"Quem é que me tocou?" perguntou Jesus (Lucas 8:45). Seus discípulos responderam fazendo-lhe ver que no apêrto da multidão muitos o estavam tocando. Mas Jesus conhecia a diferênça entre o toque da multidão e o sentido espiritual, que reconheceu a presença do Cristo. Êle disse: "Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude."
Êste belo incidente na vida de nosso querido Mestre encerra valiosas lições para todos nós. Havia a fé de uma mulher enferma, a qual, tendo ouvido falar no grande poder de curar de Jesus, talvez compreendesse que, em lhe aceitando a palavra, podia manifestar um estado saudável, mais santo. Essa mulher devia ter tido uma fé muito mais forte do que o sentido geralmente aceito da palavra. Não era uma convicção sólida? Não demonstrou sua fé por sua receptividade? Segundo o relato, ela foi curada antes que o Mestre soubesse quem o havia tocado; e lemos a aprovação de Jesus nas palavras que dirigiu à mulher: "Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vá em paz." Estas palavras foram proferidas depois de lhe ter ela relatado porque o havia tocado e como havia ficado curada instantâneamente.
Os discípulos da Christian Science estão tocando a orla do vestido da Verdade. Estão compreendendo a infinitude de Deus e a perfeição de Sua criação. Êles sabem que estão tocando a realidade, pela evidência da cura que hoje em dia se efetua de "tôdas as enfermidades e molêstias entre o povo" (Mateus 4:23). Lemos em Isaias (43:12): "Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, de que eu sou Deus" (Bíblia inglesa). Damos prova de nossa convicção da Verdade, mediante aplicação dos princípios fundamentais da Christian Science, como foram ensinados e demonstrados por Mary Baker Eddy. Provamos, pela cura, que tocamos a orla do vestido do Cristo, como foi ilustrado pela mulher no tempo de Jesus.
A alguns, pode parecer que as palavras dêle implicavam esgotamento, visto que havia saído virtude dêle. Mas tal não podia ser. Suponhamos, alegòricamente, que um instrumento de cordas, como um violino ou uma harpa, pudesse tornar-se consciente e falar. Talvez dissesse: "Alguém me tocou, pois noto que um belo tom, uma nota, um acorde, saiu de mim." Isto não seria esgotamento, pois o instrumento também poderia dizer: "Esta é a minha razão de ser: emitir beleza e harmonia para o mundo, aliviando e confortando. Posso continuar a fazer isto para todos os que queiram tocar minhas cordas com compreensão. Não me esgotarei, pois enquanto existo êste é meu propósito; que sejam milhares os acordes, os tons, as notas, que agradam, que louvam, que elevam, que curam."
Os primeiros dois versos de um dos poemas de nossa Líder, expõem o pensamento expresso por esta alegoria (Poems, p. 12):
"Da mente a harpa faz vibrar
Suave louvor,
Que triste e doce a perpassar
Jugula a dor.
"Desperta a idéia angelical,
Qual um fulgor
E entoa um canto celestial
De fé e amor."
Não poderia cada um de nós representar as cordas vibrantes de uma harpa? Amar significa dar infinitamente, do mesmo modo que o sol dá luz e calor em corrente ininterrupta, a qual não pode ser invertida ou retardada. Como reflexo do Amor, o amor do homem nunca se esgota.
O articulista experimentou o resultado do tocar a orla do vestido da Verdade, quando, há muitos anos, foi acometido de alarmante perturbação cardíaca, chamada incurável, a qual de tal modo lhe pôs em risco a vida e a carreira, que a ciência médica, admitidamente, não tinha remédio para êsse mal. Aí, então, foi-lhe oferecida a Christian Science, que êle, prazenteira e prontamente, aceitou. Êle compreendeu que Deus é Tudo-em--tudo, e que Deus é o bem. Compreendeu, também, que nada podia ser acrescentado àquilo que é Tudo.
Ao raciocinar assim, percebeu que tudo o que parecia apresentar--se além da totalidade de Deus, o bem, era alheio a Deus e Seu reino, e não podia, em realidade, ser mantido. Poderíamos, talvez, ser levados a crer que dois e dois são cinco, mas não poderíamos saber isto, simplesmente por que isto não é coisa que se possa saber. Seguiu-se, ràpida, uma cura completa e permanente.
Alguns anos depois, sofreu um ataque de apendicite aguda. Acudiram quatro médicos, inclusive um cirurgião. Êles haviam sido chamados contràriamente aos desejos expressos do paciente. Êsses homens, depois de cuidadoso exame, declararam necessária uma imediata intervenção cirúrgica. Entretanto, já havia sido tomada uma atitude muito definida a favor da Christian Science, e o amoroso serviço de uma praticista da Christian Science já havia sido contratado. Foi exposto isto aos médicos e êstes relutantemente abandonaram o caso. Durante tôda a noite foi levado a efeito um trabalho científico--cristão. Ao raiar do dia, aquela condição havia desaparecido completamente e a liberdade estabelecida, para espanto dos médicos, que haviam sido informados da cura. Desde então, muitas curas foram experimentadas e testemunhadas, as quais provam que o poder de Deus não conhece nenhum senso de esgotamento, pois nas palavras do hino 96 do hinário da Christian Science:
O poder de que estava cheia a orla
do vestido
é sempre o mesmo.
Na página 165 do seu livro The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany (A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Miscelânea) Mrs. Eddy escreve: "A bondade nunca deixa de receber sua recompensa, pois a bondade faz da vida uma bênção. Como parte ativa de um estupendo todo, a bondade identifica o homem com o bem universal. Dêste modo, cada membro desta igreja pode elevar-se acima da tão repetida pergunta: Que sou eu? para a resposta científica: Sou capaz de comunicar a verdade, a saúde e a felicidade, e esta é a rocha da minha salvação e a razão da minha existência."
