Certo dia, depois da escola, fui à biblioteca para me preparar para uma prova que teríamos no dia seguinte. O que eu não sabia era que havia um tipo de toque de recolher em nosso bairro.
Fiquei na biblioteca até o horário em que ela fechava, às 20h30. Quando comecei a caminhar de volta para casa, percebi que havia pouquíssimas pessoas na rua. Tudo estava muito quieto.
Logo, três policiais vieram em minha direção. Eles me pararam e pediram para ver meu documento de identidade, que eu não tinha comigo. Disse-lhes que era estudante e que estava voltando da biblioteca. Era óbvio que aqueles policiais estavam bêbados.
Infelizmente, na minha cidade, não é raro ver policiais bêbados em serviço. E, muitas vezes, em uma situação como a que eu me encontrava, os policiais costumavam se apossar de tudo o que a pessoa tinha antes de liberá-la. Nesse momento, fiquei preocupado com meu celular, pois achei que eles poderiam tentar tomá-lo de mim.
Comecei a orar como aprendera na Escola Dominical da Ciência Cristã. Minha oração consistia em ver aqueles policiais como realmente são — vê-los como Deus os vê — independentemente da maneira como estavam agindo. Tentei ouvir a Deus em vez de ficar focado no comportamento perturbador deles.
Durante o interrogatório, eles deixaram claro que estavam procurando por traficantes. Como eu não era, mantive a calma. Eles me revistaram e pediram que eu tirasse os sapatos. Pegaram tudo o que eu tinha, inclusive meu celular.
Naquele momento, lembrei-me da última frase da “declaração científica sobre o existir”, que consta do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy: “Por isso o homem não é material; ele é espiritual”. Eu estava orando para ver esses homens como Deus os havia criado, e não como pessoas definidas por suas ações, por isso essa passagem trazia exatamente a ideia de que eu precisava. Reconheci imediatamente que esses policiais, por serem espirituais, não poderiam fazer nada que não fosse o que Deus, o Espírito, os estivesse levando a fazer. Compreendi que cada um deles expressava apenas um Deus infinito, o bem.
De repente, um dos policiais pediu ao que estava segurando meu celular que ele o devolvesse a mim. Então, ele me mandou juntar minhas coisas e começar a correr. Quando ficou claro que eles não estavam atrás de mim, a situação toda se transformou em uma atividade divertida, ou seja, ir correndo descalço daquele lugar até minha casa, que ficava a alguns quarteirões de distância. Depois, quando contei aos meus amigos o que havia acontecido, todos ficaram muito surpresos com o fato de os policiais terem devolvido o meu celular.
Essa experiência me ensinou que a oração pode mudar o rumo de uma situação assustadora, quando vemos os outros como Deus os criou — espirituais e completamente bons.