Muitos de nós, em nossa infância, passamos pela experiência de ser despertados de um sonho mau pelas ordens de nossa mãe ou de nosso pai, que insistiam acordássemos. A afeição desprendida manifestada em nossos pais humanos provém de Deus, o Amor divino, nosso Pai-Mãe sempre-presente. Assim como o amor impele o pai ou a mãe humanos a despertar o filho, livrando-o de um sonho mau, assim também Deus, o Amor divino, desperta os indivíduos, tirando-os do sonho mortal de vida na matéria. Deus faz isso, não porque tenha conhecimento do mal, mas porque sustentar esse poder faz parte da natureza do Amor como Pai-Mãe.
O pai ou a mãe que desperta o filho adormecido não o faz porque o sonho lhe seja uma realidade, mas porque sabe que o sonho é irreal e que o filho está bem e deve ser despertado para tal fato. É devido à totalidade do Amor e à paz e segurança sempre presentes, que o indivíduo que sonha haver vida na matéria pode ser despertado para ver que o homem, a imagem de Deus, é realmente espiritual, imperturbado, feliz, está a salvo e inteiramente satisfeito.
Um dos amigos de Jó, Elifaz, o fez ter maus sonhos. Jó lhe falou: “Dizendo eu: Consolar-me-á o meu leito, a minha cama aliviará a minha queixa, então me espantas com sonhos, e com visões me assombras; pelo que a minha alma escolheria antes ser estrangulada, antes a morte do que esta tortura.” Jó 7:13–15; Jó eventualmente aprendeu que não necessitava sofrer e ser atormentado pelos sonhos ou pelos causadores de sonhos. Eliú, uma espécie de amigo mais cristão, revelou-lhe que “longe de Deus o praticar ele a perversidade, e do Todo-poderoso o cometer injustiça. (...) Os olhos de Deus estão sobre os caminhos do homem, e vêem todos os seus passos.” Jó 34:10, 21;
Todo aquele que por meio de sua compreensão da Ciência Cristã é despertado de crer no sonho de que há vida na matéria, constata estar vivendo em Deus, o Espírito, e de nEle sempre ter vivido. Aprende, ainda mais, que a continuidade de todo o bem reside na existência espiritual. O conhecimento do fato de que tanto o bom como o mau sonho de vida na matéria são desconhecidos para Deus, não afasta de Deus o indivíduo, mas a Ele o une.
Somente se admitirmos e reconhecermos nossa existência espiritualmente mental, será possível mantermos e demonstrarmos eficazmente uma compreensão de união com Deus. Mrs. Eddy escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “A Ciência explica que e existência separada da divindade é impossível.” Ciência e Saúde, p. 522;
O sonho de que a matéria possa ser um poder a favor do bem não passa de uma ilusão, assim como o sonho de que a matéria possa fazer sofrer, ameaçar ou destruir. A Ciência do Cristo revela que, visto que o Espírito, Deus, é Tudo, não há matéria. Portanto, é preciso despertar dos sonhos de vida na matéria, quer sejam agradáveis, quer desagradáveis.
É bem mais difícil despertar dos sonhos agradáveis da existência mortal, do que dos sonhos de sofrimento. Mrs. Eddy diz: “Mais vale o sofrimento que desperta a mente mortal de seu sonho carnal, do que os prazeres ilusórios que tendem a perpetuar esse sonho.” ibid., p. 196; O mal pode aparecer sob a forma de bem. Contudo, o Amor divino denuncia todo o mal. O coração que procura segurança e satisfação na matéria deve ser despertado, mais cedo ou mais tarde, pela Ciência, para aprender que o Espírito é a única fonte do bem.
O centurião que buscou obter a ajuda de Jesus para seu servo confiava que Jesus despertaria seu servo do sonho de doença. Disse o centurião: “apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado.” Mateus 8:8; Um sonho nunca passa de uma ilusão. O único grau que a Ciência atribui ao mal é o de nulidade.
