Quando leio todos os dias notícias sobre distúrbios e opressão em países como a Síria e o Egito, fico pensando em como poderia contribuir para a paz no mundo. Lemos na Bíblia: “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2 Coríntios 3:17).
Na década de 1970, fui de férias ao Mar Negro e lá conheci uma família romena. Eles conversaram comigo em francês e me contaram que estavam muito infelizes sob o regime comunista do ditador Ceausescu. Suas propriedades haviam sido confiscadas e não lhes era permitido estudar na universidade por serem membros da classe alta. Sua liberdade havia sido tirada e eles viviam em condições muito primitivas. Em seu desespero, perguntaram-me se eu poderia ajudá-los. Respondi: “Sim, mas somente por meio da oração”.
Eles aceitaram minha oferta de orar por eles. Eu conversava com eles diariamente sobre o fato de que Deus os havia criado livres e que nenhum ser humano poderia lhes tirar essa liberdade. Falei-lhes sobre a Ciência Cristã e eles foram muito receptivos. Quando parti, pediram-me que eu voltasse o mais breve possível e que trouxesse comigo literatura da Ciência Cristã.
Antes da minha viagem seguinte, empacotei todo tipo de livros e revistas da Ciência Cristã em inglês e em francês, e os escondi cuidadosamente em meu carro. Alguém me havia alertado de que eu acabaria na cadeia se aquela literatura fosse encontrada quando eu entrasse no país. Mas eu não havia levado esse aviso muito a sério.
O pensamento de que o Amor divino é o único poder real que governa todos nós me tranquilizou muito.
Finalmente, encontrei-me em meio a um interrogatório muito desagradável com cerca de oito guardas de fronteira, que me bombardeavam com perguntas agressivas relacionadas à literatura que haviam encontrado em meu carro. Só conseguia me ater ao único pensamento de que o Amor divino é o único poder real que governa todos nós. Isso me tranquilizou muito.
Logo o chefe dos guardas da fronteira me pediu que eu fosse com ele até seu escritório, onde examinou meus exemplares de The Christian Science Monitor por cerca de meia hora. Fiquei grata por poder ter esse tempo para orar. De repente, lembrei-me de um artigo intitulado “Amai os vossos inimigos” do livro Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883-1896, de Mary Baker Eddy. Ali está escrito: “Quem é teu inimigo, para que devas amá-lo? Acaso é uma criatura ou alguma coisa fora da tua própria criação?” (p. 8). O artigo continua, dizendo: “ ‘Amai os vossos inimigos’ é idêntico a ‘Não tendes inimigos’ ” (p. 9). Esses pensamentos eliminaram meu medo e me proporcionaram um senso de paz em meio ao aparente perigo.
Após uma conversa amigável com esse oficial, ele sinceramente se desculpou por todas as inconveniências pelas quais passei. O que havia parecido ser um inimigo havia se transformado em um amável ser humano, bem diante dos meus olhos.
Alguns dos meus livros não haviam sido encontrados. Portanto, com a ajuda do livro das concordâncias que ainda estavam comigo, procurei muitas passagens sobre o tema liberdade na Bíblia e em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy. Em seguida, pedi aos meus amigos romenos para que estudassem aqueles trechos de forma profunda, o que fizeram, com gosto e receptividade.
Eles haviam muitas vezes tentado falar com as autoridades para pedir-lhes permissão para deixar o país. Mas, até aquele momento, tudo havia sido em vão. Certo dia, a senhora me disse: “Por favor, ore por nós agora; vou falar mais uma vez com as autoridades”.
Ao orar por uma orientação divina, abri Ciência e Saúde aleatoriamente, e li: “O universo do Espírito está povoado de seres espirituais, e seu governo é a Ciência divina” (pp. 264-265). Pensei em como as leis divinas do Amor e da Vida são as únicas leis relevantes às quais tudo tem de se submeter. Portanto, déspotas que desejam tiranizar seus semelhantes e controlá-los não têm nenhum poder real. Eles não têm a última palavra, porque Deus é o único Governante. Esses pensamentos me encheram de grande paz e confiança.
Cerca de uma hora depois, a senhora retornou e pela primeira vez eu a vi sorrindo de felicidade. Os oficiais haviam demonstrado a disposição de examinar o caso novamente.
Após várias semanas, meus amigos romenos me ligaram para informar que um “milagre” havia acontecido. Todos os três membros da família obtiveram permissão para emigrar para os Estados Unidos, onde um parente já estava esperando por eles. Logo depois se estabeleceram lá com muita felicidade.
Para mim, esse “milagre” foi um resultado muito natural da compreensão de que somente Deus, o bem, governa e dá liberdade a cada um de Seus filhos. A Sra. Eddy diz em Ciência e Saúde: “Ao discernir os direitos do homem, não podemos deixar de prever o fim de toda opressão. A escravidão não é a condição legítima do homem. Deus fez livre o homem” (p. 227). Nossa liberdade é uma dádiva de Deus.
Berlim
Nota do filho da família romena mencionada neste testemunho:
O testemunho está muito preciso e eu gostaria de acrescentar que a Sra. Janesch foi uma luz brilhante em nossa vida e nos ajudou muito. Quando chegamos aos Estados Unidos, trabalhamos muito e eu posso dizer seguramente que “vencemos”.
 
    
