A Ciência Cristã por vêzes é falsamente encarada como uma forma de se obter ajuda de Deus a fim de satisfazer nossa própria vontade. Essa falsa representação surge muitas vêzes quando se trata de encontrar um lugar. Alguém deseja encontrar o lugar ou a circunstância material que lhe traga mais proveito, mas não quer aceitar totalmente as palavras de Paulo: “Pois nêle [Deus] vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 17:28).
A pessoa julga encontrar uma acomodação feliz na crença de que Deus a dirige ao “lugar certo”, mas o lugar que essa pessoa tem em mente não é a morada espiritual do homem, mas sim um local na vida material da qual Deus não tem conhecimento. Por isso essa crença é autodecepcionante. E quando a pessoa constata que o lugar ou a circunstância em que se encontra e para onde julgava ter sido guiada por Deus, não é nem o local nem a circunstância ideal, fica completamente confusa.
A Ciência Cristã na verdade nos capacita a encontrar o nosso lugar na vida humana. Mas ela o faz numa base espiritual e científica. Essa base é a verdade sôbre Deus e o homem, isto é, Deus, a Mente divina, e o homem, a idéia espiritual da Mente. “A exposição científica relativa ao ser” que se encontra no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria de Mary Baker Eddy, começa com as seguintes palavras (p. 468): “Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria. Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-emtudo.”
A Mente infinita só tem conhecimento do que nela se encontra ou dela procede. O que humanamente manifestamos parece incluir muita coisa de que essa Mente infinita não tem conhecimento — isto é, muita matéria. Mas a Ciência Cristã mostra-nos que se compreendermos que a matéria nada mais é do que uma ilusão mental, e que a vida, a verdade, a inteligência, e a substância existem inteiramente na Mente, essa compreensão nos fará despertar para aquilo de que Deus tem conhecimento em nossa existência humana — isto é, as qualidades próprias da Mente. E à medida que reconhecemos essas qualidades como nossas próprias (pois somos idéias da Mente), podemos usá-las para perscrutar os caminhos futuros e ver quais são os bons e quais os maus caminhos.
Realmente, o único lugar para uma idéia da Mente é na consciência da Vida divina, do Amor divino, da Verdade divina, de Deus, em quem nós vivemos. Êsse lugar nada tem a ver com locais ou com circunstâncias materiais.
Na medida em que a pessoa está consciente de si mesma como idéia da Mente, independente de onde se encontre humanamente, está consciente de si mesma — está em seu lugar certo. Não há outra maneira de se estar no lugar certo. “Não há vida (.. .) na matéria”, portanto não há lugar certo, na matéria. A compreensão dêsse fato leva o indivíduo necessàriamente a circunstâncias melhores.
A chave da demonstração humana da verdade do lugar espiritual que nos compete de direito, é a mansidão. Cristo Jesus disse (Mateus 5:5): “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” Ora, se herdamos a terra, não pode haver lugar algum na terra que nos cause problemas. A mansidão vem ao reconhecermos que a terra, como matéria, não é algo que se tenha de temer ou com o qual ficar impressionado. O fato de nos encontrarmos aqui ou acolá, na terra, é de pouca importância comparado com onde nos encontramos, conscientemente, em relação à realidade divina.
Consideremos o que isso pode significar para alguém que esteja para escolher uma carreira. Haverá uma carreira “certa” para essa pessoa, uma carreira que Deus lhe revelará, se essa pessoa orar? Ou, será que o acêrto na escolha de uma carreira é determinado pelas qualidades do ser real que essa pessoa manifesta ao preparar-se para essa carreira? Muitos dos Cientistas Cristãos realmente ativos que eu conheço, constataram que na hora de decidir-se havia várias possibilidades para êles, sendo que mais de uma dessas possibilidades dariam certo.
Mas os Cientistas obtêm uma visão clara em cada caso, quando percebem que os objetos humanos ou a orientação humana são realmente de pouca importância. Somente as qualidades da inteligência divina e do Amor é que importam. Alguém que manifeste aquela espécie de mansidão que busca encontrar vida, verdade, inteligência e substância na Mente e se recuse a procurá-las na matéria, encontra a terra iluminada de tal maneira que dará seus passos sob a luz. É algo parecido como quando “Disse o Senhor a Abrão (.. .): Ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque tôda esta terra que vês, eu ta darei” (Gênesis 13:14, 15).
O passo humano, o local físico ou geográfico, as associações humanas, as amizades, a adaptação, o trabalho a ser realizado, os talentos a serem manifestados — tudo isso acha-se ao nosso dispor como parte integrante da terra que herdamos, se aceitamos apenas o fato de que tudo o que é real não pertence a pessoas, mas sim à Mente divina.
À medida que procuramos viver só em Deus, e para Deus, depositando confiança nÊle de tal forma que não sentimos necessidade de nenhum outro lugar certo além da consciência de vida em Deus, encontramos caminhos humanos melhores, usamos mais vêzes e de maneira mais satisfatória os talentos que a Mente nos dá. Se o local humano ou a circunstância humana em que nos encontramos carece de algo vital, sabemos bem que não adianta acedermos em gastar tempo procurando imaginar o que estava errado; pois estaremos ocupados a procurar e a encontrar as qualidades de nosso ser real, a consciência do Amor divino, que está sempre certa. Então, ao descobrirmos o que procuramos, o conceito humano de coisas cede ante a realidade divina, e encontramos também nosso lugar humano certo.