É atribuição do Cristo, a Verdade, fazer com que o indivíduo desperte do sonho. O Cristo não se comunica com o sonho, que é irreal. Comunica-se com a consciência humana outorgada por Deus, a qual nunca pode estar inconsciente, apesar das pretensões dos cinco sentidos físicos. Essa consciência está inteiramente afastada da consciência falsa e mortal com seus sonhos de medo, inveja, ódio, e outros males, todos eles inteiramente inverídicos. Os pensadores que foram despertados do sonho material pelo Cristo podem exclamar, tal como Jó o fez em determinado momento: “Sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra.” Jó 19:25;
Por ser verdade que Deus alcança a humanidade, por meio do Cristo, todo tratamento pela Ciência Cristã deve manifestar o Cristo a fim de curar. Jamais uma fornalha de fogo ardente, ou cruz ou óleo fervente pode inverter a oração abnegada que manifesta o Cristo.
Certas pessoas têm sono leve e despertam com muita facilidade. Outras têm sono pesado e talvez necessitem de um chamado em alta voz ou mesmo de uma sacudida a fim de despertar. A pessoa talvez inicialmente oponha resistência às sacudidas que a fazem despertar do sonho. No entanto, geralmente, quando alguém se dá conta de estar acordado, sente-se aliviado e grato. Muitas vezes constatamos que as sacudidas que nos despertaram do sonho de vida na matéria antecedem uma cura permanente, cura essa que se pode encontrar na Ciência Cristã.
O despertar de um sonho de discórdia pode ser tão natural que até podemos ser curados sem nos darmos conta disso. Nos primeiros tempos em que eu freqüentava a Escola Dominical da Ciência Cristã eu gostava de pensar que em realidade eu era uma filha perfeita de Deus. Essa única e simples verdade ficou tão gravada em meu pensamento que dominou tudo o mais. Certo dia enquanto minha mãe falava comigo, ela exclamou: “Ora, você está ouvindo tudo o que lhe digo!”
Isso, na verdade, foi motivo de alegria, pois os médicos de um hospital infantil lhe haviam dito que eu estava perdendo a audição e devia ser enviada a uma escola para aprender a entender as palavras por meio da leitura dos lábios. O despertar que me tirara desse sonho acontecera tão naturalmente e tão por completo que ninguém soube quando foi. Esse fato ocorreu há muitos anos, e hoje tenho uma audição excelente.
Se alguém quiser despertar de um sonho outra pessoa, só o poderá fazer se estiver desperto. Da mesma forma, ninguém pode desafiar o sonho do mal enquanto acreditar que esse sonho é real. Somente quando se percebe que o sonho é irreal é que se pode dominá-lo.
Quando alguém desperta de um pesadelo, deixa de sofrer. A razão mostra-lhe que o pesadelo acabou-se e que nunca foi real. A Ciência explica que o mal nunca é real e nunca faz parte do homem. A fim de que todo sonho de pecado, doença ou morte possa ser vencido, temos de ver que ele não faz parte da realidade. Mrs. Eddy escreve: “O sonho de que a matéria e o erro são alguma coisa tem de ceder à razão e à revelação. Então, os mortais verão a nulidade da doença e do pecado, e o pecador e a doença desaparecerão da consciência.” Ciência e Saúde, p. 347.
O homem real não pode sonhar, pois reflete a Mente, Deus, que sempre está consciente e sempre é inteligente. Na realidade da existência não há sonhos nem sonhadores. A impecável identidade do homem não pode consentir em nada mais do que a vontade de Deus. Reconhecer essa verdade curará ou despertará os seres humanos, tirando-os de toda espécie de sonhos — sonhos de doença, pecado, frustração e até mesmo, da morte. Despertando para os fatos espirituais sem deixar-nos iludir quer pelos prazeres ou dores de uma existência material limitada, somos livres para continuar em nosso destino divino onde o bem se revela completamente. Rejubilando-nos em nosso estado natural de consciência inteligente, podemos demonstrar mais plenamente o fato de que Deus é supremo e que o bem triunfa eternamente.
