Ringo, um gatinho amarelo, estava tirando uma gostosa soneca debaixo de um arbusto, no quintal. Ele estava com os olhos semi-abertos, para ter certeza de que nenhuma abelha viria pousar no seu rabinho. Patrícia havia subido na macieira e estava mergulhada na leitura de um livro. Joãozinho, o irmão mais novo, estava deitado no chão, procurando guiar uma fileira de formiguinhas para outro caminho até o formigueiro. Ele estava muito preocupado. O problema era o Danilo. Joãozinho tinha medo de passar em frente da casa dele quando voltava de escola. Danilo costumava ficar escondido em cima do muro esperando o Joãozinho passar. Quando ele passava, o Danilo pulava do muro e assustava o Joãozinho. Ele ficava chamando o Joãozinho de nomes feios. Isso tinha acontecido muitas vezes. Joãozinho tinha decidido que não queria mais ir à escola, e pronto! Mas ele gostava de aprender coisas novas com seus colegas. Era uma situação muito complicada, e ele não sabia o que fazer.
Ao ver que as formiguinhas não queriam saber de usar a trilha nova, Joãozinho subiu na macieira e se sentou ao lado da irmã. Lá, ele desabafou toda a história sobre o Danilo. Patrícia ouviu e quando Joãozinho terminou, ela disse que também tinha uma história para contar.
Ela começou: — Quando Ringo era pequenininho e foi ao quintal pela primeira vez, eu senti vontade de fazer uma travessura com ele. Peguei um regador velho e enferrujado e comecei a jogar água na cabeça dele.
— O Ringo nunca tinha visto um regador, nem sentido pingos d’água na cabeça. A única coisa que ele conhecia, desde o dia em que tinha nascido, era amor. Sabe o que foi que ele fez? Ele simplesmente olhou para o regador, deitou-se com a barriguinha para cima, começou a ronronar, e ficou esperando que alguém viesse brincar com ele. Para ele, a água não era fria e ele não sentia medo do regador. Ele não tinha medo porque não sabia o que era medo. O Ringo não pensava em nada que não fosse o amor.
Patrícia continuou: — Com você e com o Danilo acontece a mesma coisa. Deus ama vocês dois do mesmo jeito, porque vocês são filhos dEle. Ele fez você e o Danilo legais, sem nenhum pensamento maldoso ou de medo. Deus está “despejando Seu amor” sobre vocês o tempo todo. Como Deus está em todo lugar, o Seu amor está em toda parte também.
Joãozinho ficou pensando no que a Patrícia tinha dito, que Deus amava a ele e ao Danilo. Ele também se lembrou do regador, que “despejava amor” sobre todos os filhos de Deus. Ele prometeu à Patrícia que iria à escola no dia seguinte, mesmo que ele sentisse medo. Deus nunca o havia desapontado. Ele ficaria pensando que Deus estava despejando muito amor em cima dele e do Danilo.
No dia seguinte, ao voltar da escola, ele passou em frente à casa do Danilo. Mas, nem pensou que o Danilo estava esperando por ele para assustá-lo. Ele pensou que, como Deus estava em todo lugar, só poderia haver ali pensamentos de amor. Quando ele olhou para cima, viu Danilo sentado no muro com seu cachorro Dado. Danilo chamou Joãozinho perguntou se ele queria brincar no lago com seu barco novo. Joãozinho ficou surpreso ao ver que Danilo estava tão diferente, amigável e risonho, ficou feliz e disse: — Eu quero, vamos!.
Eles saíram correndo, e o Dado foi atrás. Parecia até que eles sempre haviam sido bons amigos.
