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Original para a Internet

Só filhos de Deus

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 10 de outubro de 2024


Meu filho estava comemorando seu aniversário de 16 anos com os amigos, quando cerca de 20 jovens de uma cidade vizinha tentaram invadir a festa. Esses jovens estavam dando outra festa, que fora interrompida pela polícia, e, ao que parece, ficaram sabendo a respeito da nossa pelas redes sociais, e decidiram participar.

Quando nós não permitimos que entrassem, eles se recusaram a ir embora, apesar de eu e meu marido pedirmos por diversas vezes, gentilmente e com firmeza, que se retirassem. Nós estávamos em pé, na entrada para a garagem, tentando argumentar com eles, explicando que aquela não era uma festa aberta ao público. Visto que continuamos a bloquear a passagem, um grupo considerável de amigos do meu filho, que já estavam na festa, veio nos dar apoio.

Foi uma situação tensa. Cada grupo gritava insultos, ameaçando partir para a violência física, caso o outro grupo não recuasse. Nosso vizinho, que geralmente é muito agradável, juntou-se a esse caos, empunhando uma faca e advertindo para que os jovens ficassem longe da sua propriedade. Então, alguém ameaçou dar uma coronhada em meu marido.

Enquanto meu marido chamava a polícia, fiquei em pé entre os dois grupos, e orei. Fazia pouco tempo que eu ouvira um episódio do podcast Sentinel Watch no site JSH-Online.com, em que a interlocutora falara a respeito de perguntar a Deus, todos os dias, a respeito do que ela deveria orar (Deborah Packer, “Prayer: What’s it all about?—Part Two” [A oração: do que se trata? — Parte 2], 9 de outubro de 2023). Aquilo me havia tocado profundamente. Percebi como era sábio agir assim, por já estar habituada a recorrer ao nosso Pai-Mãe Deus em busca de soluções. Desde criança, tenho constatado que Deus é uma fonte constante e imediata de ajuda em qualquer desafio que eu esteja enfrentando.

A vantagem de perguntar a Deus a respeito do que orar, antes que surja uma situação, é que nós já temos uma inspiração espiritual no pensamento para lidar com um problema, quando ele aparece. Ficamos menos sujeitos a nos impressionarmos ou a sermos influenciados pelo drama do momento e, em vez de reagirmos com medo ou agressão, conseguimos ouvir o que Deus está nos dizendo e agir com calma, graças à direção divina.

Alguns dias antes da festa, eu havia perguntado a Deus o que eu precisava aprender naquele dia. “Ver a todos como filhos de Deus” foi o que me veio imediatamente ao pensamento. Para mim, esse foi um lembrete de que Deus é o Pai e a Mãe de todos, e que cada um é criado à imagem e semelhança dEle, conforme o primeiro capítulo da Bíblia nos diz. Por isso, todos nós possuímos e expressamos tudo o que Deus é.

No livro-texto da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy apresenta sete sinônimos para Deus, os quais estão fundamentados na Bíblia: Princípio, Mente, Alma, Espírito, Vida, Verdade, Amor. Essas palavras não objetivam apenas “…expressar a natureza, a essência, a plenitude e a perfeição…” de Deus (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 465), mas indicam a natureza dos filhos de Deus — as qualidades que refletimos e que buscamos em nossos relacionamentos e em nossa vida. Por exemplo, se somos criados à semelhança de Deus, e Deus é o Princípio, então nós somos os filhos do Princípio divino. Como tais, todos incluímos ordem, sabedoria, integridade e o desejo de agir corretamente. Por sermos filhos da Mente divina, todos nós possuímos uma consciência governada pelo bem, impermeável às sugestões e motivações do mal, e que obedece apenas à Mente. Por sermos filhos do Amor divino, todos nós refletimos gentileza, bondade, paciência, humildade e amor.

Quando aquela ideia de ver a todos como filhos de Deus me viera ao pensamento, percebi que eu precisava buscar ver ativamente as qualidades de Deus em cada um — no motorista que me fechou no trânsito, no vizinho que se recusa a me reconhecer quando passo por ele, nos funcionários do governo, e nos meus amigos e colegas membros da igreja. Eu precisava compreender que todos são filhos de Deus, incapazes de expressar algo além da identidade outorgada por Deus.

Isso não significava que eu deveria ignorar ou passivamente aceitar injustiças, mas que eu precisava entender que, qualquer coisa dessemelhante de Deus, o bem, não faz parte da estrutura de ninguém.

Enquanto a multidão crescia e se tornava mais agressiva, eu me lembrei do modo como havia orado naquele dia, e percebi que todos esses jovens também eram filhos de Deus — aqueles à minha frente, e aqueles atrás de mim. Eu estava realmente em meio aos filhos abençoados de Deus, e não entre dois grupos adversários. Ambos estavam sob a proteção e a orientação do Amor. Não poderiam fazer nem sofrer mal algum. Não tive medo, senti apenas o Amor divino envolvendo todos nós.

Uma jovem me perguntou: “Como é que você vai conseguir impedir que simplesmente a empurremos e passemos?”

Respondi, honestamente: “Não consigo impedir”. Mas, pensei, o Amor divino consegue.

Naquele momento, fui guiada a dizer: “Pessoal, esta é a festa de aniversário de 16 anos do meu filho, e simplesmente queremos que ela seja especial. Vocês podem, por gentileza, ir para casa?”

Alguém gritou: “Feliz aniversário!” E a tensão se dissipou.

Um dos jovens de fora da cidade disse aos amigos: “Vamos embora. Não há nada aqui para nós”. Todos deram meia-volta e entraram calmamente em seus carros. Ao mesmo tempo em que eles saíam, meu marido voltou e disse que a polícia estava a caminho. Quando os policiais chegaram, já não havia problema algum.

Tudo terminou pacificamente. Ao irem embora, os amigos de meu filho pareciam não terem sido afetados pelo incidente, e muitos nos agradeceram por uma festa tão divertida.

Fiquei cheia de gratidão pela proteção do Amor por todos os envolvidos. Houvera ameaças com uma faca e uma arma, mas não houve violência alguma. Também sou grata pela lição que aprendi: “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus…” (Gálatas 3:26).

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