Se não fosse pelos nomes das pessoas que viveram em outro século, esta recomendação soaria quase como uma mensagem postada no Facebook, nos dias de hoje: “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, para que a recebais no Senhor, porque tem sido protetora de muitos. Saudai Priscila e Áquila, os quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça. E saudai Epêneto, Andrônico e Júnias também”. Em suma, cerca de 30 cristãos, em sua maioria esquecidos ao longo da história, são saudados na Bíblia, no último capítulo da epístola aos Romanos, o que nos dá um vislumbre de como a Igreja foi edificada em seus primórdios.
Não se trata aqui da edificação de um prédio onde eles pudessem se reunir, mas sim de uma maneira de viver que aprofundava seu comprometimento para com o Cristo. Não há nenhuma indicação de que qualquer um deles tivesse conhecido Jesus pessoalmente, como o próprio Paulo não conheceu. Mas a inspiração da vida do Mestre, totalmente desprendida do ego, dos ensinamentos intrinsecamente ligados ao ministério de cura de Jesus e a alegria sublime que esses primeiros cristãos encontraram nas boas-novas do amor e da graça infinitos de Deus, tudo isso os uniu com laços tão estreitos como os que unem uma família.
Com profundo afeto, eles chamavam uns aos outros de irmão e irmã, e se reuniam em pequenos grupos para encorajar e apoiar o crescimento espiritual uns dos outros. Eles haviam descoberto o poder e a realidade de Deus como o Espírito sempre presente. Visto que isso os havia transformado completamente, não estavam dispostos a deixar que essa chama espiritual se apagasse.
Esses poucos grupos de cristãos eram uma minoria dentro de outra minoria, um subgrupo do judaísmo, em um extenso e opressivo império de deuses e práticas pagãs. Para o mundo que os rodeava, não mereciam muita atenção. Poucos eram muito conhecidos ou estavam em posição de poder. Eram apenas pequenos grupos de pessoas comuns, espalhadas aqui e ali.
Paulo reconhece isso abertamente em uma carta que escreveu para o grupo de cristãos em Corinto. Ele menciona que o que eles consideram como verdadeiro e substancial é loucura total para a sabedoria do mundo e algo no qual a religião estabelecida tropeça (ver 1 Coríntios 1:22, 23). Mas então ele contesta isso, dizendo que eles possuem o poder que derruba impérios humanos; como de fato aconteceu e continua a acontecer.
Existe um aspecto valioso na casa-igreja de Priscila e Áquila, mencionado na epístola aos Romanos, e que continua presente nas filiais e sociedades da Igreja da Ciência Cristã em seu segundo século. Ambas exigem o mesmo tipo de edificação: a certeza cheia de alegria de que as promessas de Deus foram cumpridas, bem como a fraternidade sincera e o trabalho em conjunto de compartilhar com a comunidade a mensagem de cura e redenção. Exatamente como aconteceu com aqueles primeiros cristãos, pode parecer que nossos esforços são demasiado modestos contra um mundo que oferece resistência. Mas nós, como eles, podemos ter bom ânimo. Essa é uma mensagem que impulsiona e está transformando toda a humanidade.
O que hoje em dia proporciona força e importância renovadas a essa mensagem é a Ciência da cura pelo Cristo, Ciência essa que Mary Baker Eddy descobriu e estabeleceu como o fundamento de sua Igreja. É a Ciência do Espírito, que supera as promessas das ciências do intelectualismo de hoje, fundamentadas na matéria, ao proporcionar a necessária regeneração moral e espiritual, uma regeneração mais abrangente e mais profunda. Essa Ciência revela a realidade da vida no Espírito e que emana do Espírito, por meio das provas práticas de cura que compartilhamos uns com os outros em nossas reuniões de testemunhos das quartas-feiras e nas publicações da nossa Igreja. Sentimos que esses testemunhos aumentam nossa confiança e ampliam nossa fraternidade. Mesmo a mais humilde dessas experiências oferece provas irrefutáveis da natureza de Deus como o Amor infinito, como o Princípio que se manifesta constantemente, ao qual todos podemos recorrer e no qual podemos confiar, por mais assustadoras que possam parecer as circunstâncias que estamos enfrentando.
O que Deus é e faz penetra a condição humana de sofrimento e pesar com a realidade do existir espiritual e sua perpétua plenitude e perfeição. Nós descobrimos que somos, e sempre fomos, co-herdeiros com Cristo e que a cura é o efeito natural dessa compreensão espiritual iluminada.
Mas, honestamente, continuar a edificar sobre esse fundamento da cura pelo Cristo não é fácil. Podemos ficar desanimados diante das circunstâncias visíveis de uma situação em que aparentemente não estamos alcançando a cura. Talvez possamos sentir um impulso, sutil e agressivo, de consertar a matéria, seja qual for o método. Ou talvez, ao irmos à igreja, nosso próprio óleo da alegria esteja tão reduzido, que sintamos que a aparente simplicidade do culto ofereça muito pouco para atender às nossas necessidades. Se estamos tão sobrecarregados, como podemos pensar em compartilhar a mensagem do Cristo com os outros e fortalecê-los?
O último capítulo da epístola aos Romanos, embora seja principalmente uma saudação aos amigos, ainda assim alerta todos os membros da igreja para a clareza espiritual necessária para enfrentarem as várias formas de adversidade que possam enfraquecer sua fé individual e coletiva. A resistência que eles encontraram dentro de suas próprias fileiras, como também a perseguição externa, foi o que Mary Baker Eddy definiu em seus escritos como magnetismo animal, que se manifesta em forma de voluntariosidade humana, egoísmo, preconceito arraigado e, até mesmo, oposição organizada ao Cristo e ao seu poder sanador, que encontramos na Ciência Cristã.
O remédio é encontrado em uma vida consagrada às coisas do Espírito, a qual possui o ritmo da oração e do estudo e a música da gratidão e da generosidade. Essa vida traz à luz a compreensão espiritual e o amor despojado de ego inerentes a cada um de nós. Isso nos alinha diariamente, em todas as horas, com o poder do Amor divino. Esse é o verdadeiro poder que continua edificando nossa Igreja.
Nossa Pastora Emérita, Mary Baker Eddy, nos lembra de que: “A Ciência divina revela o Princípio desse poder e a regra pela qual o pecado, a enfermidade, a doença e a morte são destruídos; e Deus é esse Princípio. Procuremos, então, essa Ciência; para que possamos conhecê-Lo melhor e amá-Lo mais” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 194).
À medida que o fazemos, percebemos que estamos exercendo nosso verdadeiro domínio sobre a adversidade e o adversário, ou seja, a mentira e o mentiroso. Imbuídos dessa consciência repleta da graça infinita, somos, todos juntos, membros de uma Igreja que é edificada por Deus, abençoada por Deus e sustentada por Deus.
Robin Hoagland
