Em um artigo intitulado “Uma causa única e um único efeito”, Mary Baker Eddy escreve: “A Ciência Cristã começa com o Primeiro Mandamento do Decálogo hebreu: ‘Não terás outros deuses diante de mim’ ” (Escritos Diversos 1883–1896, p. 21).
Esse primeiro, dos Dez Mandamentos da Bíblia, foi importante para mim durante a maior parte de minha vida, e não simplesmente como uma regra escrita para ser obedecida. Compreendi que a cura acontece por meio da compreensão e aceitação de que Deus é o único poder verdadeiro, que governa harmoniosamente todos os aspectos da vida.
Cristo Jesus, que nos legou o maior e o mais elevado exemplo de como praticar o Primeiro Mandamento, disse: “Eu nada posso fazer de mim mesmo; …senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz” (João 5:30, 19). A grandiosidade do ministério de Jesus exemplificou o puro bem que provém de Deus e, assim, deu provas de que a vontade de Deus é sempre boa. Ele curou doenças físicas e mentais e atendeu ou resolveu inúmeras outras necessidades e situações.
Quando Jesus precisou de fundos para pagar o imposto do templo, ele disse a Pedro para ir pescar, abrir a boca do primeiro peixe fisgado e dali tirar uma moeda (ver Mateus 17:24–27). Quando foi necessário um aposento para a celebração da Páscoa, ele instruiu Pedro e João a ir onde eles poderiam encontrá-lo (ver Lucas 22:7–13). No que hoje é chamado Domingo de Ramos, Jesus disse a dois de seus discípulos como encontrar um jumento para ele montar (ver Mateus 21:1–7). Se Deus é o único Deus, o único Criador, então todas as facetas da vida devem ser de Deus, devem estar em Deus, e sob o controle de Deus. Não pode haver uma vida separada de Deus. Na Ciência Cristã, a Vida, com letra maiúscula, é entendida como um dos sinônimos de Deus. Cumprir ou agir de acordo com o Primeiro Mandamento exige que reconheçamos que existe apenas uma Vida, uma substância, uma inteligência governando o universo.
Obedecer ao Primeiro Mandamento provou ser essencial para mim ao longo de muitas décadas. Isso ficou mais forte em uma cura, há alguns anos, depois que minha gata foi atacada por um enorme cachorro. Quando a encontrei, ela não conseguia usar uma das patas traseiras. Eu a trouxe para casa e ela subiu para um quarto e se enrolou. Coloquei comida e água por perto e voltei-me a Deus em oração.
Minha oração se baseou no Primeiro Mandamento. Reconheci o cuidado amoroso de Deus por toda a Sua criação e que Ele é a única causa de todos os efeitos. Uma conhecida declaração do livro-texto da Ciência Cristã foi de muita ajuda: “Todas as criaturas de Deus, movendo-se na harmonia da Ciência, são inofensivas, úteis, indestrutíveis” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 514). Ao refletir sobre essa verdade aplicada à situação, compreendi que, como criaturas de Deus, o cachorro era inofensivo e útil, e minha gata, indestrutível.
Acordei durante a noite e encontrei a gata angustiada. Isso me levou a uma consagração ainda mais profunda à oração. Eu certamente queria ajudá-la da maneira mais eficaz, mas estava em dúvida sobre o melhor modo de tratar esse problema. Será que eu deveria confiar em Deus por meio da oração, conforme é ensinado na Ciência Cristã, ou levá-la a um veterinário assim que possível? Além disso, eu estava preocupada, pois iria deixá-la sozinha por algumas horas, naquela manhã. Eu tinha um compromisso muito cedo que não consegui passar para outra pessoa e, em seguida, teria de dar aula na Escola Dominical.
Enquanto eu lutava para decidir o que fazer, reforcei minha convicção de que Deus é o único poder e governa tudo com amor. Com essa firmeza em Deus, fiquei bem menos temerosa e a gata já ficou mais calma.
