Um jovem advogado estava ponderando sôbre um aspecto do procedimento judicial em relação com o seu estudo da Ciência Cristã [Christian SciencePronuncia-se: Crístien Çá'iens.]. Notou êle que, depois de prestados os depoimentos em favor de um cliente, o advogado costuma dizer que dá por encerrada a sua apresentação de provas. Aguarda-se, então, um veredicto.
Quando o Cientista comparou o dar um tratamento científico-cristão com êsse procedimento, aprendeu uma lição interessante, muito embora logo percebesse uma vasta diferença entre os dois modos de proceder. Primeiro, notou que, mesmo após uma apresentação hábil dos fatos num caso judicial, muitas vêzes permanecem certas dúvidas quanto ao desfêcho. Independentemente das infundadas acusações formuladas contra o cliente, o encerramento, por parte do advogado, da apresentação de provas, é, por vêzes, acompanhado de tremor e incerteza no que diz respeito ao terreno por elas abrangido e ao veredicto que será pronunciado. Êle sabe que, no seu caso, trata-se de opinião humana, de emoções humanas e dos limitados padrões humanos de justiça.
A oração científico-cristã, porém, sempre é positiva. O Cientista sabe que, quando sua oração está baseada na compreensão espiritual de Deus e de Sua lei, o resultado evidenciado tem de estar de acôrdo com o Seu propósito. O Cientista aprendeu certas verdades absolutas acêrca de Deus e do homem, e acha, para elas, autoridade na Bíblia. Êle mantém a verdade de que Deus é o mesmo ontem, hoje e para sempre e que o homem é a imagem e semelhança de Deus. Êle afirma que essa imagem e semelhança só pode expressar e comprovar as qualidades de seu Criador, tais como a harmonia, a inteireza, a abundância e a alegria.
Confiando que seu discernimento espiritual dará testemunho dessas verdades, êle não aceita nenhum testemunho da mente carnal, com suas fraudulentas pretensões. Tendo êle apresentado depoimento espiritual, sabe que pode dar por encerrada a sua apresentação de provas. Êle confia no resultado.
Cristo Jesus, o grande Modêlo da humanidade, cuidava de todos os casos de cura como quem tinha autoridade. Êle confiava inteiramente na onipotência e na eterna presença de Deus. Em conseqüencia de sua clara convicção da Verdade, não se deixava enganar pelo testemunho ilusório da mente mortal, e nesse ponto sempre encerrava a sua apresentação de provas. Jamais perdia um caso que lhe era confiado. Êle curava os doentes, ressuscitava os mortos, consolava os aflitos e redimia os pecadores.
Jesus não dependia dos julgamentos da mortalidade — em verdade, o veredicto da mente mortal sempre teria sido negativo — porém, êle tratava com a lei mais elevada, isto é, com a própria totalidade de Deus, o Amor divino, e essa lei espiritual afirmava, invariável e inevitàvelmente, a inocência do homem. É através dessa santa consciência da lei do Amor divino, que sempre está presente com o homem, que se alcança a compreensão da identidade verdadeira do homem e se comprova a grande verdade de que o homem sempre é inocente.
É importante que o Cientista compreenda que o falso depoimento que a mente mortal submete à aceitação dêle, por mais hàbilmente que pareça ter sido submetido, não está apoiado por testemunhas verdadeiras ou por testemunho digno de confiança. A única pretensão à existência que tal falso depoimento abriga, é ser aceito no pensamento humano come se fôsse verdadeiro ou poderoso, do mesmo modo que o único poder do testemunho desonesto e falso num tribunal de justiça humana é sua possível aceitação como realidade pelas partes. Não tem nenhuma importância a prestação de depoimento material sob o disfarce de autoridade médica, de costume ou de opinião humana; se o testemunho está baseado na premissa de que a matéria é substância, não poderá subsistir no tribunal do Espírito.
A pretensão da matéria, ou mente mortal, de que só ela tem poder para propiciar a saúde, a alegria, a prosperidade, a sabedoria, talvez nos intimide ou impressione; essa pretensão, porém, pode ser enfrentada destemidamente e se pode provar que é inverídica em sua própria essência. Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã [Christian Science], faz a seguinte declaração inequívoca dessa verdade (p. 554): “A rigor, não há mortalidade, nem há, propriamente, sêres mortais, porque o ser é imortal, como a Deidade — ou, melhor dito, o ser e a Deidade são inseparáveis.”
A Bíblia relata os acontecimentos que levaram Daniel a ser lançado na cova dos leões. Aí, a imagem da inocência foi de fato falsamente acusada. A mente carnal — o ciúme, a inveja, o ódio à integridade espiritual — tentou fazer com que seu falso testemunho fôsse aceito e, durante algum tempo, parece que teve êxito. Daniel, porém, rejeitou êsse falso testemunho e colocou tôda a sua confiança em Deus. Essa confiança espiritual na presença divina envolveu-o no cuidado protetor do Amor divino, que supriu o veredicto de libertação e preservação. Êle demonstrou que da rejeição do falso testemunho mortal e da firme confiança na lei de Deus, tem que resultar a oração atendida.
Êle anunciou sua vitória ao rei nas seguintes palavras, que também ilustram o requisito espiritual de inculpabilidade (Daniel 6:21, 22): “Ó rei, vive para sempre! O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a bôca aos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dêle; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum.”
Por meio da Ciência Cristã [Christian Science], aprendemos que a nossa verdadeira segurança está baseada numa confiança radical em Deus. Aprendemos que Deus, o Amor divino, é a fonte de todo o bem, e que provê tôda necessidade humana através de idéias espirituais. O que o Amor divino provê sempre é bom e jamais se perde, porquanto a substância do Amor é eterna. Com essa segurança, o Cientista Cristão está apto a permanecer sôbre a base de sua compreensão, sagrada e cheia de devoção, do poder de Deus.
Então êle começa a sentir a presença imediata dêsse poder infinito, que impregna tudo. Êle reconhece a presença de Deus, e êsse reconhecimento elimina a crença num poder separado de Deus. Traz, também, à sua consciência receptiva a convicção de que o homem está, aqui e agora, mantido no afetuoso amor de seu Pai, Deus.
O homem verdadeiro, feito à imagem e semelhança de Deus, sempre está inocente. A crença humana, entretanto, é exonerada por reforma e reparação. Enquanto o pensamento mortal e pecador tem de despertar do mesmerismo que êle mesmo se impôs ou continuar a aceitar o veredicto de sofrimento, o indivíduo que sabe que foi falsamente acusado pela mente mortal tem o direito e o dever de defender-se.
Por certo, Mrs. Eddy percebeu a necessidade de uma ação vigorosa neste sentido. Ela descreve o procedimento da defesa espiritual e seu resultado nas seguintes palavras em Ciência e Saúde (pp. 390, 391): “Erguei-vos na fôrça consciente do Espírito da Verdade, para derrubar o argumento da mente mortal, ou seja, da matéria, que se alinha contra a supremacia do Espírito. Apagai as imagens do pensamento mortal bem como suas crenças na doença ou no pecado. Então, quando fordes entregue ao tribunal da Verdade, ou seja, ao Cristo, o juiz dirá: ‘Estais curado!’ ”