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Original para a Internet

EDITORIAL

O eterno alvorecer da espiritualidade prática

Da edição de abril de 2025 dO Arauto da Ciência Cristã


Sentada no topo da Colina de Marte, o Areópago, com vista para a Atenas moderna, à sombra da majestosa Acrópole, eu via a luz tênue do amanhecer a despontar no horizonte. Meus companheiros de viagem e eu conversávamos sobre como devia ter sido a ocasião em que Paulo estivera ali, falando aos atenienses, muitos séculos antes. 

Enquanto conversávamos sobre Paulo, um homem aproximou-se e sentou-se perto de nós. Percebi de repente sua presença e parei de falar. Ele disse: “Continue, ouvi vocês falando de Paulo e quis escutar”. Acabamos trocando ideias sobre os ensinamentos de Cristo, e meus companheiros e eu sentimos que estávamos tendo uma experiência semelhante à de Paulo — sentados no Areópago, falando sobre como a luz do Cristo havia transformado nossa vida — enquanto os primeiros raios do dia iluminavam a paisagem.

O livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria de Mary Baker Eddy, traz uma importante pergunta sobre o despontar do Cristo na consciência: “Acredita-se no sábio de hoje, quando ele avista a luz que anuncia o eterno alvorecer do Cristo e lhe descreve o fulgor?” (p. 95). Talvez, às vezes, tenhamos passado por uma experiência como essa, em que um conceito espiritual em nosso pensamento tenha atraído outras pessoas, como aconteceu naquele dia em que meus amigos e eu estivemos na Colina de Marte, em Atenas. Mas com que frequência falamos sobre nossas inspirações e estas não são compreendidas?

A consciência humana que está enterrada no senso material das coisas resiste à verdade espiritual. Muitas vezes parece que a humanidade reluta em sair da zona de conforto do materialismo, para alcançar a compreensão espiritual e o alvorecer das coisas espirituais. Como diz o ditado: “A hora mais escura precede a aurora”. O conforto em nossa rotina material muitas vezes precisa ser sacudido, antes que nosso pensamento se abra autenticamente para novas ideias sobre o existir. Talvez isso se deva ao fato de que a natureza de Deus, como sendo o Amor, não é compreendida quando alguém questiona apenas de passagem as crenças superficiais da vida material. O pensamento deve se elevar acima do senso material das coisas para chegar ao conceito de que a vida é imortal. Essa é uma possibilidade presente hoje, tanto quanto o foi na época da ressurreição de Jesus.

Os discípulos haviam tido dificuldade para acreditar no Cristo — a ideia eterna e espiritual de Deus que Jesus lhes havia apresentado — até que viram o Mestre ressuscitado. A escuridão da crucificação — aquele terrível evento que precedeu o triunfo final de Jesus — foi o precursor de algo incrivelmente bom para a humanidade. Trouxe a prova sólida de que a verdadeira vida estava no Espírito, Deus, a única Vida, e que, portanto, não era mortal e sim, imortal. Quando viram isso por si mesmos, os discípulos ficaram livres da dúvida e da escuridão, e passaram o resto da vida demonstrando aos outros a verdade que haviam compreendido. Paulo fez o mesmo. Depois que a realidade da Vida, Deus, lhe foi revelada a caminho de Damasco, ao deparar-se com a luz e a mensagem do Cristo, ele também passou a anunciar esse Evangelho por toda parte.

A opinião equivocada de Paulo, de que a vida era mortal, foi desfeita naquela experiência a caminho de Damasco (ver Atos, cap. 9). Podemos dizer que essa foi sua própria ressurreição. Foi o despertar para a compreensão de que a Vida é o Espírito, e de que a existência do homem continua eternamente — e Paulo difundiu amplamente essa visão. Essas percepções espirituais e o desejo de compreender a Deus, trazem consigo o poder de curar. Dedicando nossa vida à compreensão dessas percepções mais elevadas, podemos promover a cura para as dificuldades e os infortúnios da humanidade.

Paulo compreendeu de repente a verdade daquilo que Jesus ensinou e demonstrou a respeito da Vida eterna, e essa foi a base de seu próprio ensinamento, difundindo o Cristianismo mais do que qualquer outro seguidor de Jesus. Viajou mais de quinze mil quilômetros pelo Império Romano, falando a todos, judeus e não judeus. A agitada cidade de Atenas estava repleta de pobres, famintos pela mensagem de esperança e vida eterna que Paulo anunciava. Os esforços de Paulo para incluir os gentios em sua pregação foram vitais para o crescimento do Cristianismo.

Em Escritos Diversos 1883–1896, a Sra. Eddy declara: “O propósito do Amor divino é ressuscitar a compreensão e o reino de Deus, o reino da harmonia que já está dentro de nós”. E continua: “É por meio da palavra que vos é comunicada que sois libertados. Permanecei em Sua palavra e ela permanecerá em vós; e o Cristo, que cura, novamente se manifestará na carne — será compreendido e glorificado” (p. 154). Dessa maneira nós também, como Paulo, podemos seguir os passos de Jesus e contar como o Cristo desponta hoje em nosso coração.

À medida que o pensamento mortal abandona o desejo equivocado de obter conforto no materialismo, encontramos um conforto maior e duradouro: a compreensão de que o homem, a semelhança espiritual de Deus, habita na Mente em vez de na carne. Por isso, a verdadeira vida espiritual do homem é invencível, ou seja, é imortal. A aparente transitoriedade de um corpo físico não afeta nem atinge, de nenhuma maneira, o homem criado por Deus. Quando Jesus apareceu naquela manhã após a ressurreição, ele deu provas disso, da continuidade ininterrupta do homem.

Quando o pensamento se abre para essa realidade, podemos vivenciar o despontar de nossa própria ressurreição, todos os dias — elevando o pensamento enterrado no materialismo para a compreensão e a prova da Verdade infinita. Talvez a ideia mais simples da ressurreição seja esta: que há muito mais a ser compreendido a respeito da realidade espiritual do que podemos imaginar.

Se em algum momento nos sentirmos desanimados em nossos esforços, podemos nos animar pensando em como a gloriosa mensagem sobre o poder do Cristo foi difundida em uma região remota do Império Romano, há dois mil anos. Tudo o que Jesus realizara quase não havia sido notado pelos grupos dominantes da época. Mas certamente foi reconhecido por Paulo, que levou a mensagem de Jesus para todas aquelas regiões.

O poder da Verdade para abrir corações e mentes reside na própria Verdade. O infinito não fica em silêncio. Cristo está sempre presente na consciência humana, trazendo a cada um de nós a mensagem do bem, dando voz à imortalidade do existir e saciando os corações famintos e expectantes, coisa que o materialismo jamais pode fazer. A mensagem divina de paz e luz faz valer incansavelmente a realidade da ideia divina e mostra que a matéria é nada. Ao ceder espaço a essa verdade, a humanidade desperta do sonho da existência material.

Esse poder do Cristo, ainda hoje, ressuscita a humanidade. Ele surge no pensamento humano toda vez que buscamos um sentido melhor para a vida, como meus amigos e eu constatamos naquele dia em Atenas. Estávamos a oito mil quilômetros de casa e ainda assim encontramos um senso de conforto, ao trocarmos ideias com um estranho a respeito da realidade da Vida eterna sempre presente — prova de que a mensagem de Paulo a respeito do Cristo ainda hoje está sendo ouvida.

Larissa Snorek
Redatora-Adjunta 

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