Eu estava achando divertido dirigir em meio ao trânsito intenso. Era meu último ano no segundo grau, e eu precisava buscar minhas fotos da turma de colegas, comemorando o último ano naquela escola. O céu estava completamente azul, sem nenhuma nuvem, e o sol de fim de tarde iluminava o ar com um suave brilho dourado. Dirigindo e cantando, eu estava em um mundo só meu.
Ao parar em um sinal vermelho, vi uma placa com o nome da rua onde eu deveria entrar à esquerda. Impensadamente, sem sequer olhar no espelho retrovisor, virei à esquerda diretamente da pista da direita onde eu estava. O motorista que vinha pela esquerda atrás de mim foi pego de surpresa com a minha mudança de faixa, e bateu na lateral do meu carro.
Muito abalada, embora sem nenhum ferimento, ergui os olhos e vi o motorista do outro carro gritando comigo e sacudindo os braços em minha direção. O que é que eu estava fazendo ao mudar de faixa assim bruscamente? E sem sequer colocar a seta para indicar que ia virar à esquerda?
Fiquei assustada, mas me lembrei de que meu professor da Escola Dominical da Ciência Cristã dizia que, se alguma vez eu estivesse em um acidente, deveria me voltar a Deus imediatamente e reconhecer que eu estava sob os cuidados de Deus. Foi o que fiz, e também pensei nas palavras da Oração do Senhor. Comecei a sentir a presença do Amor divino, em vez de medo. Toda a sensação de autocondenação e constrangimento desapareceu. Meus pensamentos tornaram-se plenos de calma, e me senti imensamente grata ao reconhecer espiritualmente que todas as outras pessoas envolvidas no acidente também estavam sob os cuidados de Deus.
Uma viatura policial chegou ao local do acidente. O outro motorista parou de gritar comigo. Pedi desculpas pelo ocorrido e então liguei para os meus pais. Um caminhão chegou e rebocou meu carro, e mais uma vez fiquei grata porque ninguém havia ficado ferido. Ao voltar-me para Deus em oração naquele dia, alcancei a graça espiritual que me permitiu passar pela situação com serenidade, apesar de haver cometido um erro enorme, e pude compreender que era necessário agir melhor daquele momento em diante.
Eu estava empolgada por estar habilitada para dirigir e poder sentar-me ao volante, o que me dava liberdade. Mas até aquele dia, eu não havia realmente levado em conta a responsabilidade que vinha junto com esses privilégios. Depois do acidente, porém, dei-me conta de que a carteira de motorista é mais do que apenas uma carta de independência. Comecei a compreender que dirigir é, na realidade, uma oportunidade de pôr em prática os dons que Deus me concedeu, como a paciência, o discernimento e o amor às outras pessoas.
Compreendi que, ao dirigir, o ato de manter tais qualidades em mente era uma forma de oração. Passei a ver, tanto a mim mesma quanto aos outros no trânsito, como expressões da Mente única, completamente capazes, movendo-se em harmonia uns com os outros. Orei almejando respeitar os demais motoristas, e buscando compreender que Deus era a inteligência de cada um de nós, e que todos éramos obedientes à orientação divina.
Também se tornou claro para mim que eu deveria orar para não cair na tentação de usar o celular ou fazer qualquer outra coisa que desviasse minha atenção do que estivesse acontecendo no trânsito. Eu podia continuar desfrutando da sensação de liberdade que temos ao dirigir, mas passei a colocar a segurança e o bem-estar dos outros acima da vontade de me divertir ou me distrair enquanto dirigia. Além disso, me esforcei por permanecer constantemente consciente de que Deus é a origem da segurança de todo motorista e de todo passageiro.
A partir dessa experiência, percebi que crescer e ser adulto pode ser empolgante e agradável, mas nos dá também muitas oportunidades de nos aproximar mais de Deus, e de aprender mais a respeito de Sua presença constante; e desse modo podemos sentir-nos seguros em todas as situações, e em cada nova aventura.