Quando saí, naquela manhã, a gata estava calma, embora não estivesse ativa. Ao concluir meu primeiro compromisso, consegui outra pessoa para me substituir na Escola Dominical, para que eu pudesse voltar para casa e ficar com a gata. Mas, nesse momento, ouvi esta mensagem muito clara de Deus, a qual mudou meus planos: “Você acha que pode cuidar da gata melhor do que eu?” Reconheci que eu havia desobedecido ao Primeiro Mandamento. Essa ideia não estava me condenando, em vez disso, libertou-me completamente do medo persistente com relação à minha gata. Resolvi continuar cumprindo meu dever como professora na Escola Dominical, confiante no fato de que tudo estava bem porque agora eu sabia, sem nenhuma dúvida, que Deus é supremo.
Quando cheguei em casa, ficou evidente o efeito sanador de permanecer firme no Primeiro Mandamento: a gata se levantou e caminhou uma curta distância usando as quatro patas. Naquela mesma noite, ela pulou no meu colo e logo ficou completamente curada, e assim tem permanecido há já muitos anos.
Essa experiência de cura tem sido fundamental para minha prática da Ciência Cristã. Em retrospectiva, vejo agora que, quando saí de casa logo cedo naquela manhã, eu não havia colocado toda minha confiança no cuidado que Deus tem por toda Sua criação.
Ficar com medo ou ficar em ansiedade a respeito de um resultado significa dar peso a um outro suposto poder. A crença de que possa existir outro poder chamado o mal, causador de doenças ou acidentes, transgride o Primeiro Mandamento e afirma que exista um aspecto da vida fora do governo de Deus.
Essa tentação de acreditar em outro poder deve ser vencida. Se não, nossa convicção se desvia de Deus, e isso tende a enfraquecer nossa postura, quando procuramos a cura. Se toda nossa confiança estiver fundamentada na compreensão de que Deus é a Vida, a causa única, produzindo somente o bem, não cederemos à tentação de acreditar que a desarmonia seja um poder.
Mais recentemente, tive a oportunidade de aplicar o que eu havia aprendido de maneira tão convincente na cura anterior. Um amigo que sentia dores no peito me ligou bem tarde da noite pedindo ajuda em oração. Era evidente a necessidade de negar que pudesse haver outra força influenciando a vida e imediatamente me voltei para o Primeiro Mandamento. Poderia haver outro poder que pudesse cuidar melhor desse homem do que Deus? Deus, o Amor divino, já estava cuidando da pessoa que havia ligado, e certamente não lhe causaria nenhum mal. Na manhã seguinte, recebi o telefonema dizendo que a dor havia sumido rapidamente e houvera um sono calmo e tranquilo. Esse foi o fim do problema.
Jesus insistia no fato de que a fé, a confiança, era um componente essencial para a cura. Por exemplo, quando os discípulos não conseguiram curar um menino epilético, Jesus disse que era porque lhes faltava fé (ver Mateus 17:14–21). Quando confiamos totalmente em Deus, a Vida — quando somos governados completamente pelo Amor divino — não aceitamos o medo ou a dúvida, sob qualquer forma. A fé fundamentada na compreensão da Vida, inclui a confiança para permanecer firme diante dos problemas, sabendo que eles não podem ter origem em Deus.
A fé abre nosso pensamento para vivenciarmos o caminho de salvação do Cristo — a libertação do mal e o livramento da turbulência. O Cristo desperta cada um de nós para a onipotência do Amor e eleva a consciência humana para que conheça a verdade que traz a transformação harmoniosa em todas as áreas da vida. Ter “a mente de Cristo” (ver 1 Coríntios 2:16), significa ter uma convicção destemida e firme naquilo que é verdadeiro. Para realmente seguir Jesus e encontrar a cura, é essencial, e inteiramente natural, aceitar sem reservas a mensagem de que só existe um Deus, o bem.
