Certo dia, no início do ano passado, eu estava na faculdade e fui para a cantina lanchar com minhas colegas. Elas sentaram-se em um banco fora da lanchonete e eu fui comprar um salgado. Quando estava na fila, notei um rapaz sentado em outro banco, tremendo muito, mas vi que seus amigos estavam rindo. Então pensei que deveria se tratar de uma brincadeira daqueles rapazes.
Mas, quando saí da lanchonete e voltei para onde minhas colegas estavam, dei-me conta de que o rapaz estava, na verdade, tendo um ataque epiléptico. Minhas amigas se levantaram e foram ver de perto o que estava acontecendo, o que me deu a oportunidade de ficar sozinha e orar.
Na Escola Dominical da Ciência Cristã, aprendi que Deus é Amor infinito e totalmente puro, ou seja, livre de qualquer imperfeição ou desarmonia. Assim, naquele momento, enquanto reconhecia a totalidade do Amor, pensei: “Pode algo de ruim, como um ataque epiléptico, impedir que a pureza e a harmonia do Amor se expressem? Não”! Entretanto, enquanto estava ali, orando, ouvi o rapaz gritando. Ele estava fora de si, levantara-se e começara a correr atrás das pessoas e a derrubar as mesas. Quando caía no chão, erguia-se e voltava a correr. Todos saíram apressados da lanchonete.
Percebi então que deveria continuar a orar e a negar com firmeza todo aquele quadro de perturbação e a reconhecer a supremacia do bem em todas as situações. Naquele momento, veio-me ao pensamento esta ordem de Jesus aos seus discípulos, “...expeli demônios...” (Mateus 10:8), e a Oração do Senhor, que começa assim: “Pai nosso, que estás nos céus...” (Mateus 6:9). Orei para saber que, como Deus, o Pai de todos nós, é infinito e está em toda parte, então tudo o que existe é o céu, a atmosfera harmoniosa e pura do Amor divino. Nessa atmosfera não há espaço para “demônios”, que naquela ocasião específica entendi como simbolizando o ambiente mental agressivo e errôneo daquela lanchonete. Assim, podemos “expelir demônios” e acalmar uma situação, quando reconhecemos que nada de desarmonioso pode se manifestar, pois não pertence à atmosfera do Amor. Dessa atmosfera celeste vêm apenas os pensamentos mais elevados para todos, inclusive para aquele rapaz.
Também reconheci que Deus nunca está separado de Sua criação e incluí no círculo sereno do Amor divino todos os que estavam na faculdade. Que transformação a oração trouxe àquele ambiente! Não somente o rapaz se acalmou e foi voltando a si, como também os amigos, que primeiro estavam rindo e depois com medo, começaram a ajudá-lo e o sentaram em um banco. Ele voltou ao estado de plena consciência de suas aςões e do ambiente ao seu redor e voltou a caminhar normalmente.
Não posso dizer se o rapaz está definitivamente curado, mas todas as vezes em que o vi desde esse episódio, ele estava calmo e se relacionando bem com os amigos. Para mim, o mais importante foi comprovar que pela oração podemos ajudar o próximo e harmonizar o ambiente à nossa volta.
 
    
