Encontramos na Bíblia relatos de pessoas que passaram por transformações que representaram para eles um novo começo, inclusive com a mudança do próprio nome. Por exemplo, Deus chamou Abrão e lhe disse que saísse de sua terra natal e fosse para uma nova terra, que Ele lhe mostraria. Disse Deus: “de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome” (Gênesis 12:2).
Abrão foi obediente, e Deus não apenas lhe deu um filho quando já era de idade avançada, mas também mudou seu nome para Abraão, e o constituiu, conforme prometera, “…pai de numerosas nações…” (Gênesis 17:5).
Posteriormente, Deus ordenou a Jacó, neto de Abraão, que retornasse à sua terra natal. Temendo um confronto com o irmão de quem havia fugido muitos anos antes, ele lutou com um anjo, à noite, e se recusou a deixá-lo partir até que este o abençoasse. Ao romper do dia, o anjo declarou: “…Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste” (Gênesis 32:28).
Em outro exemplo, Saulo de Tarso dirigia-se a Damasco com a intenção de prender cristãos, quando se viu subitamente envolto em uma luz vinda do céu, e ouviu uma voz dizendo: “…Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9:4). Ele logo passou por uma conversão radical, e se tornou seguidor de Cristo Jesus. Assumindo o novo nome de Paulo, deixou de perseguir os cristãos e passou a pregar o Evangelho.
O que provocou essas transformações notáveis? Esses três homens captaram um claro vislumbre de que Deus é o poder supremo, que é justo e bom, e que ama, guia e cuida de todos. A respeito de sua experiência, Jacó disse: “…Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva” (Gênesis 32:30). Uma mudança de perspectiva elevou cada um deles acima de seus pontos de vista errôneos, e a transformação foi tão profunda que os despertou para um novo senso de identidade e propósito. Pode-se dizer que eles tiveram um novo nascimento.
Será que uma transformação como essa pode ocorrer nos dias de hoje? Eu sei que sim, pois aconteceu comigo.
Quando eu era jovem, costumava culpar os outros, especialmente meu pai, por meus fracassos e problemas. Conforme fui amadurecendo, porém, percebi que precisava assumir a responsabilidade por meus atos e suas consequências, e que cabia a mim, e somente a mim, determinar meus objetivos e buscar atingi-los, alicerçado naquilo que eu realmente valorizava.
Com base nesse entendimento, comecei a fazer escolhas mais sábias, e minha vida tomou um rumo muito melhor. Também me tornei mais receptivo espiritualmente, e quando fui convidado a assistir a uma reunião de testemunhos em uma filial dA Igreja de Cristo, Cientista, aceitei o convite. Achei os aspectos práticos dos testemunhos especialmente interessantes. Ficou claro para mim que eu também poderia obter curas, se colocasse em prática as mesmas verdades espirituais que os testemunhantes mencionavam. A integridade e a disciplina que isso requer despertaram meu interesse, e logo comecei a estudar a Ciência Cristã.
Nessa época, eu tinha o hábito de fumar, que considerava prazeroso. Certa noite, porém, enquanto eu lia a Bíblia e Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, pensei: “A Ciência Cristã e o hábito de fumar não combinam!” Esse hábito não parecia compatível com o que eu estava aprendendo a respeito do homem criado por Deus. Apaguei o cigarro, e o falso senso de prazer imediatamente se dissipou, junto com a fumaça. Voltei a fumar por um breve período, mas como não sentia mais prazer nisso, logo parei definitivamente.
Na época, eu também frequentava uma igreja de outra denominação e, nas manhãs de domingo, ia primeiro àquela igreja, e depois ao culto da igreja da Ciência Cristã. Mas eu gostava tanto do que estava aprendendo com o estudo da Ciência Cristã, que logo decidi ficar exclusivamente com a Ciência.
Lembro-me de que o Sermão do Monte chamou muito minha atenção, especialmente na parte em que Jesus dá esta instrução: “…buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça…” (Mateus 6:33). Também considerei seriamente esta afirmação em Ciência e Saúde: “Conhece-te a ti mesmo, e Deus te dará a sabedoria e a ocasião para teres a vitória sobre o mal” (p. 571).
Com a leitura dos escritos da Sra. Eddy, comecei a compreender que Deus é o Espírito e eu sou o reflexo de Deus — espiritual, perfeito e puro. Aprendi que buscar o reino de Deus significa nutrir em nossa consciência qualidades como paciência, paz, pureza e humildade.
À medida que meu senso de propósito espiritual se desenvolvia, fui guiado a uma atividade que foi um marco na escolha de minha profissão. Um amigo me convidou a dar aulas de datilografia em uma instituição pública que oferecia treinamento profissional. Eu gostava muito de ensinar, e fui convidado a ministrar aulas de Português. Depois disso, fui inspirado a fazer a graduação em literatura, e acabei por me tornar professor em instituições de ensino superior.
Antes de conhecer a Ciência Cristã, eu não pensava em me casar nem em formar uma família. Mas a compreensão crescente a respeito de Deus como o Eu Sou, o único Ego, ajudou-me a ver como é importante abandonar o ego humano e o planejamento humano, que são limitados. Essa compreensão transformou meu pensamento e abriu o caminho para a construção de relacionamentos saudáveis, desprendidos do ego.
Eu queria ter uma companheira que fosse sincera, em quem eu pudesse confiar, e que me acompanhasse à igreja. Quando conheci uma mulher que expressava essas qualidades, foi ela que pediu para ir comigo à igreja! Nosso relacionamento se desenvolveu naturalmente, nós nos casamos e construímos uma família, com base no apoio mútuo ao nosso crescimento espiritual.
Certa vez, Jesus disse: “…se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3). O que significa nascer de novo? Significa despertar para a verdade de que somos a expressão, a ideia da Mente divina, criados à imagem e semelhança de Deus.
Apesar de não ter mudado meu nome, depois de aprender mais sobre minha verdadeira identidade, como aconteceu com os personagens da Bíblia, eu me sentia uma nova pessoa. Obter um novo senso de propósito é possível a todos. Nós podemos, como Abraão, Israel e Paulo, dizer sim ao novo senso espiritual a respeito de nós mesmos, e aceitá-lo com humildade e gratidão.