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Original para a Internet

Um lar seguro

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 12 de maio de 2025


O jornal The New York Times publicou recentemente a notícia de que “em um extenso estudo feito na Dinamarca com adultos, os pesquisadores constataram algo inesperado. Os adultos que, durante a infância, mudaram de cidade com frequência são bastante mais propensos a sofrer de depressão do que os indivíduos que permaneceram em uma mesma comunidade”.

Eu poderia ter corroborado esse fato. Quando cheguei a me formar no ensino médio, eu já tinha mudado de cidade vinte vezes. Vinte mudanças em 18 anos. Raramente havia conseguido ficar na mesma escola mais do que um ano letivo, e muitas vezes tinha passado por duas escolas em um único ano letivo. 

Mudar de cidade com tanta frequência foi para mim um dos aspectos mais difíceis da história de minha infância. Aliás, quando li pela primeira vez a manchete do artigo citado acima, baixei a cabeça entre os braços e chorei. Não de tristeza, mas de profunda gratidão. Minha história é um relato sobre a graça de Deus. E sou muito grata por contá-la aqui.

Aos dez anos de idade, eu já era uma criança profundamente triste, por mais motivos do que conseguiria contar. A perspectiva de uma nova mudança estava no topo de minha lista de ansiedades. Eu era tímida, de pequena estatura, gostava de ler, extremamente focada em obter boas notas, e não fazia amigos com facilidade. O primeiro dia em uma nova escola parecia mais difícil do que passar fome ou ser pobre. E nossa família enfrentava esses dois problemas. 

Foi então que eu fui salva. Por volta daquela época, minha família começou a estudar e a praticar a Ciência Cristã, que havia sido a religião da infância de minha mãe. Ela a havia deixado no fim da adolescência, mas nossa família finalmente encontrou o caminho de volta para essa querida comunidade de oração e cura. 

A essa altura, uma década de mudanças constantes havia deixado impressões distorcidas sobre o que eu pensava a respeito de meu lugar no mundo. Estava começando a me sentir emocionalmente alquebrada, insegura, sentindo não pertencer a um lugar e a um lar.

Certo dia eu estava lendo um livro de uma coleção favorita. Em todos os vinte e cinco volumes, a heroína vivia em uma cidadezinha charmosa, em um bairro tranquilo e sempre na mesma casa. Ela e suas amigas de infância compartilhavam aventuras. Senti a já conhecida dor de ansiar por um senso de estabilidade. Eu desejava tanto essa segurança! Desejava ter amigos por tempo suficiente para chegar a me sentir à vontade em sua companhia, conhecer suas peculiaridades, ou saber qual era seu sabor favorito de sorvete. 

Um domingo, falei sobre isso com minha professora da Escola Dominical e ela me deu um forte abraço. “Eu conheço você” disse. Ela expressou o amor de Deus de uma forma muito terna e clara. Eu sabia que o amor que ela expressava era fruto do estudo e prática da Ciência Cristã, e rapidamente fiz a conexão entre esse terno amor e sua dedicação ao amor que sentia por Deus. A partir desse momento, passei a me voltar à Bíblia e ao livro de Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, em busca de um senso de lar, de pertencimento, de calor e amizade.

Passei a pesquisar, a ler e amar relatos bíblicos sobre pessoas que, no exílio, esperaram décadas pela terra que lhes havia sido prometida. Eu me via como filha daqueles que haviam sido expulsos de sua terra natal — vagando pelo deserto, em busca de refúgio e abrigo, e mesmo assim confiando em um Deus amoroso.

Depois de mais uma mudança abrupta que incluiu uma nova escola e uma nova igreja e Escola Dominical (estas duas haviam se tornado o “lar” para mim), eu descobri a interpretação espiritual que a Sra. Eddy dá para o Salmo 23, em Ciência e Saúde. Uma frase em particular me inspirou. O versículo original da Bíblia diz: “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre” (versículo 6). O que chamou minha atenção foi o trecho final da linha correlata de Ciência e Saúde: “…e habitarei na casa [a consciência] do [AMOR] para todo o sempre” (p. 578). 

O trecho não diz “visitarei”, diz “habitarei”. Não diz por um tempo ou até a próxima mudança, mas para todo o sempre. Compreendi que, ao estar na “[consciência] do [AMOR ]”, eu estava em uma casa — a casa da qual ninguém jamais poderia me tirar. Estava comigo em todo lugar. Meu senso de lar passou a incluir e a ser definido como a casa do Senhor — a consciência de Deus, o Amor divino.

Esse se tornou o lugar ao qual eu pertencia — o lugar onde eu morava. E em um amado hino do Hinário da Ciência Cristã encontrei esta promessa:

Céu, lar, são teus, peregrino na terra.
Eterno herdeiro e filho do Amor.
Deus te protege, te guarda, te ama.
Mostra em teus passos coragem, valor.
(P.M., 278, trad. e adapt. © CSBD) 

Descobrir hinos como esse na infância, me proporcionou um lugar para onde ir, na iminência de mais uma mudança. Passei a morar em um senso imutável de lar que permanece comigo, que me proporcionou estabilidade e segurança em mais de sessenta mudanças de residência.

Em uma época de escassez de moradia, migração, mudanças frequentes nos sistemas de assistência social, insegurança no emprego e uma crise global de refugiados — muitos fugindo de zonas de guerra — crianças e suas famílias ao redor do mundo são forçadas a mudar constantemente. Nessas condições, nada pode ser mais importante do que um senso de pertencimento e um senso espiritual de lar apoiado na compreensão de nossa união com Deus, o Espírito. Essa união é nosso lar divino e permanente. 

Ciência e Saúde declara: “O direito ao harmonioso e eterno existir só se encontra seguro na Ciência divina” (p. 232). O reino de Deus, como Cristo Jesus declarou, está dentro de nós. Constatei que esse é o lugar mais seguro que podemos conhecer. É aqui que moramos, não apenas visitamos. Esse é o lugar em que moramos, onde não estamos apenas de passagem. Esse é o lugar ao qual pertencemos — e nos é dado por Deus, protegido por Deus e por Ele preenchido de amor, alegria, calor e possibilidades. Quando compreendemos que sempre pertencemos a esse lar inteiramente espiritual, podemos ver e sentir que estamos para sempre seguros. 

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