Nos segundo e terceiro capítulos do Apocalipse há sete mensagens às sete igrejas na Ásia. Cada uma das sete igrejas representa um aspecto diferente da organização eclesiástica e mostra o que acontece quando um grupo de pessoas forma uma igreja. As mensagens de João a essas igrejas aparecem como admoestações; todavia, como ele próprio diz não ser o autor, e sim o transcritor do que lhe aparece como revelação, as mensagens às igrejas podem ser consideradas um roteiro ou guia para todos nós.
Quatro das igrejas descritas por João haviam trabalhado muito, prosperado e sido fiéis, mas uma delas tinha perdido o senso de amor atuante que outrora possuíra; alguns membros de uma segunda igreja estavam-se tornando idólatras; uma terceira estava permitindo entrasse em suas atividades a dominação pessoal; e a quarta, satisfeita com suas realizações e desenvolvimento de então, repousava sobre os louros conquistados. Das três últimas, João achou que uma estava mesmerizada pela crença em miséria, pobreza e difamação; uma outra aparentava prosperidade e era superficial, porque estava realmente adormecida; e ainda a uma outra, a que ficava em Filadélfia, fora prometida proteção por sua fidelidade; mas João a advertiu como segue: “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (3:11).
O mais importante dessas mensagens é que cada uma delas termina com uma promessa de recompensa “ao vencedor”. A vitória é do indivíduo e, naturalmente, o trabalho é também do indivíduo.
Mary Baker Eddy, que descobriu e fundou a Ciência CristãChristian Science — pronuncia-se: Cristian Çai'ens., fala com certa minuciosidade sôbre as mensagens de João às sete igrejas. Ela diz, em sua Mensagem a A Igreja Mãe, em junho de 1900: “Amados, quem tem ouvidos (que discirna espiritualmente), ouça o que o Espírito diz às igrejas; e investigue o significado divino da visão do Revelador — e nenhum outro. Note sua inspirada censura a todas as igrejas, exceto a de Filadélfia — nome que significa “amor fraternal” (p. 14).
O crescimento e progresso de uma filial da Igreja de Cristo, Cientista, está em proporção exata ao crescimento e progresso espiritual de seus membros. Portanto, se não estamos progredindo como desejaríamos, quer individualmente, quer como igreja, bem podemos perguntar-nos a nós próprios se estamos cumprindo os requisitos que João esboçou em suas mensagens: Estou amando tanto quanto posso? Estou tendo um só Deus? Estou-me permitindo dominar outras pessoas — ou ser dominado por alguém, renunciando assim aos direitos de minha individualidade? Estou ficando satisfeito comigo mesmo quanto aos meus negócios e aos de minha igreja? Estou sendo mesmerizado por crenças de falta de algum bem na igreja ou fora dela? Sou obediente e fiel em meu trabalho em prol da igreja, permanecendo vigilante para não adormecer na apatia ou falta de entusiasmo?
Mrs. Eddy assim define “Igreja”, em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (p. 583):
“A estrutura da Verdade e do Amor; tudo o que assenta no Princípio divino e dêle procede.
“A Igreja é aquela instituição que dá provas de sua utilidade e que vem elevando a raça, despertando de suas crenças materiais a compreensão adormecida para que perceba as idéias espirituais e demonstre a Ciência divina, expulsando assim os demónios, ou êrro, e curando os doentes.”
Cada membro da igreja é elevado na direção do Espírito segundo a justeza de seu conceito de Igreja. Como podemos servir abnegadamente a Igreja, assim definida, baseando nossos pensamentos e atos naquilo que “assenta no Princípio divino e dele procede”, sem nos elevarmos em nossa experiência pessoal?
A cooperação em prol da meta comum, de crescimento e progresso da igreja, traz a todo membro uma bênção individual em que êle experimenta crescimento e progresso. Cada membro precisa solver em sua própria consciência qualquer problema que se apresente como problema da igreja.
O Cientista vigilante jamais cairá na armadilha posta pela mente mortal, de crer que êle já cumpriu seu tempo no trabalho da igreja ou que se desenvolveu mais do que a Igreja. O estudante prudente sabe que não pode separar-se da Igreja, e inclui em sua consciência a ideia correta de Igreja, baseando a atividade de sua própria vida naquilo que “assenta no Princípio divino e dele procede”.
Precisamos da Igreja, individual e coletivamente. Ela está aqui para o nosso desenvolvimento, para o nosso progresso na Ciência Cristã.
Se cada membro se tornar cada vez mais cônscio do que é a Igreja real como nossa Líder a define, os pormenores da organização material e a direção dos negócios da igreja tornar-se-ão harmoniosos e espontâneos, do mesmo modo que nossos corpos funcionam mais regularmente quando volvemos o pensamento do sentido material da personalidade para a nossa identidade espiritual.
A função principal de uma Igreja de Cristo, Cientista, consiste em estabelecer e promover uma compreensão mais ampla acêrca do fato de Deus ser Tudo, da condição permanente do homem como filho de Deus em sua unidade com o Pai, e da consequente irrealidade e impotência do mal. Onde estabelecer e promover essa compreensão? Primeiro, na consciência de cada membro da igreja e, então, inevitàvel-mente, na comunidade.
Ao elevar-se a compreensão individual do membro da igreja a uma visão melhor, mais clara, da Igreja, de seus confrades e dêle próprio, cada uma das filiais existentes em todo o mundo realizará a esperança que a Fundadora de nossa Igreja expressou quando escreveu à igreja sediada em Concord, New Hampshire (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany — A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Miscelânea, p. 155): “Possa essa igreja ter o Deus único, o Cristo único, e êsse único seja o Deus e Salvador que as Escrituras proclamam. Possa essa igreja ouvir o primeiro toque de clarim, andar com o século vinte, abandonar as coisas ultrapassadas, renunciar aos louros desprezíveis da vanglória e, acelerando a marcha da Verdade, participar, com alegria, saúde e pureza, na corrida pela senda que lhe foi apresentada, até encontrar, por fim, no lar, a plena fruição do objeto de sua fé, esperança e oração.”
Assim, pois, cada membro da igreja será um representante da Verdade e do Amor, demonstrando a praticabilidade da Ciência Cristã em todos os seus negócios. Reconhecer-se-á então como o filho de Deus e proclamará ao mundo, alegremente, a verdade, a Ciência Cristã, através da atividade própria da igreja. Procederá conforme a determinação de Paulo em sua primeira epístola aos Coríntios (14:12): “Assim também vós, pôsto que desejais dons espirituais, procurai progredir, para a edificação da igreja.”