“Esses acontecimentos quase nos fazem duvidar de nossa fé”, disse o muçulmano Koteiba Azzam, em relação à morte de seu amigo Andre Anchondo, durante um tiroteio em um shopping em El Paso, no Texas, no ano passado. Ele acrescentou: “Mas, Deus não fez parte disso”.
Pode ser difícil compreender por que acontecem coisas terríveis. Mas, a ideia que Koteiba Azzam compartilhou é também a mensagem que me vem ao pensamento, quando oro sobre esses trágicos tiroteios que têm ocorrido. Eles nada têm a ver com Deus, que é o próprio Amor divino e, portanto, jamais pode ser a causa ou o incitador do mal nas situações de nossa vida.
Ao contrário, cada um de nós tem a capacidade, dada por Deus, de buscar algo diferente, uma perspectiva espiritual sobre o que está ocorrendo, e de sentir e vivenciar o amor infinito de Deus, mesmo quando surgem o ódio e a tragédia.
O progresso humano depende muitíssimo de onde é que procuramos algo que nos ajude a compreender o desenrolar dos acontecimentos. Por exemplo, estamos dando ouvidos à voz do ódio? ou estamos ouvindo a voz do Amor divino, que fala a todos?
A esse respeito, acho que os ensinamentos de Jesus nos ajudam muito a encontrar orientação e esperança. Cristo Jesus não viveu isolado e fora do alcance da violência, mas ele mostrou aos seus seguidores como agir com amor para com os que se opunham à sua obra. Ele disse: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13:35).
Mesmo após ele ter sido crucificado, essa mensagem não mudou. Sua ressurreição provou o poder do amor espiritual que Jesus ensinou. É uma mensagem para todas as épocas e para pessoas de todas as religiões e culturas.
Falando a respeito da ressurreição de Jesus, Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, explica em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “O Amor tem de triunfar sobre o ódio” (p. 43). O Amor do qual ela está falando é Deus. Esse supremo e poderoso Amor divino é o verdadeiro antídoto para o mal e para o ódio.
Isso não significa esperar passivamente que Deus faça alguma coisa, e nós, de nossa parte, não fazermos nada. Precisamos compreender e expressar o amor de Deus de forma ativa, e isso quer dizer que temos de rejeitar os pensamentos de ódio a respeito daqueles que diferem de nós, do ponto de vista político, cultural e religioso, e mesmo daqueles que cometem atos violentos.
Mais do que isso, significa que estamos plenamente equipados para agir assim! Amar uns aos outros, a todos os outros, é nossa herança por sermos filhos de Deus, a expressão espiritual do infinito amor da Deidade. Não se trata de resignar-nos e pensar que os pensamentos de ódio são meramente “uma dessas coisas” que precisamos aceitar. O propósito de Deus para todos nós é liberdade, paz, felicidade.
Jesus se comunicava com uma variedade de setores de toda a sociedade, desde prostitutas e comerciantes não confiáveis, até líderes religiosos tais como os escribas e fariseus. Ele reconhecia que todos eles tinham valor, embora nem todos vivessem à altura da herança espiritual do bem e do amor que verdadeiramente lhes pertencia.
Graças ao ministério de Jesus, muitos se tornaram cientes, mesmo que apenas vagamente, de que havia um senso mais elevado de vida do que aquele que eles conheciam. Muitos também tiveram algum vislumbre de que ninguém está tão distante da verdadeira Vida, Deus, a ponto de não conseguir voltar a ter consciência desse fato e expressar isso.
Essa mensagem de nossa unidade sem fim com o Amor já foi testada muitas vezes. Um exemplo é Saulo, um fanático religioso que atormentou e matou os primeiros seguidores de Jesus. Parecia impossível que seu caráter pudesse mudar para melhor. Mas então o Cristo, a mensagem de amor que vinha de Deus a todos, irrompeu e iluminou sua consciência, e para o resto da vida ele foi uma voz poderosa a favor da paz e do amor universal que Deus concede.
Nem sempre é fácil ceder ao Amor divino em vez de ao ódio, especialmente depois de acontecimentos trágicos. Mas, é natural aferrar-nos à realidade espiritual de que o propósito do Amor divino é que nos amemos uns aos outros. O Amor não se cumpre com nenhuma espécie de violência. Entretanto, as ações inteligentes, baseadas no amor, podem neutralizar as tendências violentas e trazer à luz mais paz e segurança.
Cada um de nós pode tomar posição do lado do Amor divino, ou seja, orar para que a humanidade veja e sinta o poder unificador de Deus e permitir que o amor de Deus, e não o ódio, nos leve adiante!
