Faz muitos anos, uma meninazinha de nome Sandra morava com os pais num grande e estéril deserto. Ela não tinha irmãos nem irmãs, e por perto não havia nenhuma criança com quem ela pudesse brincar. Naqueles tempos, não existia rádio nem televisão; mas havia um piano de ébano na sala da frente, e a mãe de Sandra costumava tocar e cantar para ela. O melhor de tudo, porém, era que Sandra gostava de cantar hinos do Hinário da Ciência Cristã com sua mãe. Às vêzes, o pai também cantava com elas depois da ceia.
Como por ali não houvesse escola, a mãe ensinava a Sandra, todos os dias, lições escolares e também lia para ela da Bíblia e de Ciência e Saúde por Mrs. Eddy. Muitas e belas foram as curas que todos da família — o pai, a mãe e Sandra — tiveram com essa leitura diária.
Um dia, Sandra adoeceu, e sua mãe leu para ela muitas coisas da Bíblia e de Ciência e Saúde; mas Sandra só piorava. No terceiro dia, depois de uma noite em que passara muito mal, Sandra exclamou: “Meu Deus, por que é que a leitura não me cura? Antes ela sempre me curava.”
A resposta veio-lhe imediatamente ao pensamento sob a forma da seguinte pergunta: “O que é que você está fazendo para combater a doença?”
“Oh”, disse ela, “eu não posso compreender palavras tão importantes. Sou pequena demais.”
Veio-lhe nova resposta, “Você poderia experimentar.”
Sôfregamente, Sandra respondeu: “Sim, eu poderia experimentar.” Ela sentou-se na cama e pegou um exemplar de Ciência e Saúde que estava sôbre a mesa. Ao abrí-lo, fê-lo por acaso na página 71 e ali leu as primeiras três sentenças: “Nada é real e eterno — nada é Espírito — a não ser Deus e Sua idéia. O mal não tem realidade. Não é pessoa, nem lugar, nem coisa, mas simplesmente uma crença, uma ilusão do sentido material.”
Sandra leu e releu, muitas vêzes, essas sentenças. As palavras não eram tão difíceis assim, e ràpidamente lhes apanhou o significado. Tornou-se claro para ela que nada é real a não ser Deus, o bem. O mal não é real. Logo, se êle não é uma pessoa, não podia ser ela. Se não é um lugar, não podia ser seu corpo. Se não é alguma coisa, então não podia ser senão uma ilusão.
Sandra sabia o que era uma ilusão, pois no deserto havia visto, muitas vêzes, a miragem de lagos, árvores e cidades em lugares em que ela sabia não haver senão areia. Sandra pôs-se a ponderar êsse fato sem cessar, quando lhe ocorreu êste pensamento: “Se essa doença é uma ilusão, por que, então, ficas na cama?”
“Naturalmente”, pensou ela, “tenho de levantar-me e andar, como diz a Bíblia.”
Ela levantou-se imediatamente e começou a vestir-se. Não foi fácil. Parecia que estava tão doente como antes, mas tentava ser obediente e continuou a vestir-se. Quando acabou, já não sentia dor.
Tôda contente, correu para a cozinha, onde sua mãe estava cozinhando, e exclamou: “Mãezinha, já não estou doente! Estou com fome. Queres me dar uma fatia de pão com geléia?”
Enquanto a mãe espalhava a geléia numa fatia de pão, Sandra contou-lhe tudo o que havia acontecido, e o coração da mãe encheu-se de gratidão pela cura da filhinha.
Mrs. Eddy escreve em Unity of Good — Unidade do Bem — (p. 2): “As Escrituras declaram que Deus é tão puro de olhos que não pode ver o mal (Habacuque 1:13); mas também declaram que Deus se apieda daqueles que O temem; que não há lugar em que Sua voz não seja ouvida; que êle é ‘socorro bem presente nas tribulações’.” E Jesus disse: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos” (Lucas 10:21).
Enquanto esperavam que o pai chegasse para o almôço, a mãe sentou-se ao piano de ébano na sala da frente a fim de tocar e cantar um hino para ensiná-lo a Sandra. Dêsse modo, expressaram sua gratidão por mais uma prova de que Deus está em tôda parte, até mesmo num grande deserto solitário.
O verso que Sandra aprendeu a cantar naquele dia faz parte do hino n.º 341 do Hinário da Ciência Cristã. Ei-lo:
Quer na doença ou na saúde,
Na carência ou na riqueza,
Se, orando, a Deus procuramos,
Em tôda parte O encontramos.
