Uma senhora, enquanto caminhava por uma alameda de jardim, foi surpreendida por um filhote de passarinho que passou planando bem perto dela. A mãe voava abaixo do filhote como que a protegê-lo para que êle não caísse ao solo. Quando o filhote achava-se a apenas pouco mais de meio metro do chão, êle começou a bater as asas e voar para o alto, e foi-se embora.
A mãe do filhote ainda o seguiu por mais uma pequena distância. Parecia que ela queria ver como o filhote estava se saindo. O passarinho saiu-se bem. A mãe parou de voar e pousou no chão. Voltou-se e foi em direção à árvore de onde tinham saído. Deixando que seu filhote se fôsse, ela retornou aos outros deveres no ninho.
Essa senhora, uma estudante de Ciência Cristã, parou e ficou pensando a respeito do incidente. Estava maravilhada com a facilidade com que a mãe do filhote deixara que o passarinho se fôsse, assim que ela vira que êle podia voar. E então, ela perguntou-se a si mesma: “Será que eu já fiz o mesmo com minha filha? Ou, apesar de ela já estar casada, estarei, por assim dizer, correndo atrás dela, procurando ver se ela está fazendo o que eu penso ela deveria fazer?”
Que grande lição tôdas as mães podem aprender de uma experiência semelhante a essa! Quanta liberdade e paz podem encontrar quando, tal como a mãe do passarinho, deixarem que os filhos, quando crescidos, sigam seus caminhos. O Amor divino está pronto para guardá-los e guiá-los a todo momento. Mrs. Eddy escreve (Poems — Poemas, p. 4):
Gentil presença, gôzo, paz, poder,
Divina Vida, reges o porvir;
Susténs da avezinha o voejar,
Meu filho guarda em seu progredir
O que é que impede os pais de deixarem que seus filhos sigam os seus caminhos e de confiá-los a Deu, quando estão preparados para começar a ser responsáveis por sua própria existência? Alguns pais dizem que é porque os amam muito. Mas que espécie de amor manifestam? Será apenas o desejo de safistazer a própria vontade? Será que os pais desejam tê-los consigo para seu próprio confôrto e alegria? Sem dúvida, gostam de tê-los perto de si, mas não podemos esperar que êles queiram permanecer no ninho. Êles, tal qual o filhote de passarinho, têm o direito de experimentar suas asas e tomar suas próprias decisões.
Mrs. Eddy, em Ciência e Saúde (p. 582), dá-nos estas palavras como parte de sua definição de “filhos”: “Os pensamentos e representantes espirituais da Vida, da Verdade e do Amor.” Os Cientistas Cristãos aceitam e usam essa verdade enquanto os filhos estão sob seus cuidados e orientação. Então, por que não continuar a fazer o mesmo, quando os filhos estão crescidos?
Os jovens devem demonstrar por si mesmos o seu ser genuíno como representantes da Vida, indo êles mesmos no encalço e desenvolvimento das carreiras para as quais foram animados a se preparar. Como representantes da Verdade, precisam aprender a confiar em seu próprio julgamento e em sua compreensão por meio do reconhecimento do seu verdadeiro ser, como reflexos do único e verdadeiro Deus. Como representantes do Amor, devem expressar sua própria maneira de amar. O que podemos fazer metafìsicamente é recusar-nos a pensar nêles como se não fôssem idéias espirituais de Deus, completas, maduras e a salvo, e saber que êles jamais podem estar separados da Vida, da Verdade e do Amor que representam.
A Bíblia diz: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando fôr velho não se desviará dêle” (Provérbios 22:6). Humanamente falando, nossa obrigação como pais termina em grande parte quando nossos filhos estão crescidos e fizemos o melhor possível para lhes mostrar a maneira de manifestar Vida, Verdade e Amor. Tendo cumprido com nossa obrigação, os deixaremos ir. Mas, precisamente, o que é que significa deixá-los ir? Certamente não nos desfaremos de nossos filhos, ou por assim dizer, não os riscaremos de nossas vidas, decididos a recusar a ajuda necessária quando nos pedirem ou quando nos parecer correto oferecê-la. O que abandonamos é o falso sentimento de responsabilidade e de possessividade humana, se bem que ainda mantenhamos profundo interêsse e amor por êles.
O amor por nossos filhos não pode cessar porque o amor genuíno é uma qualidade de Deus. Vive para sempre e pode servir de modêlo, o qual talvez os filhos venham a seguir em sua própria existência humana. É o amor vivente que Cristo Jesus manifestou. E êsse amor libertará nossos filhos de um sentimento de dependência aos pais humanos e trará alegria e liberdade tanto aos pais como aos filhos.
