No decurso geral da existência humana, apreciamos devidamente o valor das boas qualidades em todos os setores da atividade humana. O consumidor exige boa qualidade em tôda compra que faz e rejeita mercadoria de qualidade inferior. Do mesmo modo, ao lidarmos com pessoas, damos grande valor às boas qualidades.
Recentemente, por exemplo, um banco publicou um anúncio num jornal diário, pedindo um caixa. O candidato a êsse cargo deveria possuir as qualidades: inteligência, integridade, probidade, amor ao trabalho e maneiras corteses. Evidentemente, o banco não estava interessado em um caixa com corpo atlético ou em um que soubesse trajar-se elegantemente ou conduzir-se em sociedade, mas sim em uma pessoa com qualidades valiosas.
De onde vêm as qualidades desejáveis? Terão sua origem nos homens, ou refletirão uma fonte mais elevada? Na presente era da pesquisa, os homens cuidam ativa-mente de sondar os segredos das maiores alturas e das maiores profundidades, e de descobrir a causa de inúmeros efeitos. Resultaram daí importantes descobertas em muitos setores. No entanto, numerosas pessoas cultas e também menos cultas não são capazes de responder com segurança à questão da origem do bem invisível tão decisivo no caráter humano.
Cantou o salmista (salmo 36:5–8): “A tua benignidade, Senhor, chega até aos céus, até às nuvens, a tua fidelidade... Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! por isso os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas. Fartam-se da abundância da tua casa, e na torrente das tuas delícias lhes dás de beber.”
De acôrdo com as Escrituras, a Ciência Cristã [Christian Science] ensina ser Deus o único criador e tôdas as qualidades, todos os pensamentos e impulsos, bons e valiosos, terem sua origem n'Êle. Na página 286 de Ciência e Saúde, Mrs. Eddy escreve: “As Escrituras declaram que tudo quanto Êle fez é bom, como Êle mesmo — bom em Princípio e em idéia.” A natureza de Deus, Espírito, determina a natureza de Sua imagem e semelhança. Assim, o homem não é nada menos do que a emanação da Mente divina. Deus.
Para podermos compreender Deus em Sua bondade infinita e expressá-Lo mais fielmente, muito se exige de nós. Devemos não só desejar sèriamente inspirar-nos pelo Amor e pela Verdade, mas devemos também rejeitar constantemente os pensamentos, os sentimentos e os hábitos estranhos a Deus. Em razão de sua origem santa, as qualidades divinas, tais como a bondade, a justiça, a saúde, a pureza, a alegria, a firmeza, a força espiritual e a compreensão espiritual, só se podem refletir por uma consciência pura. Nosso grande Mestre, Cristo Jesus, insistiu nessa condição preliminar, no Sermão da Montanha, ao dizer (Mateus 5:8): “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.”
A Ciência mostra a necessidade de modelarmos nossas vidas cada vez mais segundo o caráter divino. Não deve haver meias medidas ou atitudes frouxas, nem transigência com o mal. Deus exige de nós todo o nosso coração. O verdadeiro valor de uma pessoa não se determina pela aparência externa ou pela cortesia superficial, ou ainda pelo intelectualismo humano, e sim pela manifestação do Ser Divino e de sua natureza.
Dá-nos a Bíblia um excelente exemplo dessa verdade. O décimo-sexto capítulo de I Samuel relata que Davi, o menino pastor, foi chamado e ungido rei de Israel. Davi tinha sete irmãos, e o profeta Samuel, que havia recebido a ordem divina de ungir o nôvo rei, fêz com que primeiro os sete irmãos passassem diante dêle.
Entre outras coisas, as Escrituras relatam (versículos 6 e 7): “Sucedeu que, entrando êles, viu a Eliabe, e disse consigo: Certamente está perante o Senhor o seu ungido. Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei, porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração.”
Por isso, todos os sete irmãos passaram diante do profeta, mas a todos faltavam os característicos divinos necessários. Quando, porém, mandaram buscar Davi, o profeta reconheceu imediatamente ser êsse o que Deus havia escolhido, e o ungiu rei.
Os característicos de Deus manifestam-se hoje e para sempre em todas as riquezas da natureza divina. Quem ousa afirmar que o reflexo da natureza divina não pode ser demonstrado nesta era inquieta e material? É o mal mais poderoso? Promete maior êxito do que o bem? Não esperamos que nossos fornecedores sejam honestos, nosso patrão justo e nossos amigos fiéis?
Com a mesma constância, a Ciência do ser afirma incondicionalmente o bem e nega ao mal toda realidade, tôda vida, todo poder, tôda capacidade e até todo direito à existência. Prova a nulidade e a futilidade do mal, que não tem relação alguma com a Deidade e não pertence mais à economia humana do que à divina. Deus não criou o mal e também não conhece o mal.
A distinção entre o bem e o mal, entre o real e o irreal, é um dos pontos mais importantes nesta Ciência. Habilita o estudante a eliminar de sua consciência tudo o que se opõe à Vida e à Verdade, a rejeitar tudo o que não é digno de Deus ou de Seu reflexo, o homem.
Na página 117 de Miscellaneous Writings — Escritos Diversos — nossa venerada Líder declara: “O estudante de Ciência Cristã tem de separar primeiro o joio do trigo; distinguir entre o pensamento, o motivo e o ato inspirado pelo motivo errado e o inspirado pelo verdadeiro — a intenção e a vontade conferidas por Deus — e refrear aquêle e obedecer a êste. Isto o situará no lado direito da prática. Sempre sabemos onde procurar o verdadeiro Cientista e ali sempre o encontraremos.”
O Cientista Cristão sabe que Deus é bom e que o bem não se une ao mal, quer no homem quer no universo. O Cientista está em harmonia com sua origem divina tão só quando compreende que o homem reflete o bem divino.
A todos cujos corações a Êle se volvem com humildade e compreensão, o único onipotente que tudo ama, confere grande soma de bem e de felicidade. Oferece-lhes amor em abundância; dá-lhes uma medida cheia de fôrça e de saúde, de modo a não haver lugar para a fraqueza ou a doença. Conforme escreveu Paulo em sua epístola aos Filipenses (4:8): “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”