Durante muito tempo tive dificuldade em me dar bem com uma de minhas irmãs. Parecia que ela vivia tentando me aborrecer de propósito, e que meus pais sempre davam razão a ela. Isso começou a se tornar muito frustrante. Era como se ninguém me desse atenção e meus pais estivessem sendo injustos. E eu ficava chateada comigo mesma por não conseguir encontrar uma forma de resolver o problema.
Até que, um domingo, na Escola Dominical da Ciência Cristã, percebi que eu podia orar a respeito do que estava acontecendo — e que a oração poderia, na verdade, me ajudar a resolver esse problema. Minha professora sempre pergunta aos alunos se temos alguma dúvida e, naquele domingo, perguntei se ela poderia me indicar algumas ideias que pudessem me ajudar a orar a respeito daquela situação com minha irmã.
A professora me lembrou da história bíblica de dois irmãos, que se chamavam Jacó e Esaú. Com uma artimanha, Jacó roubou a bênção do pai deles, que era um direito de Esaú. Este ficou tão irritado que queria matar o irmão. Mas, quando se reencontraram anos depois, Esaú não atacou Jacó, como este tanto temia. Em vez disso, conseguiram se reconciliar. A reconciliação aconteceu porque Deus fez com que houvesse uma mudança de caráter em Jacó e uma mudança de atitude em Esaú (ver Gênesis 25–33).
Gostei muito dessa história e de como ela tinha a ver com minha situação. Apesar de toda a antipatia criada entre os dois irmãos ao longo dos anos, com a ajuda de Deus os dois se perdoaram instantaneamente. Eles rapidamente conseguiram deixar de lado o passado. Orei, inspirando-me nessa história, mas, às vezes, parecia que ainda não era possível haver paz entre mim e minha irmã.
As coisas começaram a mudar quando fui para um acampamento de verão de Cientistas Cristãos, para trabalhar como orientadora. Um dia, eu e os campistas de meu grupo estávamos conversando sobre a Ciência Cristã, e acabamos falando sobre os contrastes entre o Antigo e o Novo Testamento, na Bíblia. Uma diferença grande sobre a qual conversamos é que, no Novo Testamento, Jesus realmente trouxe à luz o conceito de Deus como o Amor. E falamos sobre como é poderoso reconhecer que o amor não se origina nas pessoas, mas em Deus, no Amor divino. É isso que torna possível o amor incondicional, ou seja, amar independentemente de qualquer coisa — porque o amor se origina em uma fonte mais elevada do que nós.
Isso me fez pensar em minha irmã. Compreendi que, já que sou a expressão do Amor, tanto quanto minha irmã, então, na verdade, só poderia haver amor entre nós duas. Mesmo se ela fizesse algo com que eu não concordasse, o Amor é uma constante e, pelo fato de eu ser a expressão do Amor, eu tinha esse amor incondicional para dar e podia continuar a amar minha irmã. Isso não significava ignorar coisas que não fossem certas, mas, sim, que eu poderia confiar em que, com o amor, poderíamos alcançar a cura ou alguma resolução daqueles problemas, assim como aconteceu com Esaú e Jacó.
Ao voltar do acampamento, percebi uma enorme mudança entre nós, quase que imediatamente. Os problemas haviam diminuído, e quase todos os nossos desentendimentos simplesmente cessaram. E quando meus pais ficavam do lado dela, observei que eu conseguia ver as coisas a partir de uma perspectiva diferente. Percebi que isso não importava — porque o amor de Deus por mim não muda e jamais cessa. Eu ainda tinha todo o amor de que necessitava, mesmo que meus pais não vissem as coisas do meu ponto de vista.
O seguinte trecho do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, ajudou-me a compreender que a paz entre mim e minha irmã podia continuar a ser algo normal em nossa vida: “…a Ciência não conhece nenhum desvio da harmonia nem retorno à harmonia, mas sustenta que a ordem divina, ou seja, a lei espiritual, na qual Deus e tudo o que Ele cria são perfeitos e eternos, permanece inalterada em sua história eterna” (p. 471). Eu consegui entender que, na realidade, durante todo o tempo houvera paz entre mim e minha irmã. Eu só tive de compreender o que era verdadeiro a respeito de nós duas — que o Amor está no controle de nosso relacionamento.
Agora, mais de um ano depois, eu e minha irmã nos damos bem e até trocamos confidências e fazemos brincadeiras uma com a outra. Mesmo quando discordamos, de vez em quando, sabemos que podemos resolver o assunto juntas. E é o que fazemos.
Essa experiência me ensinou que, não importa há quanto tempo você tenha um relacionamento difícil com alguém, a cura é sempre possível. A paz e o perdão, que foram possíveis para Jacó e Esaú, também se mostraram possíveis para mim. E podem ser demonstrados por todas as pessoas no mundo, porque a lei do amor de Deus está sempre presente.