“O que significa ser espiritual?” Quando eu estava no início da idade adulta, alguns acontecimentos marcantes em minha vida fizeram com que eu buscasse compreender melhor a espiritualidade da maneira como ela é apresentada na Ciência Cristã. Li tudo o que pude sobre o assunto, inclusive a Bíblia e os escritos da Descobridora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, bem como o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. Também li artigos publicados nos periódicos dessa Ciência e ouvi o material gravado que se encontra disponível no site da Ciência Cristã. Eu me empenhava em fazer anotações específicas sobre o assunto mas, mesmo assim, não importava quanto esforço eu fizesse para tentar entender o que significa ser espiritual, percebi que não conseguia assimilar o conceito de uma forma que me parecesse confiável e demonstrável.
Em um determinado momento durante esse estudo, fui participar de uma convenção relacionada a meu trabalho, a qual foi realizada perto de uma bela praia. Como eu havia chegado um dia antes do início do evento, fiquei a maior parte do tempo livre, tentando obter uma compreensão mais clara acerca dessa questão da espiritualidade que, para mim, sempre fora nebulosa. Encontrei uma gravação em áudio na qual vários Cientistas Cristãos respondiam à pergunta sobre o que significa ser espiritual. Gostei muito do que eles disseram, e fiquei inspirada, mas ainda tinha dúvidas. Decidi então fazer uma pausa e correr à beira-mar.
Quando terminei a corrida, fiquei algum tempo contemplando a paisagem diante de meus olhos. A areia era branquinha e uniforme, e o céu estava iluminado por uma variedade de tons suaves, porém bem nítidos, de rosa e roxo. Senti-me envolvida por uma sensação de felicidade e de paz, e pensei: “Uau, isso é lindo!”
Logo uma voz interior, que não era a minha, disse: “Isso é você”.
Fiquei surpresa e maravilhada com o que ouvi, e meus olhos se encheram de lágrimas. Eu sabia que Deus não estava dizendo que eu era literalmente uma parte daquele cenário de pôr-do-sol, mas não compreendi, de imediato, o significado completo da mensagem que eu acabara de receber. Contudo, a paz que eu sentira me dava a certeza de que esse pensamento era algo que Deus havia enviado especificamente para mim. Eu podia sentir que a mensagem era real e estava certa, mas não conseguia explicar por quê. Para mim, a voz e a orientação de Deus muitas vezes se manifestam dessa maneira. Sei que a voz não é minha porque, embora os pensamentos me proporcionem conforto e paz, eu ainda não tenho a compreensão suficiente para explicar a Ciência mais profunda sobre a qual se baseia a simples mensagem ouvida.
Essa mensagem permaneceu comigo e foi como um lampejo de luz guiando-me enquanto eu me empenhava em compreender melhor o que significa ser espiritual. Atualmente, depois de mais estudo e prática da Ciência Cristã, fico feliz em dizer que agora posso descrever melhor o significado mais completo das palavras que ouvi naquele dia. Deus estava me dizendo que minha verdadeira identidade, e a verdadeira identidade de todos nós, se parece muito com um belo pôr do sol. Não somos uma mistura de bem e de mal, de ideias claras e de confusão mental, como as teorias humanas dizem que somos. Não importa que pareçamos ser complicados, ou que acreditemos estar confusos e perdidos, a única identidade que Deus vê e conhece é nossa verdadeira identidade espiritual — a ideia que se origina nEle, no Amor, e que não é complicada, mas bela, imortal, divina e boa.
Na Bíblia lemos: “Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei…” (Isaías 43:4). E o registro das curas realizadas por Cristo Jesus como o “Filho unigênito” de Deus (ver João 3:16) reflete perfeitamente a maneira como Deus nos vê — puramente bons.
Quando Jesus curou uma mulher apanhada em flagrante adultério, o homem com a mão mirrada e o paralítico que esperava pela cura junto ao tanque chamado Betesda, ele não examinou esses indivíduos com uma lente material, com a preocupação de que histórias humanas complexas pudessem tornar a cura difícil ou mesmo impossível. Em vez disso, ele via neles os filhos de Deus. Ele reconhecia a verdade de sua identidade espiritual pura e inocente, e dizia: “…Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” (João 8:11); “…fica limpo! …” (Mateus 8:3); e “Levanta-te, toma o teu leito e anda” (João 5:8). E as circunstâncias humanas preocupantes cediam à Verdade, Deus. Exatamente onde o desespero e as sugestões de egos mortais emaranhados tinham parecido fatos naturais, a liberdade, a pureza e a capacidade se manifestavam. O Cristo, a mensagem divina de amor à humanidade, ainda está conosco hoje, por isso podemos seguir os ensinamentos de Jesus e obter a cura.
