Os homens acreditaram durante séculos que o homem nasce de pais humanos, tem um corpo material, vive num universo de matéria e está sujeito não apenas a um Deus bom, senão também aos caprichos e às leis de um outro poder. Há mais de cem anos atrás Mrs. Eddy revelou ao mundo que o homem não é um mortal e que a matéria, que é transitória e é o oposto do Espírito, Deus, é irreal.
A Bíblia nos diz que Deus enche todo o espaço, é o único poder, o único legislador, o Pai de todos nós. A fim de nos identificarmos como homem da criação de Deus, tal como Cristo Jesus o fêz, temos de abandonar tôdas as crenças de que há vida na matéria e tornar visível a perfeição da idéia de Deus, conforme a Ciência Cristã o revela.
Na página 542 de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, nos ajuda a ver que temos de pôr um paradeiro à crença de sermos responsáveis pelas ações de outros. Diz ela: “Que a Verdade ponha a descoberto o êrro e o destrua do modo como Deus o destrói, e que a justiça humana imite a divina. O pecado receberá o pleno castigo que merece, tanto pelo que é como pelo que faz.” Deus nunca deixa de cuidar daqueles que lhe pertencem. Nossa única responsabilidade é, portanto, a de montar guarda aos nossos pensamentos.
Permitiremos, porventura, que aquilo a que chamamos amor por nosso marido, ou por nossa espôsa, por filhos ou amigos nos dê a impressão que é a nós que compete, de alguma maneira, transformar êsses entes queridos, e pensar que assim estamos ajudando a êles? Em realidade, amar alguém significa libertá-lo e confiá-lo aos cuidados constantes de Deus. O amor compassivo é sempre desprendido. Nenhum medo, nenhum pensamento ansioso, e nenhum errôneo senso de responsabilidade pode fazer parte do verdadeiro amor. O Amor é libertador. Jamais causa angústia ou confinamento.
Estará o mêdo, por acaso, dominando nosso pensamento, paralizando nossa liberdade de planejar, de agir, de ser calmos? Acaso tememos que alguma coisa possa acontecer à nossa saúde, à nossa felicidade ou ao nosso suprimento? Estaremos dando forma, no nosso pensamento, a alguma coisa que não existe? E estaremos dando-lhe poder para governar aquilo que fazemos? Isto nos impede de tentarmos fazer aquilo que realmente gostaríamos de fazer e deveríamos fazer.
Existiria na consciência do bem algum lugar para o mêdo se aninhar? Será que Deus, que é todo o bem, faz com que Sua idéia, o homem, seja consciente daquilo que é dessemelhante do próprio Deus, daquilo de que Deus mesmo não sabe coisa alguma? Deveríamos abandonar a mente mortal, a qual tenta obstruir a ação correta com sua pretensão de inação, de ação dolorosa, ou de ação parcial, e compreendermos o contrôle que Deus tem sôbre tudo e todos. Assim aprendemos a eliminar da consciência humana o mal e tôdas as suas falsas crenças.
Será que temos medo porque duvidamos do poder de Deus, ou julgamos que nos falta a compreensão para valer-nos dêsse poder? Como é possível que duvidemos do poder de Deus quando repetidamente nos ensinaram que Deus é o único poder, que Êle enche todo o espaço, e que Êle é todo o bem? A percepção espiritual é inerente ao homem. A compreensão dessa verdade aumenta à medida que expressarmos em maior proporção as qualidades semelhantes a Deus, tais como o amor, a consideração, a honestidade, o desprendimento em nossos contactos com outros, e ficarmos assim a par com a fonte de todo o bem que estamos expressando.
O mêdo não é bom; daí sabemos que Deus não o fêz. Desde que Deus não é seu criador, o mêdo não faz parte da criação espiritual, real, a única criação. O Apóstolo João escreveu: “No amor não existe mêdo; antes, o perfeito amor lança fora o mêdo. Ora, o mêdo produz tormento; logo, aquêle que teme não é aperfeiçoado no amor” (I João 4:18). Qual é o antídoto para o mêdo? É o amor. Porque, então, não abandonarmos o mêdo e reivindicar a calma convicção de uma compreensão de que Deus é Tudo, e que Êle é a bondade?
Temos, acaso, a crença de que, embora não tenhamos culpa, nascemos sem qualquer talento especial, somos aparvalhados e lentos em aprender? Somos, talvez, invejosos ou até ressentidos porque outros sabem cantar, pintar ou escrever ou são extraordinários em alguma vocação especial?
Por outro lado, será que temos uma opinião muito lisonjeira acêrca de nós mesmos e pensamos que somos um pouco mais espertos, que temos mais êxito, que somos mais talentosos e temos todo o mérito? Essas duas formas de pensar estão erradas, pois assim cremos num eu separado de Deus.
Em qualquer dêsses dois casos a Ciência Cristã requer que abandonemos essa estimativa limitada ou pessoalizada acêrca de nós mesmos e que reconheçamos Deus como a fonte de todo o bem. Deus nos deu o poder de expressar Suas qualidades, e é nosso dever expressá-las. Ninguém pode privar outra pessoa de expressar essas qualidades de Deus tais como a inteligência, a virtude e a inspiração, pois são infinitas, ilimitadas e estão em tôda parte. Não há, realmente, outra coisa a ser refletida ou expressada. Deus é sempre expresso através do homem real.
À medida que compreendemos isso, perdemos tôda noção de falsa responsabilidade e abandonamos a tentativa de sermos criadores ou originadores. O homem simplesmente reflete aquilo que já é, e êsse reflexo se faz agora e sempre. A herança do homem é gloriosa e ilimitada, sua alegria é incomensurável.
Será que estamos nutrindo na consciência um ódio por alguém ou por alguma coisa? Estaremos rememorando sempre uma ofensa ou uma injustiça, remoendo-as outra vez e mais outra, até que se apresentem infladas e pareçam ser coisa enorme? E será que êsse modo de pensar inflamado está se expressando em nosso corpo ou vivência de uma maneira devoradora ou destrutiva? Temos de ver-nos como a expressão de Deus, o Amor; precisamos cessar de odiar e começar a amar.
Não é suficiente que amemos esporàdicamente. É o amor coerente, persistente, que expressa a natureza de Deus e faz calar o ódio. Mrs. Eddy diz-nos à página 225 de Ciência e Saúde: “O Amor é o libertador.” E de fato é. Precisamos amar, amar, amar. Isso elimina de nossas vidas tudo quanto é dessemelhante ao Amor.
A fim de demonstrar nossa unidade com Deus e experimentarmos a abundância do bem que Deus tem para tôdas as Suas idéias, precisamos abandonar tôda crença de vida na matéria. Precisamos silenciosa e obedientemente dar ouvidos à voz de Deus, submetendo nossos próprios desejos e vontades à Sua vontade, e empenhar-nos por expressar Deus. Precisamos fazer o bem, e precisamos amar.