esforçar-nos para viver o espírito de Cristo, a Verdade, porque nas palavras de Paulo é preciso tomar o propósito de não pormos “tropêço ou escândalo” ao nosso irmão (Romanos 14:13). Temos de compreender que nossa conduta está sendo observada por amigos e parentes. Sem qualquer sentimento de pedantismo, trabalhamos para que nossa própria vida isenta de máculas, feliz e radiante, seja um argumento persuasivo a favor da abstinência total. Sabemos muito bem que a fortaleza de caráter não se origina em nós, mas é a evidência humana de que o homem depende inteiramente de Deus.
E por fim, mas sem dúvida não menos importante, devemos reconhecer que as grandes verdades que nos têm protegido da servidão ao álcool, podem fazer o mesmo por todos os homens, em tôda parte. Quer êste mal nos apareça sob a forma de um anúncio luminoso ou de um motorista embriagado, é uma mentira a respeito da criação pura e perfeita do Amor. Êle tem de ser rejeitado firmemente e o fato de que Deus é Tudo deve ser afirmado como lei. Cada pensamento imbuído de verdade é eficaz, e faz com que o dia da liberdade universal se aproxime mais ràpidamente.
