Em uma preleção publicada em seu livro Escritos Diversos 1883–1896, Mary Baker Eddy escreve: “Filhinhos amados, o mundo precisa de vós — e mais como crianças do que como homens e mulheres; precisa de vossa inocência, vossa renúncia ao ego, vosso afeto sincero, vossa vida incontaminada” (p. 110).
A importância de ser como uma criança, ao estudar e praticar a Ciência Cristã, tem estado muito presente em meu pensamento, ultimamente. As crianças são receptivas à espiritualidade, e sua inocência e desprendimento têm poder para nos inspirar.
Estudando esse conceito, nos escritos da Sra. Eddy, algumas citações me chamaram a atenção. Uma foi esta, de Message to The Mother Church for 1900 [Mensagem À Igreja Mãe para 1900]: “Uma criança pode compreender a Ciência Cristã em grau mensurável pois, mediante sua simples fé e pureza, ela capta o senso espiritual dessa Ciência, o qual intriga o adulto. A criança não só aceita a Ciência Cristã mais prontamente do que o adulto, mas também a põe em prática ” (p. 6).
A forma como a Sra. Eddy fala sobre a diferença entre o processo de pensamento de uma criança e o de um adulto ganhou especialmente minha atenção.
Na medida em que crescemos e os desafios aumentam, parece que nosso mundo fica cada vez mais perigoso e ameaçador. O medo também parece crescer na mesma proporção. Mas nós provavelmente já vimos crianças que não se intimidam com aparentes limitações, diferentemente de nós, adultos.
Recentemente, quando eu estava terminando meu último semestre na faculdade, a necessidade de assumir uma confiança em Deus mais semelhante à de uma criança se tornou bastante importante para mim.
No início de março de 2020, eu era veterana na faculdade, e trabalhava duro nos projetos finais, procurava com empenho um emprego e estava ansiosa, na expectativa da vida pós-faculdade que estava chegando tão rápido. Então, em poucas semanas, estávamos em lockdown devido à pandemia, e tudo mudou. Voltei para casa e passei a trabalhar e assistir às aulas remotamente; não tinha ideia de qual seria meu próximo passo. Era fácil me sentir esmagada pela incerteza, e o problema veio à tona em uma conversa com minha mãe, durante o jantar.
Ser como uma criança trata-se da receptividade ao bem e do reconhecimento da presença do Amor divino em nossa vida.
Eu estava comentando com ela o quanto me sentia frustrada pelas oportunidades perdidas, e mencionei minha decepção por não conseguir terminar um curso de marketing para minha especialização, apesar de faltar apenas uma disciplina. Minha mãe me interrompeu imediatamente: “Por que não?”, ela perguntou. A minha resposta estava pronta, eu tinha uma lista muito comprida de razões aparentemente sérias, inclusive a carga financeira e o fato de que precisaria ficar na universidade mais um semestre inteiro para completar apenas aquela matéria.
Enquanto falava, percebi que as “razões” que compunham meu argumento eram, na verdade, uma insistência nas limitações materiais — limitações que não vinham de Deus. Aquilo que estava me detendo eram preocupações de adulto, tais como dinheiro, tempo etc. Sim, eu estava tentando ser diligente ao pensar bem sobre tudo aquilo; mas quando era criança, eu não inventava desculpas para não terminar o que tinha começado; eu mergulhava de cabeça! Ficou claro para mim que confiar como uma criança na bondade de Deus, e estar aberta às possibilidades, era o que estava por trás da pergunta de minha mãe: “Por que não?” E fui arrancada daquela sensação de derrota.
Percebi o quanto parecia tolice determinar o que era ou não possível para Deus (ver Marcos 10:27). Se era correto que eu cursasse um semestre extra, então nada seria capaz de atrapalhar os planos do Amor divino, Deus. Adotei essa atitude com gratidão, em oração e ação, nas semanas seguintes.
Como resultado, eu não apenas consegui me inscrever para um semestre extra e terminar o curso de marketing, estudando remotamente, mas também tive a oportunidade de concluir um curso complementar em estudos religiosos, sem problemas financeiros, sem perder as oportunidades.
Lembrar dessa experiência trouxe clareza ao motivo pelo qual a Sra. Eddy escreveu desse modo sobre crianças e sobre ter atitudes como as de uma criança. Ser como uma criança não é ser infantil no sentido negativo do termo — não é falta de maturidade. Trata-se da receptividade ao bem e da recusa em permitir que o ceticismo anule nosso reconhecimento da presença do Amor divino, o bem, em nossa vida. O fato de eu ser adulta, agora, não significa que eu tenha perdido minha capacidade de ouvir e confiar como uma criança. Em vez disso, agora mais que nunca, essa é a habilidade mais importante em minha prática da Ciência Cristã e na capacidade de colaborar.
    