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Original para a Internet

Fixar residência no reino de Deus

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 26 de maio de 2025


O livro de John Bunyan, O peregrino, considerado uma das mais importantes obras de ficção teológica da literatura inglesa, descreve a longa e árdua jornada de “Cristão”, o herói da história, em busca da “Cidade Celestial”, o reino de Deus.

Ironicamente, a premissa dessa história, tida como o primeiro livro de ficção escrito no idioma inglês, é o mito de que o reino de Deus está muito longe de todos nós. No entanto, há mais de 2.000 anos, Cristo Jesus quis que seus seguidores não fossem enganados por esse mito. Sua primeira ordem, ao iniciar o ministério público, foi: “Arrependei-vos [que significa, no original grego, mudai a vossa perspectiva], porque está próximo o reino dos céus” (Mateus 4:17). “Está próximo” significa que “neste exato momento nós, de fato, estamos no reino”. 

No evangelho de Lucas, enfatizando a natureza totalmente mental do reino de Deus e do nosso lugar nele, Jesus diz que esse reino não está apenas super próximo, mas “dentro de vós” (17:21). No livro do Apocalipse, João vai ainda mais longe e descreve em detalhes simbólicos “a cidade santa, a nova Jerusalém” (21:2).

Apesar dos esforços de Jesus e de João, nossa cultura ainda convive com o mito de um reino de Deus bem distante. 

Mary Baker Eddy, em seu livro inspirador, intitulado Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, nos estimula a entrar, mentalmente, nesse reino de Deus. Referindo-se ao que João descreve como um “novo céu” e uma “nova terra”, a Sra. Eddy pergunta: “Já pensaste alguma vez nesse céu e nessa terra, habitados por seres sob o controle da sabedoria suprema?” (p. 91). 

Ela está se referindo, de fato, à nossa morada. Nossa verdadeira habitação.

Tenho de admitir que, nas primeiras vezes em que li a descrição que João faz da cidade santa, esta não me pareceu de muito bom gosto. Ouro e pedras preciosas por todo lado, e até portas de pérolas. Mas, aos poucos, compreendi o extremo apreço da Sra. Eddy pela capacidade manifestada por S. João de ver e valorizar essa Nova Jerusalém.

A Sra. Eddy tinha muita consideração pelo fato de essa cidade ter se tornado visível a João, e ressalta que isso ocorreu “…enquanto ele ainda habitava com os mortais” (Ciência e Saúde, p. 576).

É claro que a beleza que S. João estava descrevendo é o símbolo da perfeição espiritual dessa nossa verdadeira casa.

Na verdade, passei a dar valor a cada um dos variados detalhes que João inclui em seu relato, entendendo que eles têm um significado simbólico. Para mim, o que há de mais valioso é a descrição da relação super próxima do homem com Deus. Quando começa a descrever a “cidade santa”, João diz que ouviu “…grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles” (Apocalipse 21:3).

Eugene Peterson, estudioso da Bíblia, parafraseando esse versículo, enfatiza o quão íntimo é esse relacionamento. Ele escreve: “Deus … faz sua morada com os homens e as mulheres! Eles são seu povo, Ele é o Deus deles” (The Message [A Mensagem]).

João não apenas ressalta a proximidade do homem com Deus, mas também dá ênfase à natureza terna e amorosa dessa relação: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima…” (Apocalipse 21:4).

Há algum tempo, tive a oportunidade de aprofundar minha compreensão a respeito do que significa estabelecer residência no reino de Deus. Eu havia sido designado para dar conferências na África Ocidental. Grande parte da viagem seria na Nigéria, e ocorreria durante o período da guerra civil que estava ocorrendo naquele país, conhecida como a Guerra de Biafra. Embora eu não fosse ficar na zona do conflito, precisava passar por diversos postos de controle, conhecidos pelas inspeções, às vezes violentas, que faziam.

A guerra aproximava-se do final, mas as imagens mostradas no noticiário da televisão eram exatamente o oposto do reino de Deus descrito por João. Dei-me conta de que, naquela viagem, haveria uma grande necessidade de oração dedicada, por isso comecei a orar. Inicialmente, concentrei-me naquilo que a Sra. Eddy denomina “armadura do Amor”, uma proteção total — que eu compreendia ser um tipo de campo de força de segurança, sem nenhuma fissura (ver

Ciência e Saúde, p. 571).

Mas então duas ideias me ocorreram.

 • A primeira foi de que eu não precisava esperar. Eu já podia — antes mesmo de iniciar a viagem —estabelecer mentalmente minha residência no reino de Deus. Afinal, essa residência não tinha uma localização geográfica. Pelo contrário, ela consistia no universal e onipresente governo do Amor divino.

 • A segunda foi de que, em vez de adotar uma postura defensiva, eu poderia seguir em frente, reconhecendo que esse reino de Deus já é habitado “por seres sob o controle da sabedoria suprema” — totalmente sob a supremacia da sabedoria.

Para mim, essa se tornou a descrição precisa de minha habitação, ou seja, do espaço mental no qual eu vivia. Eu estava estabelecendo minha residência no reino de Deus. Do ponto de vista humano, as pessoas com as quais eu convivia eram os habitantes de Pittsburgh, no sudoeste do estado da Pensilvânia, onde eu morava na época. Em breve iria conviver com nigerianos, pertencentes às etnias igbo e iorubá, do sul da Nigéria. Dei-me conta de que eu poderia compreender espiritualmente que todos fazíamos parte do reino espiritual de Deus. Esse reino era, na verdade, o único lugar em que poderíamos habitar, e ninguém estaria fora desse reino.

Nem sempre foi fácil, mas, com perseverança, consegui mudar minha perspectiva. Em vez de pensar que estava em um lugar onde eu necessitava de proteção, reconheci que estava no reino do Amor divino, dividindo esse espaço com outros filhos de Deus, meus irmãos e irmãs espirituais.

Mantive esse pensamento, fundamentado na oração, ao longo de toda aquela viagem como conferencista. Foi o complemento perfeito para as ideias da conferência, que falava sobre descobrir a criação espiritual de Deus, a verdadeira identidade de cada residente do reino do Amor. Durante o percurso, apenas uma vez fomos abordados por um guerrilheiro fortemente armado nos cobrando um “pedágio”. Ele ficou feliz em receber um exemplar de Ciência e Saúde, em vez do pagamento.  

Para mim, sem dúvida, a parte mais bonita desse reino de Deus não é o panorama, mas sua rica gama de habitantes — a rica diversidade de pessoas que habitam essa cidade santa, cada uma expressando belas qualidades à semelhança de Deus, infinitamente indispensáveis, variadas com diferentes nuances, como as pedras preciosas que S. João identifica como parte do reino. 

Acima de tudo, ao “entrar” nesse reino, sinto o poder revigorante daquele “que está assentado no trono” (Deus), e que anuncia: “…Eis que faço novas todas as coisas”,  e “estas palavras são fiéis e verdadeiras” (Apocalipse 21:5). 

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