Muito se fala sobre o amor. Milhões de palavras a respeito desse tema já foram escritas, proferidas e cantadas. No entanto, será que nós sabemos realmente o que a doce, mas poderosa, palavra amor significa?
A Bíblia, especialmente o Novo Testamento, bem como as obras de Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, são de grande ajuda para esclarecer o verdadeiro significado dessa palavra. A Sra. Eddy afirma: “O afeto puro, concêntrico, que esquece o ego, que perdoa as ofensas e impede que elas ocorram, deveria tanger a lira do amor humano” (Escritos Diversos 1883–1896, p. 107).
A humanidade necessita muito desse “afeto puro” que envolve a todos e inclui qualidades como paciência, inocência e renúncia ao ego. Se esse sentimento extraordinário, chamado amor, possui tais qualidades gloriosas, sua origem deve ser muito elevada e verdadeiramente espiritual — ele deve vir de Deus, o Amor.
Entre as qualidades do Amor divino inesgotável está o perdão. É impossível descrever em palavras a liberdade que sentimos quando perdoamos. Perdoar significa libertar-se de um conceito errôneo a respeito de quem e do que nós realmente somos, e significa eliminar o conceito errado que temos a respeito da pessoa a quem perdoamos.
A Sra. Eddy escreve: “A primeira lição é conhecer a si mesmo; tendo feito isso, naturalmente iremos, por meio da graça vinda de Deus, perdoar nosso irmão e amar nossos inimigos” (Escritos Diversos, p. 129). De fato, é “por meio da graça vinda de Deus” que podemos perdoar quem nos magoou, conhecendo a nós mesmos e apagando de nosso pensamento todo senso de condenação, por compreender que esse sentimento não procede de Deus. Dessa forma, podemos aliviar o fardo de culpa que colocamos sobre nosso próximo.
Às vezes, parece muito difícil perdoar alguém que nos magoou ou prejudicou. Em algumas ocasiões, tive de orar diligente e persistentemente para compreender minha verdadeira individualidade, que o erro jamais pode tocar, e perceber que aquele que eu considerava meu inimigo era inocente do ponto de vista espiritual. Somente quando permiti que o Cristo — a verdadeira ideia de Deus — iluminasse meus pensamentos, foi que consegui realmente perdoar e sentir a liberdade que isso traz.
Uma conhecida minha teve de aprender a importância de perdoar, para ter progresso na vida. Após diversos anos de casamento, seu marido repentinamente a deixou por outra mulher. Ela se sentiu traída e dolorosamente aprisionada no desespero, senso de culpa e raiva.
Pouco tempo antes, ela havia começado a confiar em Deus, ao aprender que Ele é “…socorro bem-presente nas tribulações” (Salmos 46:1). Ela me contou, muito tempo depois, que tinha consciência de que precisava perdoar aquele homem, para poder progredir e se desenvolver espiritualmente.
Depois do divórcio, sua vida ficou muito difícil. Minha conhecida tinha quatro filhos para criar, estava desempregada e prestes a ser despejada da casa onde morava. A situação era angustiante e a fazia sentir profunda amargura. Mas ela se agarrou às verdades que começara a aprender com o estudo da Ciência Cristã.
Pouco a pouco, por meio de suas próprias orações e com a ajuda de uma praticista da Ciência Cristã, ela começou a superar os obstáculos. Conseguiu um emprego e, em seguida, uma nova moradia. Mas o ressentimento que sentia pelo pai de seus filhos não passava. A luta para se libertar daqueles sentimentos dolorosos durou mais de dois anos.
Ao buscar respostas na Bíblia e nos livros da Sra. Eddy, ela percebeu que precisava afastar de seu pensamento não apenas a raiva, mas também a autopiedade, a justificação do ego, o orgulho e a sensação de ser vítima das circunstâncias. Ela sabia que, para se libertar do ressentimento, precisava compreender que não podia ser afetada pelos erros cometidos por outra pessoa.
Certo dia, leu esta declaração em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, o livro-texto da Ciência Cristã, de autoria da Sra. Eddy: “O perdão por parte da misericórdia divina é a destruição do erro” (p. 329). O erro, conforme a Ciência Cristã explica, é a suposta ausência da Verdade, Deus — uma impossibilidade, visto que Deus é Tudo-em-tudo.
Essa mulher percebeu que a luz do Cristo estava revelando que o mal é impessoal, e estava destruindo todo senso de condenação que ela nutria. Ela compreendeu que, pelo fato de Deus ter criado tudo, e criado tudo bom, o mal não ocupa espaço nenhum — não tem presença nem poder.
Poucos dias depois, enquanto orava pelos filhos, ela percebeu que estava incluindo o ex-marido na oração. Não tinha havido nenhum esforço especial da parte dela para isso; tudo acontecera naturalmente. Ela ficou muito grata e tremendamente aliviada. Uma paz indescritível a envolveu. Passado algum tempo, ela conseguiu estabelecer uma relação amistosa com o ex-marido e com sua nova esposa. Finalmente, percebeu que nada podia prejudicá-la ou separá-la do Amor divino, o bem onipotente que abençoa a todos.
Então, será possível explicar com meras palavras esse sentimento puro e poderoso chamado amor? A resposta é não. Isso é impossível. Mas podemos viver, praticar e demonstrar o amor diariamente.
O Apóstolo Paulo descreveu o amor em uma das cartas mais elucidativas já escritas. Em um trecho dessa carta, ele diz: “O amor jamais acaba; … Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor” (1 Coríntios 13:8, 13).
Paulo não disse que o amor jamais acaba “a menos que…” ou “exceto quando…” A afirmação é conclusiva: “O amor jamais acaba”. O amor prevalece, triunfa, vence, ama, independentemente das circunstâncias.
Podemos ter a certeza de que Deus, o Amor divino, está sempre ao nosso lado, e de que somos um com Ele, assim como alguém diante do espelho é um com seu reflexo e o sol é um com seus raios.
Levará muito tempo para que se perceba, em toda a sua amplitude, a grandeza, a profundidade e a magnitude do Amor, mas podemos, com calma e confiança, reconhecer que o Amor divino, nosso Pai-Mãe celestial, nos ama e satisfaz todas as nossas necessidades, sempre.
Um dos primeiros estudantes da Ciência Cristã lembrou que a Sra. Eddy, certa vez, descreveu seu conceito a respeito de Deus da seguinte maneira: “É como um pai, que protege seu filho e cuida dele; é como uma mãe, que segura o pequenino nos braços e o alimenta com o leite da Palavra; é como um pastor amoroso, que cuida de seu rebanho, adentrando os pântanos em busca da ovelha perdida, chamando, chamando — e que, ao ouvir o lamento dela, toma-a em Seus braços e a leva para casa, fazendo isso vezes sem conta” (We Knew Mary Baker Eddy, Expanded Edition [Reminiscências de pessoas que conheceram Mary Baker Eddy, Edição Ampliada], Vol. 2, p. 337) Essa é, para mim, a mais autêntica e exata definição do único e verdadeiro Amor, Deus.