Gosto de pensar que Deus, nosso Pai-Mãe, nos vê como realmente somos — como a expressão individual e exata do Amor. Deus está vendo e acalentando essa ideia a nosso respeito, e Ele também está reconhecendo a perfeição de toda a Sua criação, da qual você é parte essencial. Não há dois de você. Existe apenas um, e apenas um belo universo criado por Deus, no qual você, tudo e todos estão incluídos.
Como é isso possível em um mundo que parece tão fragmentado, material e cheio de mágoa e decepção? É que essa aparente ausência de harmonia é um modo de ver errôneo — é aquilo apresentado pela ignorância acerca do Amor divino. Assim como a iluminação insuficiente pode fazer com que um belo espelho d’água pareça um buraco negro, a ignorância a respeito de Deus faz com que a criação (que somos nós) pareça fragmentada, doente, ignorante e incompleta, quando, na verdade, somos imortais, bons, amados e completos.
Ciência e Saúde nos assegura que: “Inteiramente separada da crença e sonho no viver material, está a Vida divina, que revela a compreensão espiritual e a consciência do domínio que o homem tem sobre toda a terra” (p. 14). Isso significa que, neste exato momento, e não em alguma data futura, existe apenas um de cada um de nós, e Deus está fazendo com que seja assim, e reconhecendo cada um dessa maneira, sempre. É a nossa comunhão diária, instantânea, com Deus, o Amor, que nos permite reconhecer nossa natureza espiritual tão claramente, que conseguimos comprovar mais essa realidade presente sobre quem e o quê somos. Esse senso espiritual nos proporciona a força de que precisamos para tomar posição e refutar as mentiras do senso material, as quais alegam que somos humanos decepcionantes, em vez de ideias perfeitas de Deus.
Neste exato momento, você não é um prisioneiro das chamadas leis da natureza, da educação, da genética, dos hormônios, nem das experiências humanas. Você não é um quebra-cabeça com as peças fora de lugar. Você é, hoje mesmo, a ideia correta, amável e espiritual que Deus cria e mantém para sempre.
Eu gostaria de poder dizer que sempre consigo discernir facilmente esses conceitos espirituais, sem qualquer mistura com crenças mundanas, mas isso requer esforço. O mundo muitas vezes mantém diante de nós uma versão distorcida do homem. É preciso coragem e um amor profundo e crescente por Deus e pelo homem para resistir às correntes mentais que atraem a atenção da humanidade, pedindo que acreditemos e nos deixemos levar por um senso mortal de identidade. Precisamos nos posicionar em favor da verdade acerca de Deus e do homem.
Esse esforço é enriquecedor. O fato é que já somos bons, e não importa quão pequeno o bem às vezes pareça ser, ele está ali. Quando cultivamos esse bem em nós mesmos e nos outros e ficamos atentos à orientação divina, somos levados a reconhecer o filho de Deus que verdadeiramente somos.
Mesmo que, às vezes, você se sinta separado da alegria e da beleza da vida, a luz do bem que existe em você nunca se extinguiu, nem sequer por um momento. Todas as qualidades espirituais de Deus pertencem a você, neste exato momento. Elas correspondem ao único você que existe, que já existiu e que sempre existirá. Esse fato pode, e irá, dissipar quaisquer nuvens de crença errônea que pareceriam esconder o perpétuo despontar do progresso e da cura.
Aquele momento na praia, naquele dia, continua a iluminar meu caminho. Lemos em Ciência e Saúde: “A Vida é eterna. Devemos constatar esse fato e começar a demonstrá-lo” (p. 246). A mensagem de Deus que eu ouvi se aplica a todos. É Deus dizendo: “Você é precioso aos Meus olhos. Aprenda e comprove esse fato. Ame essa verdade, não apenas em relação a você, mas também ao seu próximo”.